Os vereadores Hélio Kaminski (PL) e Nelson Hasegawa Junior (Republicanos) apresentaram uma indicação ao Executivo Municipal solicitando, com urgência, a contratação de empresa especializada em hemodiálise para atender pacientes renais crônicos de Lucas do Rio Verde. A medida visa garantir mais dignidade, conforto e qualidade de vida aos pacientes que atualmente precisam se deslocar até Sinop para realizar o tratamento.
Segundo os parlamentares, ao menos 21 pacientes da cidade realizam terapia renal substitutiva três vezes por semana, sendo a maioria idosos, frequentemente acompanhados por pessoas também de idade avançada. Essa rotina tem sido extremamente desgastante, uma vez que as viagens para Sinop são longas e cansativas, especialmente nos atendimentos do chamado “quarto turno”, em que os pacientes chegam de volta a Lucas já de madrugada — muitos deles debilitados após o procedimento.
Os vereadores relatam que não são raras as ocasiões em que os pacientes passam mal durante o trajeto ou durante a própria hemodiálise, agravando ainda mais seu estado de saúde. A alimentação e o descanso adequados também acabam comprometidos pela rotina atual, o que compromete o bem-estar dos usuários do SUS que dependem desse tratamento contínuo.
A indicação menciona que há empresas que prestam esse tipo de serviço no município vizinho de Sorriso, sugerindo que a contratação de uma delas reduziria significativamente o sofrimento dos luverdenses que precisam viajar para realizar as sessões.
No entanto, os vereadores também defendem uma alternativa de solução definitiva e mais sustentável: que o município invista na criação de uma estrutura própria, com a aquisição de equipamentos específicos e contratação de profissionais especializados, para que os atendimentos sejam realizados em Lucas do Rio Verde, evitando deslocamentos e melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
A proposta reforça a necessidade de uma política pública mais humanizada e estruturada, capaz de atender a uma demanda real e urgente da população. A indicação foi encaminhada à Mesa Diretora e, após aprovação do Plenário, será enviada ao prefeito municipal para análise e possível execução.
A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado aprovou nesta quarta-feira (7) o Projeto de Lei 1.740/2024, que regulamenta o transporte de cargas perigosas por produtores rurais. A proposta, de autoria do senador Dr. Hiran (PP-RR), segue agora para análise final na Comissão de Infraestrutura (CI), com tramitação em caráter terminativo — ou seja, se aprovada, poderá seguir diretamente para a Câmara dos Deputados, sem passar pelo Plenário do Senado.
O PL modifica a Lei nº 10.233/2001, atribuindo à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a competência de regulamentar e fiscalizar o transporte próprio de produtos perigosos utilizados em atividades agrícolas, como o diesel transportado por produtores para abastecimento de tratores e máquinas no campo. A iniciativa busca adaptar a legislação à realidade de áreas rurais, principalmente das regiões Norte e Centro-Oeste, onde faltam estruturas de armazenamento ou transportadoras especializadas.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) participou ativamente do debate legislativo e teve duas sugestões acolhidas pelo relator do projeto. As propostas garantiram a manutenção da fiscalização pela ANTT e a preservação dos requisitos de segurança no transporte dessas substâncias, mesmo em trajetos de pequeno porte realizados por produtores.
A proposta nasce da necessidade de evitar penalizações a agricultores que transportam volumes reduzidos de combustíveis e outros materiais perigosos por longas distâncias, muitas vezes sem alternativa legal ou viável de logística. Hoje, o transporte próprio desses insumos pode ser interpretado como irregular por não atender exigências pensadas para o transporte comercial em grande escala.
Com o avanço da matéria na CRA, a expectativa é de que a Comissão de Infraestrutura conclua a tramitação no Senado, permitindo que a proposta siga para a Câmara dos Deputados ainda neste semestre. A medida é considerada estratégica para dar segurança jurídica a produtores e evitar prejuízos à produção agropecuária em áreas remotas.
Com o encerramento do período chuvoso em Mato Grosso, a Nova Rota do Oeste reativou o terceiro turno de obras para dar celeridade à duplicação da BR-163/MT. Nesta etapa inicial, os trabalhos noturnos estão concentrados no trecho entre Diamantino e Lucas do Rio Verde — onde ocorre a ampliação da capacidade da rodovia — e em Sinop, onde a pista existente passa por reconstrução.
A duplicação da BR-163 foi retomada após o Governo de Mato Grosso assumir o controle acionário da concessionária e destinar investimentos da ordem de R$ 1,6 bilhão. Desde então, as frentes de trabalho vêm sendo reforçadas para garantir o cumprimento dos prazos estabelecidos junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
De acordo com o gerente de Obras da Nova Rota, Jhonatan Bezerra, a reativação do terceiro turno faz parte do planejamento estratégico da concessionária. “Durante o período chuvoso, há naturalmente uma redução no ritmo dos serviços devido às limitações climáticas. Agora, com a retomada das condições favoráveis, intensificamos as atividades com reforço das equipes e ampliação da jornada de trabalho, conforme previsto em nosso cronograma de execução”, destacou.
O trecho norte da BR-163 — que vai de Diamantino a Sinop — já conta com 100% das obras de duplicação contratadas. Ao todo, o Governo de Mato Grosso e a Nova Rota firmaram contratos com cinco consórcios responsáveis pela ampliação da rodovia entre o km 507 e o km 855. Mais de 100 quilômetros de novas pistas já foram entregues, além de serviços de recuperação e manutenção em todo o trecho sob concessão e a construção de viadutos e pontes, atualmente em andamento.
A Rodada de negócios Madeira Sustentável promoveu 345 reuniões com participação de 29 compradores e 24 fornecedores de Mato Grosso. Durante o evento, realizado em Santa Catarina (SC), na quarta-feira (07), cada fornecedor pôde negociar com até 16 clientes, ampliando as possibilidades de negócios e parcerias comerciais.
Organizada pelo Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), pelo Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF), com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae/SC) e de Mato Grosso (Sebrae/MT) e parceria com a Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), a Feira Madeira Sustentável reforça o papel estratégico das florestas manejadas de forma legal e responsável, destacando Mato Grosso como um dos principais polos de produção madeireira do país.
As áreas de manejo florestal em propriedades privadas no território mato-grossense abarcam 5,2 milhões de hectares, com potencial para estocar até 2,3 bilhões de CO2 equivalente. Essas áreas de vegetação nativa conservadas possibilitaram a produção de dois milhões de metros cúbicos (m3) de madeira em tora com valor total de R$ 498 milhões em 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Renda que dinamiza a economia local com o emprego de 15 mil trabalhadores com carteira assinada na atividade florestal no estado.
O presidente do Cipem destaca que as parcerias foram fundamentais para o sucesso do evento. “A primeira rodada de negócios do evento Madeira Sustentável foi um divisor de águas. Uma ação estratégica, inovadora, que fortalece o relacionamento direto entre quem produz e quem consome madeira legal e sustentável, fortalecendo o elo comercial e ampliando as oportunidades para os empresários de Mato Grosso”, afirmou,adiantando planos de ampliar o modelo nas próximas edições.
“O excelente volume de negócios concretizados representa a semente de uma nova era de prosperidade para o setor de base florestal brasileiro. Estamos testemunhando uma virada de chave na forma de negociar e projetando o setor para um novo patamