Autor: Gustavo

  • Junto com Katy Perry, Embrapa envia ao espaço plantas de batata-doce e grão-de-bico

    Junto com Katy Perry, Embrapa envia ao espaço plantas de batata-doce e grão-de-bico

    Mais do que uma tripulação estrelada, composta exclusivamente por mulheres, o voo suborbital da Blue Origin, lançado segunda-feira, (14/4), levou na bagagem plantas de batata-doce das cultivares Beauregard e Covington; e sementes do grão-de-bico BRS Alepp, desenvolvido por cientistas brasileiros nos programas de melhoramento genético da Embrapa. O voo lançou a nave New Shepard para uma viagem de turismo espacial com 6 mulheres a bordo, entre elas, a cantora Katy Perry.

    A pesquisa com essas duas espécies em condições espaciais integra as ações da Rede Space Farming Brazil , parceria entre a Embrapa e a Agência Espacial Brasileira ( AEB ), que reúne as principais pesquisas no País sobre a produção de alimentos em ambientes fora da Terra, com alta radiação e baixa gravidade. A inclusão do material brasileiro no voo foi viabilizada por um convite da Winston-Salem State University (WSSU), no estado da Carolina do Norte, EUA. A astronauta que conduzirá os experimentos com as sementes brasileiras, Aisha Bowe, é ex-cientista de foguetes da WSSU e mantém parceria com a Odyssey, empresa de operações e ciências espaciais da universidade que viabilizou os experimentos na missão da Blue Origin.

    A batata-doce e o grão-de-bico foram escolhidos porque reúnem vantagens agronômicas e nutricionais, quando se considera os desafios tecnológicos e científicos de cultivar plantas no espaço. Elas são espécies adaptáveis e resilientes, de rápido crescimento e fácil manejo, que conseguem se desenvolver bem em condições adversas, mesmo com o mínimo aporte de insumos ao longo do ciclo de produção.

    Como contribuição para a dieta de astronautas, a batata-doce é uma fonte de carboidratos de baixo índice glicêmico e suas folhas oferecem uma alternativa de consumo como proteína vegetal. “As raízes da batata-doce produzem compostos bioativos que promovem a saúde humana, pois atuam como poderosos antioxidantes naturais que inibem a ação de radicais livres no organismo. Esse consumo é especialmente valioso em ambientes expostos à radiação, como nas condições da Lua, de Marte ou na Estação Espacial Internacional”, explica a engenheira-agrônoma Larissa Vendrame , pesquisadora da área de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF).

    As batatas-doces que serão avaliadas nesta fase da pesquisa são a cultivar Covington, desenvolvida pela North Carolina State University (EUA); e a cultivar Beauregard , obtida pela Louisiana State University (EUA) e registrada no Brasil pela Embrapa, como instituição mantenedora. Ambas as cultivares possuem polpa alaranjada, indicativo da presença de betacaroteno, um pigmento natural que é precursor da provitamina A no organismo humano, e cujo consumo traz benefícios para a saúde dos olhos e da pele.

    Conhecido como o grão da felicidade, a escolha do grão-de-bico considera seu alto teor de proteínas. “A cultivar BRS Aleppo foi eleita para essa missão em função de seu alto valor nutricional e pela alta adaptabilidade do cultivo”, pondera o pesquisador Fábio Suinaga , da área de melhoramento genético vegetal da Embrapa Hortaliças.

    A busca no espaço por respostas para a Terra

    A pesquisa com grão-de-bico busca desenvolver plantas mais produtivas, com menor altura e ramificações mais eretas, um porte mais adequado às limitações do ambiente espacial. “Estamos planejando submeter sementes de grão-de-bico à radiação Gama e aos nêutrons, que atuam como geradores de variabilidade genética, da mesma forma que os cruzamentos realizados em laboratório e campos experimentais”, explica Suinaga, ao aventar a possibilidade de achar, ao longo desse processo, plantas mais precoces e resistentes.

    O cultivo de plantas no espaço demanda tanto o desenvolvimento de sistemas de produção sem solo ou com regolito (“solos”) lunares e marcianos, quanto cultivares selecionadas para condições de baixa disponibilidade de água e nutrientes. Segundo Vendrame, esses desafios são também demandas reais do setor produtivo de batata-doce para as condições de cultivo nas lavouras brasileiras. “Contamos com uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de ponta que compõem a Rede de Agricultura Espacial Brasileira, por isso, a expectativa é obter novas cultivares com as características desejadas de modo mais rápido a partir de uma pesquisa inovadora”, conclui.

    A pesquisa em agricultura espacial deve acelerar o melhoramento genético e trazer inovações para a agricultura praticada na Terra, especialmente com o avanço das mudanças do clima. Além disso, espera-se alcançar diversos impactos, os chamados spin-offs, capazes de promover saltos no conhecimento agronômico brasileiro e gerar novas tecnologias.

    “Muitos são os exemplos de soluções espaciais que tiveram aplicações no cotidiano das pessoas. A NASA já publicou mais de duas mil dessas tecnologias que são utilizadas no nosso dia a dia, como telas de celulares, ferramentas sem fio, termômetros com infravermelho, comida desidratada, etc. Da mesma forma, podemos avançar muito em tecnologias modernas para auxílio na agricultura brasileira, usando inteligência artificial na irrigação, melhoria e adequação de plantas em cultivo indoor, novas cultivares mais tolerantes à seca, mais eficientes no uso da energia ou mais adaptadas aos desafios impostos pelas mudanças climáticas, mais produtivas e mais nutritivas”, destacou a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Alessandra Fávero, que coordena a Rede Space Farming Brazil.

    A idealização do experimento foi feita por pesquisadores de diversas instituições participantes da rede. No retorno das amostras ao Brasil, cientistas da rede se juntarão para avaliar o material recebido.

    A rede de agricultura espacial brasileira

    A rede Space Farming Brazil foi criada para inovar na produção de alimentos em ambientes fora da Terra. Este grupo de cientistas está trabalhando no desenvolvimento de sistemas de produção adaptáveis ao espaço, buscando soluções para desafios complexos, garantindo a produção de alimentos em condições de elevada radiação, baixa gravidade e ausência de solo.

    Em novembro de 2023, foi firmado um protocolo de intenções entre a Embrapa e a Agência Espacial Brasileira (AEB) em prol da participação do País no Programa Artemis, da Nasa, que reúne projetos de colaboração internacional. Desde então, a Embrapa atua como provedora de dados, tecnologias e produtos que serão usados tanto no espaço quanto no dia a dia da sociedade brasileira, gerando novas oportunidades para superar desafios como o das mudanças climáticas, novas formas de produção e cultivares adaptadas a condições extremas e a novos mercados.

    Atualmente, a Rede é composta por 56 pesquisadores de 22 instituições diferentes: Agência Espacial Brasileira ( AEB ), Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo ( Cena-USP ), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ( Embrapa ), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo ( Esalq-USP ), Instituto Agronômico ( IAC ), Instituto de Estudos Avançados ( IEAv ), Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo ( IGc-USP ), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( Inpe ), Instituto de Química da Universidade de São Paulo ( IQ-USP ), Instituto Tecnológico de Aeronáutica ( ITA ), Florida Tech University ( FIT ), Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos ( PITSJC ), Universidade da Flórida ( UFl ), Universidade de Newcastle ( NCL ), Universidade Federal do ABC ( UFABC ), Universidade Federal de Lavras ( Ufla ), Universidade Federal de Pelotas ( UFPel ), Universidade Federal do Rio Grande do Norte ( UFRN ), Universidade Federal de São Carlos ( UFSCar ), Universidade Federal de Santa Maria ( UFSM ), Universidade Federal de Viçosa ( UFV ) e Winston Salem State University ( WSSU ).

  • Brasil exporta US$ 15,6 bilhões em produtos do agronegócio em março

    Brasil exporta US$ 15,6 bilhões em produtos do agronegócio em março

    O Brasil registrou, em março de 2025, o segundo maior valor de exportações do agronegócio para o mês desde o início da série histórica. Foram exportados US$ 15,6 bilhões. O resultado representa um aumento de 12,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, com o setor respondendo por 53,6% de todas as exportações brasileiras no mês. O avanço foi impulsionado principalmente pelo aumento dos volumes exportados, que cresceram 10,2%, enquanto os preços internacionais apresentaram alta de 2,1%.

    Para o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o agronegócio brasileiro tem se consolidado como um dos principais motores da economia nacional. “Esses números confirmam que estamos promovendo o crescimento do agro com responsabilidade, sustentabilidade e com os olhos voltados para novos mercados e oportunidades para produtos com maior valor agregado”, afirmou o ministro.

    Entre os principais produtos exportados no mês estão a soja em grãos – US$ 5,7 bilhões (+7%), café verde – US$ 1,4 bilhão (+92,7%), carne bovina in natura – US$ 1,1 bilhão (+40,1%), celulose – US$ 988 milhões (+25,4%) e carne de frango in natura – US$ 772,3 milhões (+9,6%).

    Além dos produtos tradicionais, o governo brasileiro vem impulsionando oportunidades em segmentos com forte potencial de crescimento. Por meio de novos avanços, itens como gelatinas, café solúvel, óleo essencial de laranja, pimenta-do-reino e rações para animais domésticos atingiram recordes de exportação e podem ganhar maior protagonismo nos próximos meses, especialmente em mercados da Ásia, Europa e América do Norte.

    No acumulado do primeiro trimestre de 2025, as exportações do agronegócio brasileiro totalizaram US$ 37,8 bilhões, aumento de 2,1% quando comparado ao ano anterior, o maior valor já registrado para o período. O superávit do setor no trimestre foi de US$ 32,6 bilhões, um crescimento de 2,1% em relação ao mesmo período de 2024. China, União Europeia e Estados Unidos seguiram como os principais destinos, respondendo juntos por mais da metade das exportações do setor. Países asiáticos como Vietnã, Turquia, Bangladesh e Indonésia também registraram aumento expressivo nas compras de produtos como soja, algodão, celulose e carnes.

    O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luís Rua, destacou o compromisso do governo em ampliar a presença internacional dos produtos brasileiros. “Os resultados de março demonstram o fortalecimento do agronegócio brasileiro no exterior, em um contexto de crescentes tensões comerciais, com foco na segurança alimentar global. A ampliação da presença em mercados de nicho, por meio de produtos de maior valor agregado, reflete uma estratégia comercial que valoriza a escuta ativa das demandas dos setores produtivos. Ao oferecer alimentos com sanidade, qualidade e competitividade, o Brasil se consolida como parceiro confiável”, afirmou.

    A expansão das exportações de produtos não tradicionais e a abertura de novos mercados, mantendo ou ampliando a oferta interna, fortalecem significativamente a economia brasileira. Esse processo estimula a geração de empregos e renda, atrai divisas, diversifica os parceiros comerciais e reduz a exposição a riscos econômicos. Também valoriza os produtos nacionais, incentiva investimentos em inovação e sustentabilidade e consolida relações estratégicas no cenário internacional. Assim, o Brasil amplia sua presença global e reforça sua competitividade.

    Os avanços refletem o trabalho conjunto entre os setores público e privado, com foco na abertura de mercados, segurança sanitária e promoção comercial.

     

     

  • Em Santos, Mapa destaca importância da melhoria dos controles da qualidade na exportação de grãos

    Em Santos, Mapa destaca importância da melhoria dos controles da qualidade na exportação de grãos

    Representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) defenderam em Santos (SP) a melhoria nos controles de qualidade e de rastreabilidade na cadeia de exportação de grãos. Para isso, a implementação dos controles previstos na Lei 14.515/22, conhecida como Lei do Autocontrole, na recepção dos terminais portuários de embarque é fundamental para a cadeia produtiva brasileira. Eles participaram nesta quinta-feira (10) do 1º Santos Grain Day 2025, na Associação Comercial de Santos.

    O evento reuniu associações de produtores, exportadores, certificadores e representantes do Poder Público. O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária, Hugo Caruso, fez questão de dizer que a exportação de grãos do país é responsabilidade de todos os envolvidos na cadeia. “O Dipov é responsável pelo controle da qualidade, da identidade e da segurança dos produtos de origem vegetal. Se você quer manter esse nível de exportação, temos que zelar pela qualidade”, disse ele.

    Caruso destacou a necessária observação às normas brasileiras, bem como dos países de destino, para garantia dos mercados compradores. “O primeiro passo é o registro das empresas que exportam. Todas as empresas precisam ter um programa de autocontrole para garantir que os produtos estejam em conformidade”, afirmou. Segundo ele, o Mapa verifica as condições da empresa na ocasião do registro e por meio de auditorias nas empresas e nas supervisões de embarques nos terminais.

    O diretor afirmou ainda que apenas na área de qualidade vegetal, são cerca de 6 mil empresas registradas no Mapa. Cerca de metade delas têm habilitação para exportação. “É um volume grande de empresas que estão sob o controle do ministério”, falou. Caruso esteve acompanhado da coordenadora-geral da Qualidade Vegetal, Helena Pan Rugeri, e da coordenadora de Regulamentação da Qualidade Vegetal, Karina Fontes Coelho Leandro.

    O Mapa também apresentou o sistema e-Phyto, uma ferramenta de certificação eletrônica utilizada nas relações comerciais entre os principais mercados do mundo. Segundo Eduardo Porto Magalhães, coordenador-geral da Certificação da Secretaria de Defesa Agropecuária, o e-Phyto tem facilitado o processo de certificação fitossanitária porque padroniza a troca de informações a um custo menor.

    O subsecretário de Tecnologia da Informação (STI) do Mapa, Camilo Mussi, também apresentou aos participantes os avanços que a instituição vem obtendo na área com a informatização de processos e o abandono do papel. “É um processo sem volta, uma mudança radical”, afirmou. Entre os exemplos dessa modernização, além da certificação eletrônica, Mussi destacou a agilidade de registro de estabelecimentos no Sistema de Inspeção Federal (SIF) simplificado.

    Também estiveram no evento coordenadores do Sistema de Vigilância Agropecuária (Vigiagro), como o coordenador-geral, Cleverson Freitas; o coordenador de Fiscalização do Trânsito Regular, José Marcelo Mazieiro; o chefe do Serviço Regional de Gestão do Vigiagro na região sudeste, Celso Gabriel Herrera Nascimento. O superintendente do Mapa em São Paulo, Estanislau Steck, acompanhou o evento.

     

  • Exposição explora diversidade da produção artística afro-brasileira

    Exposição explora diversidade da produção artística afro-brasileira

    Afro-brasilidade, uma homenagem a dois Valentins e a um Emanoel, é o título da quinta exposição da FGV Arte, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. A mostra reúne mais de 300 obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias e documentos históricos.

    Com ênfase na produção artística afro-brasileira, a exposição apresenta diferentes perspectivas de representação cultural, evidenciando a pluralidade e a riqueza da arte produzida por grandes nomes como Aleijadinho, Mestre Athaíde e Mestre Valentim, e criações contemporâneas de Rosana Paulino, Felippe Sabino, Lucia Laguna e Sérgio Vidal, entre outros.

    A mostra tem curadoria de Paulo Herkenhoff e João Victor Guimarães e fica em exibição até agosto de 2025. O acesso à galeria é gratuito e a exposição terá uma programação educacional, incluindo palestras, minicursos, seminários e oficinas. Segundo Guimarães, a mostra homenageia Mestre Valentim, Rubem Valentim e Emanoel Araújo.

    “Temos um entendimento de que a produção da arte brasileira se alimenta da produção das artes afro-brasileiras que estão há alguns séculos se construindo, embora nem sempre ocupando os espaços devidos e correspondentes à qualidade, destreza e magnitude dessas produções”, afirmou o curador adjunto.

    Paulo Herkenhoff, em sua curadoria, destacou a justaposição e a complexidade histórica da arte afro-brasileira, trazendo uma abordagem que não esconde o período escravista do país.

    “A exposição foi concebida como um tecido que se expande e se entrelaça, conectando diferentes tempos, territórios e perspectivas. A mostra transita desde o pano da costa, elemento presente nos rituais da vida africana, até esculturas históricas que dialogam com a ancestralidade”, disse Herkenhoff.

    Rio de Janeiro (RJ), 10/04/2025 – Exposição Afro-brasilidade, uma homenagem a dois Valentins e a um Emanoel na FGV Arte, na zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Exposição Afro-brasilidade, uma homenagem a dois Valentins e a um Emanoel na FGV Arte, na zona sul do Rio de Janeiro. Tomaz Silva/Agência Brasil

    A literatura brasileira também tem destaque em Afro-brasilidade, homenagem a dois Valentins e a um Emanoel. Além da homenagem a Machado de Assis, composta de um retrato e de um manuscrito, a escritora Carolina Maria de Jesus tem reproduzido, em uma parede inteira, o conhecido diálogo com Clarice Lispector, retratado por Paulo Mendes Campos.

    Amplitude geográfica

    A concepção de culturas afro-brasileiras, no plural, foi pensada pelos curadores de acordo com as diferenças geográficas. A coletiva reúne artistas e pensadores que fundamentam o que se pode compreender como afro-brasilidade no plano nacional. Segundo João Victor Guimarães, a prioridade é destacar artistas fora do mercado sudestino, como os artistas baianos e nordestinos:

    “Nós temos obras de artistas de diversos estados do Brasil. As identidades afro-brasileiras se manifestam de diferentes formas em diferentes regiões. Então, atendendo a esse entendimento, buscamos uma ampliação geográfica para a exposição. Além, claro, da destreza técnica, da coerência da produção, da relevância de cada artista, porque nós entendemos que são desses trabalhos que a exposição é feita”, completa Guimarães.

    Além da pluralidade territorial, a mostra se preocupa em resgatar do esquecimento artistas historicamente marginalizados no circuito artístico. É o caso, como afirmou Paulo Herkenhoff, da tela inédita da artista gaúcha Maria Lídia Magliani, My baby just cares for you, nunca exposta ao público.

    Rio de Janeiro (RJ), 10/04/2025 – Exposição Afro-brasilidade, uma homenagem a dois Valentins e a um Emanoel na FGV Arte, na zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Exposição Afro-brasilidade, uma homenagem a dois Valentins e a um Emanoel na FGV Arte, na zona sul do Rio de Janeiro Tomaz Silva/Agência Brasil

    Serviço

    Afro-brasilidade, homenagem a dois Valentins e a um Emanoel

    Quando: Terça a sexta, das 10h-20h, sábado e domingo, das 10h-18h; Em cartaz até agosto de 2025

    Onde: Praia de Botafogo, 190.

  • Aves beijoqueiras estão ameaçadas no Cerrado, diz pesquisador

    Aves beijoqueiras estão ameaçadas no Cerrado, diz pesquisador

    O beijo mais famoso da natureza vive sob ameaça no Cerrado. Quem corre risco é o beija-flor, que busca o néctar de uma planta e depois espalha o pólen pela mata. Desmatamento e mudanças climáticas são vilões modernos e concretos contra essa “cena de amor” tão natural. O alerta é do biólogo e fotógrafo da natureza Marcelo Kuhlmann.

    Depois de 10 anos de pesquisa e imersão pelo bioma, considerado o “berço das águas”, Kuhlmann registrou nada menos do que 41 espécies da ave, o que resultou em um livro de 750 páginas, Cerrado em Cores: Flores Atrativas para Beija-Flores, fruto desses flagrantes que realizou na “savana mais rica do mundo”.

    Neste domingo (13), Dia do Beijo, as ameaças sofridas por essas pequenas aves não são nada românticas.

    “É um livro robusto, com 750 páginas, e decidi organizá-lo de forma didática, de acordo com as cores das flores e sua época de floração”, afirmou o pesquisador.  O trabalho foi publicado de forma independente pela própria editora do autor, a Biom Field Guides, produzida com capa dura e acabamento especial. O livro contou com financiamento coletivo para ser impresso.

    Ameaças

    Para Kuhlmann, a maior ameaça para o Cerrado é o desmatamento, principalmente voltado para o agronegócio. “Apesar de toda a sua importância para a economia do Brasil, não está sendo feito de uma forma totalmente sustentável”.

    O pesquisador lamenta que, nos últimos 70 anos, o país perdeu mais da metade da vegetação nativa do bioma. “Quando eu viajo pelo Cerrado, atrás dessas permanências de vegetação nativa, passo horas por monoculturas, de soja e de milho, a perder de vista. Isso coloca em risco toda a biodiversidade.”

    Em seus estudos, Kuhlmann avalia ser necessário acompanhar os efeitos das mudanças climáticas sobre essas aves, porque o período de floração das plantas pode alterar o comportamento delas.

    “Cada espécie tem um período certo para florescer. Se a gente, por exemplo, quer manter uma população de polinizadores, como os beija-flores, é preciso que haja flores ao longo de todo o ano”.

    O biólogo explica que, apesar de serem ativos durante todo o dia, os beija-flores são animais diurnos, principalmente nos períodos mais frios do dia. A quentura do dia pode afetar, inclusive na competição dos recursos florais com outros animais, como as abelhas.

    Olhos poderosos

    A pesquisa de Kuhlmann buscou inicialmente identificar as espécies de beija-flores que ocorrem no Cerrado e quais flores atraem as aves. Em uma pesquisa, Kuhlmann e outros estudiosos descobriram uma espécie de bromélia na Chapada dos Veadeiros que estava toda florida e alaranjada cercada de beija-flores. “Isso me chamou a atenção. Desde essa época, eu venho querendo saber mais quais são as flores que mais atraem.”

    Ele explica que, no bioma cerrado, ocorrem 41 espécies de beija-flores das 89 que já foram encontradas no Brasil.

    “Temos as espécies que são mais frequentes, que ocorrem em todo o bioma, e outras espécies, mais raras, de ocorrência apenas localizada, como as que ocorrem na Serra do Espinhaço.”

    Kuhlmann destaca o fato de o beija-flor ter uma visão de cores muito aguçada e desenvolvida. “São animais que conseguem enxergar até ultravioleta e têm um espectro visual de cores muito maior que o nosso.”

    Flores coloridas e chamativas têm esse efeito de atração de beija-flores e de outras aves. “Mas também flores pequenas e discretas também atraem animais. Isso me chamou a atenção durante o estudo.”

    Uma constatação é que a paquera dos beija-flores no Cerrado visa uma maior variedade de flores, de todos os formatos e tamanhos e de todas as cores. O motivo é que, além das cores, o beija-flor vai direto ao assunto: atrás de néctar.

    Poderosos plantadores

    Segundo o pesquisador, beija-flores são fundamentais polinizadores. Eles atuam nesse serviço ecológico para as plantas do Cerrado em conjunto com diversos outros animais, como as abelhas, mariposas, borboletas e morcegos.

    Muitas das flores que os beija-flores visitam também são atrativas para outros animais polinizadores. No Cerrado, a estimativa é que, de 80% a 90% das espécies nativas do bioma, dependem de animais para a polinização das flores. “No livro, eu registrei aqui mais de 300 espécies nativas que atraem beija-flores. Dessas 300, pelo menos 100 dependem mais dos beija-flores

    Bico doce

    O formato do bico dos beija-flores varia, conforme explica o pesquisador.

    “Tudo isso reflete uma relação ecológica evolutiva. Com as flores, houve uma relação de coevolução. As espécies evoluíram ao longo de milhares de anos para estabelecer essas relações ecológicas”. Por isso, é importante a biodiversidade, afirma Kuhlmann. “Ora, se houver somente uma espécie de planta dominando uma área, tende a diminuir a quantidade de aves.”

    Para ele, a imagem de um Cerrado cinza é equivocada, ainda que este não seja mais o oásis de 70 anos atrás, como descreveu, por exemplo, João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas, publicado em 1956.

    “Aqui no Brasil, valorizamos muito pouco nossas espécies nativas”, disse o pesquisador, que percorreu regiões no Distrito Federal, em Goiás, Minas Gerais e São Paulo, na Bahia, em Mato Grosso e no Tocantins. “A perda do Cerrado pode ocasionar para o Brasil um grande déficit hídrico. O Cerrado é o berço das águas do Brasil. Então, requer muita atenção de todos os brasileiros”. E, claro, a conservação do bicho que mais beija.

    Entre os achados raros, avistados no último raiar do sol, depois mais de uma semana de expedição na Chapada dos Guimarães, o pesquisador ficou feliz em registrar o Phaethornis nattereri, ou rabo-branco-de-sobre-amarelo. “Ele ocorre ali na fronteira do Cerrado, com o Pantanal”. De beijos raros, também se faz a mata. O objetivo do livro é dar visibilidade a esses animais com a máxima de que não é possível conservar sem conhecer. Nesse cenário, claro, quanto mais beijos, mais as flores se abrem e o Cerrado se ilumina.

    Para ele, a imagem de um Cerrado cinza é equivocada, ainda que este não seja mais o oásis de 70 anos atrás, como descreveu, por exemplo, João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas, publicado em 1956.

  • Justiça exige que criadores de gado desocupem áreas degradadas no Pantanal

    Justiça exige que criadores de gado desocupem áreas degradadas no Pantanal

    A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério Público Federal (MPF) obtiveram decisão liminar que proíbe a exploração de 6.419,72 hectares que foram degradados com grande criação de gado, em duas fazendas, localizadas em terras da União, na região do Pantanal, no estado do Mato Grosso do Sul (MS). Três proprietários, responsáveis pelas fazendas, terão ainda que promover a retirada do gado das áreas, arcando com os custos desta operação, sob pena de multa diária.

    A decisão, da Justiça Federal em Corumbá (MS), foi proferida em Ação Civil Pública proposta no âmbito do AGU Enfrenta, Grupo de Enfrentamento Estratégico aos Ilícitos e Crimes Ambientais, instituído em 2024, e resultado da articulação com a Polícia Federal (PF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Na ACP, a AGU cobra indenização de R$ 725 milhões dos infratores ambientais.

    Segundo a procuradora-chefe da Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente (Pronaclima), Mariana Cirne, o deferimento da liminar mostra que a AGU e o MPF ganham ao unir forças para combater o crime ambiental. “Os infratores responderão em todas as frentes: com as penas criminais, com as multas administrativas do Ibama e, a partir dessa decisão, com a reparação do dano ambiental. Esse é o recado que queremos dar: os incêndios não ficarão impunes,” ressaltou.

    A AGU demonstrou, com base em inquérito da Polícia Federal, que após intensas queimadas registradas entre os meses de junho e setembro de 2020, os réus instalaram duas fazendas no local dedicadas à pecuária, com aproximadamente 3 mil hectares cada uma, construindo estradas, currais e edificações para ocupação humana.

    Os réus vinham explorando economicamente a área, promovendo queimada para limpeza de pastagem, e impedindo a regeneração do bioma desde 2021. Em junho de 2024, uma operação do Ibama constatou a continuidade das práticas de infrações ambientais.

    Liminar

    De acordo com a decisão liminar, analisando o contexto apresentado pela AGU e pelo MPF, o objetivo é cessar imediatamente a exploração do local. “Indicada a existência de dano ambiental, é imperiosa a interrupção do ato ilícito para se buscar a regeneração natural paulatina da área degradada, tudo com o intuito de evitar a piora da degradação do bioma”, registra trecho da decisão.

    A Justiça determinou ainda que a área deve ficar em descanso, sem exploração, “para que tenha início o processo de regeneração natural paulatina, durante a tramitação da lide”.

    “Cabe ao Estado brasileiro assegurar a proteção do meio ambiente, responsabilidade que vem sendo cumprida por meio da atuação conjunta da Advocacia-Geral da União e do Ministério Público FederaL”, complementou o advogado da União Lucas Campos, da Procuradoria-Geral da União.

  • O Brasil registrou, em março de 2025, o segundo maior valor de exportações do agronegócio para o mês desde o início da série históric

    O Brasil registrou, em março de 2025, o segundo maior valor de exportações do agronegócio para o mês desde o início da série históric

    Foram exportados US$ 15,6 bilhões. O resultado representa um aumento de 12,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, com o setor respondendo por 53,6% de todas as exportações brasileiras no mês. O avanço foi impulsionado principalmente pelo aumento dos volumes exportados, que cresceram 10,2%, enquanto os preços internacionais apresentaram alta de 2,1%.

    Para o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o agronegócio brasileiro tem se consolidado como um dos principais motores da economia nacional. “Esses números confirmam que estamos promovendo o crescimento do agro com responsabilidade, sustentabilidade e com os olhos voltados para novos mercados e oportunidades para produtos com maior valor agregado”, afirmou o ministro.

    Entre os principais produtos exportados no mês estão a soja em grãos – US$ 5,7 bilhões (+7%), café verde – US$ 1,4 bilhão (+92,7%), carne bovina in natura – US$ 1,1 bilhão (+40,1%), celulose – US$ 988 milhões (+25,4%) e carne de frango in natura – US$ 772,3 milhões (+9,6%).

    Além dos produtos tradicionais, o governo brasileiro vem impulsionando oportunidades em segmentos com forte potencial de crescimento. Por meio de novos avanços, itens como gelatinas, café solúvel, óleo essencial de laranja, pimenta-do-reino e rações para animais domésticos atingiram recordes de exportação e podem ganhar maior protagonismo nos próximos meses, especialmente em mercados da Ásia, Europa e América do Norte.

    No acumulado do primeiro trimestre de 2025, as exportações do agronegócio brasileiro totalizaram US$ 37,8 bilhões, aumento de 2,1% quando comparado ao ano anterior, o maior valor já registrado para o período. O superávit do setor no trimestre foi de US$ 32,6 bilhões, um crescimento de 2,1% em relação ao mesmo período de 2024. China, União Europeia e Estados Unidos seguiram como os principais destinos, respondendo juntos por mais da metade das exportações do setor. Países asiáticos como Vietnã, Turquia, Bangladesh e Indonésia também registraram aumento expressivo nas compras de produtos como soja, algodão, celulose e carnes.

    O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luís Rua, destacou o compromisso do governo em ampliar a presença internacional dos produtos brasileiros. “Os resultados de março demonstram o fortalecimento do agronegócio brasileiro no exterior, em um contexto de crescentes tensões comerciais, com foco na segurança alimentar global. A ampliação da presença em mercados de nicho, por meio de produtos de maior valor agregado, reflete uma estratégia comercial que valoriza a escuta ativa das demandas dos setores produtivos. Ao oferecer alimentos com sanidade, qualidade e competitividade, o Brasil se consolida como parceiro confiável”, afirmou.

    A expansão das exportações de produtos não tradicionais e a abertura de novos mercados, mantendo ou ampliando a oferta interna, fortalecem significativamente a economia brasileira. Esse processo estimula a geração de empregos e renda, atrai divisas, diversifica os parceiros comerciais e reduz a exposição a riscos econômicos. Também valoriza os produtos nacionais, incentiva investimentos em inovação e sustentabilidade e consolida relações estratégicas no cenário internacional. Assim, o Brasil amplia sua presença global e reforça sua competitividade.

    Os avanços refletem o trabalho conjunto entre os setores público e privado, com foco na abertura de mercados, segurança sanitária e promoção comercial.

  • BNDES faz parceria para atender mais cooperativas com créditos

    BNDES faz parceria para atender mais cooperativas com créditos

    O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quer mais cooperativas na sua carteira de crédito. A instituição, que desembolsou R$ 37 bilhões em financiamentos para esse tipo de organização produtiva em 2024, assinou nesta quinta-feira (10) um acordo de cooperação técnica para ampliar o acesso das cooperativas ao crédito no banco.

    O termo foi acertado pelos presidentes do BNDES, Aloizio Mercadante, e do Sistema Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Freitas, na sede do banco, no Rio de Janeiro.

    Mercadante ressaltou que o país tem 4,5 mil cooperativas atualmente, número 50% a mais do que há 20 anos. A maior parte atuando na agropecuária.

    “Metade da produção de alimentos no Brasil hoje é feita pelo cooperativismo”, lembrou.

    Segundo ele, são 23,5 milhões de trabalhadores cooperados, o que representa 550 mil empregos formais. Esse sistema de produção fatura R$ 692 bilhões por ano.

    Funcionamento

    Cooperativas funcionam como se fossem empresas em que os trabalhadores são sócios do negócio. Os associados, líderes e representantes têm total responsabilidade pela gestão e fiscalização da cooperativa.

    Por não terem fins lucrativos, os resultados positivos da atividade econômica desempenhada são distribuídos entre os cooperados. Há cooperativas em diversos ramos da economia. As de crédito, por exemplo, fecham contratos de empréstimos com juros mais baixos do que os bancos privados.

    “É um sistema de organização da produção muito generoso, que constrói solidariedade, eficiência e resiliência”, diz Mercadante.

    Faturamento

    Em 2024, 73% dos contratos de crédito do BNDES foram direcionados para o sistema cooperativo, o que representa R$ 37 bilhões. Desse montante, R$ 34,4 bilhões foram direcionados para pequenas e médias empresas.

    Aloizio Mercadante apontou que as cooperativas de crédito têm a função de levar a oferta de crédito, inclusive, para pequenas cidades onde não há agências bancárias.

    “Mais de mil cidades não têm agências bancárias, só cooperativa. É um instrumento capilar de acesso ao crédito. Chegam onde as agências não chegam mais”, disse Mercadante.

    Mercadante ressaltou que, mesmo o BNDES não estando nessas localidades e sendo representado por cooperativas de crédito, o sistema é seguro, pois conta com a fiscalização do Banco Central (BC).

    O presidente do BNDES enfatizou a intenção de aumentar a presença dessa forma de organização nas regiões Norte e Nordeste.

    “Elas [cooperativas] são muito fortes no Sul, em função da colonização; no Sudeste, que é a colonização europeia e asiática, e agora estão avançando no Centro-Oeste. O nosso próximo capítulo é dar muito impulso ao cooperativismo no Norte e Nordeste”, defendeu.

    Questionado sobre qual a meta de concessão de crédito ao segmento de cooperativas, Mercadante disse que “depende da força deles”.

    O presidente da OCB, Márcio Freitas, informou que a organização tem a meta de levar o faturamento total das cooperativas em até R$ 1 trilhão até 2027.

    “A meta está lançada, chegar a 30 milhões de brasileiros cooperados e, provavelmente, chegando a um milhão de empregos diretos, com carteira assinada”, avaliou.

    Mais renda

    Além da assinatura do acordo entre o banco público e a entidade de representação do cooperativismo no Brasil, foi realizado um seminário sobre impactos do cooperativismo no desenvolvimento do país.

    O pesquisador Alison Pablo de Oliveira, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), apresentou dados sobre locais que têm presença de cooperativas de crédito.

    O estudo mostra que foram gerados 25,3 empregos formais para cada grupo de 1 mil habitantes nessas localidades. Além disso, foi identificado incremento de R$ 115,50 na massa salarial por habitante.

    O levantamento aponta também que a presença das cooperativas de crédito retirou 12,3 famílias da extrema pobreza para cada grupo de 1 mil habitantes. Outro dado é a diminuição de 20,5 famílias no Cadastro Único (CadÚnico), direcionado a famílias mais pobres, a cada grupo de 1 mil habitantes.

    Segundo Oliveira, onde há agência de cooperativismo de crédito, as famílias passam a depender menos do Estado.

    “Com ganhos de renda e empregabilidade maior, as famílias conseguiam superar a pobreza de maneira sustentável por meio da inclusão produtiva e econômica”, disse.

    O BNDES é um banco público de fomento ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e tem entre as funções fomentar setores estratégicos da economia por meio de crédito e investimentos diretos. Parte dos empréstimos são subsidiados, isto é, mais baratos.

  • Após primeiras colheitas, Conab confirma estimativa de safra recorde

    Após primeiras colheitas, Conab confirma estimativa de safra recorde

    Com maior área plantada e condições climáticas favoráveis, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma safra recorde de grãos na temporada 2024/25, em 330,3 milhões de toneladas. De acordo com o órgão, com a colheita das culturas de primeira safra em fase adiantada, essa perspectiva vem se confirmando.

    Os dados do 7º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, divulgado nesta quinta-feira (10) pela Conab, aponta um crescimento de 10,9% ou 32,6 milhões de toneladas quando se compara com o ciclo 2023/24.

    O incremento estimado se deve tanto a uma maior área plantada, prevista em 81,7 milhões de hectares, com incorporação de 1,7 milhão de hectares em relação à safra passada, quanto às condições climáticas favoráveis registradas na primeira safra nas principais regiões produtoras.

    “As perspectivas positivas para o clima também dão suporte para o desenvolvimento das culturas na segunda safra. Neste cenário, é esperada uma recuperação da produtividade em 8,6%, estimada em 4.045 quilos por hectares”, destacou a companhia.

    Soja

    A soja continua a ser o principal produto cultivado na primeira safra e deve registrar o maior volume já colhido no país. Nesta safra, a Conab prevê uma produção de 167,9 milhões de toneladas, resultado 20,1 milhões de toneladas superior à safra passada.

    O Centro-Oeste, principal região produtora do grão, deve registrar um novo recorde na produtividade média das lavouras com 3.808 quilos por hectare, superando o ciclo 2022/23.

    Em Mato Grosso, a colheita já chega a 99,5% da área semeada com a produtividade média chegando a 3.897 quilos por hectare, a maior já registrada no estado. Cenário semelhante é visto em Goiás, onde os trabalhos de colheita já atingem 97% da área com uma produtividade de 4.122 quilos por hectare.

    Com a colheita da soja avançada, o plantio do milho de segunda safra está próximo de ser finalizado. A produção total do cereal, somados os três ciclos da cultura, está estimada em 124,7 milhões de toneladas em 2024/25, crescimento de 9 milhões de toneladas em relação ao ciclo passado.

    Para o algodão, a expectativa de produção recorde também vem se confirmando. O plantio está concluído com estimativa de área em 2,1 milhões de hectares, crescimento de 6,9% sobre a safra 2023/24. Já para a produção de pluma é esperada uma colheita de 3,9 milhões de toneladas, 5,1% acima do volume produzido na safra anterior.

    Arroz e feijão

    De acordo com a Conab, a colheita de arroz também segue em bom ritmo, com mais de 60% da área plantada já colhida.

    “As condições climáticas nas principais regiões produtoras, até o momento, são favoráveis para o desenvolvimento da cultura”, informou o órgão.

    No caso do feijão, o aumento previsto na produção é de 2,1%, podendo chegar a 3,3 milhões de toneladas somadas as 3 safras da leguminosa. A elevação acompanha a melhora na produtividade média das lavouras, que sai de 1.135 quilos por hectare para 1.157 quilos por hectare, uma vez que a área se mantém estável em 2,86 milhões de hectares.

    Comércio

    Com o aumento na estimativa de produção do milho, a Conab também elevou as previsões de consumo do grão na safra. A nova expectativa é de um volume de 87 milhões de toneladas consumidas no mercado interno e 34 milhões de toneladas para exportação.

    “Mesmo com o aumento no consumo interno, o estoque final deve chegar a cerca de 7,4 milhões de toneladas do grão”, afirmou.

    Segundo a Conab, cenário semelhante é encontrado para o algodão, em que o aumento na produção possibilita um incremento tanto no consumo quanto no estoque de passagem da fibra.

  • Colheita no Mato Grosso eleva custo dos fretes e pressiona logística agrícola

    Colheita no Mato Grosso eleva custo dos fretes e pressiona logística agrícola

    O avanço da colheita no Mato Grosso tem sido um dos principais fatores por trás do aumento nos custos de transporte no agronegócio, conforme aponta o Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A necessidade de liberar armazéns para a próxima safra de milho em 2025 intensifica ainda mais a demanda por fretes rodoviários.

    O cenário de alta nos fretes é impulsionado por uma combinação de fatores: crescimento na procura por transporte, escassez de caminhoneiros e aumento no preço do diesel, refletindo diretamente nos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí e São Paulo.

    Mato Grosso lidera pressão nos preços

    No Mato Grosso, o ritmo intenso da colheita e os desafios logísticos resultaram em uma escalada nos preços ao final de fevereiro. A valorização teve início na região médio-norte — onde a colheita começou mais cedo — e se espalhou pelo estado.

    A Conab destaca que a safra de soja recorde, estimada em mais de 46 milhões de toneladas, associada à concentração das operações em um curto espaço de tempo, foi crucial para esse movimento. Soma-se a isso a urgência em liberar espaço para o milho, cuja colheita está prevista para 2025.

    Piauí e Maranhão também registram aumentos

    No Piauí, os preços dos fretes aumentaram cerca de 39%, puxados pela antecipação da colheita de soja. No Maranhão, a movimentação via sistema multimodal da VLI — especialmente de Balsas ao Terminal Portuário de São Luís — causou uma elevação de 26,8% nos valores.

    Oscilações na Bahia e aumento em São Paulo

    Na Bahia, algumas regiões acompanharam a alta devido à crescente demanda, mas em Irecê os preços caíram, graças ao aumento na disponibilidade de transportadores. Em São Paulo, os valores subiram discretamente, mas permanecem entre os mais altos dos últimos anos, pressionados pela competição por caminhões com outras regiões produtoras.

    Centro-Oeste e Sul enfrentam desafios logísticos

    O Paraná também sentiu os reflexos da valorização da soja: os fretes subiram 20% em Campo Mourão, 19,35% em Cascavel e 11,94% em Ponta Grossa. Em Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, o aumento da demanda, os preços do diesel e as alterações na tabela de fretes intensificaram os reajustes.

    Em Goiás, a dificuldade para contratar caminhões e a forte procura por transporte até os portos de Santos e Paranaguá influenciaram a elevação dos preços. No Distrito Federal, os aumentos variaram entre 12% e 15%, com destaque para rotas em direção a Araguari (MG), Santos (SP) e Imbituba (SC). Já em Mato Grosso do Sul, os custos subiram devido à colheita das lavouras de verão e à elevação do ICMS.

    Portos movimentados e exportações aquecidas

    Segundo o boletim, as exportações de milho caíram em fevereiro na comparação com 2024, enquanto os embarques de soja mais que dobraram. Os portos do Arco Norte, Santos e Paranaguá foram os principais canais de saída dos produtos.

    Também houve alta na importação de fertilizantes, acompanhando o preparo para o plantio da segunda safra e das culturas de inverno. O Arco Norte expandiu sua participação, com Paranaguá e Santos mantendo patamares semelhantes aos de 2024.

    Em relação ao farelo de soja, o cenário competitivo com Estados Unidos e Argentina tem incentivado o esmagamento da oleaginosa. No acumulado de janeiro e fevereiro, os embarques seguiram o ritmo do ano passado, liderados pelos portos de Santos, Paranaguá e Rio Grande.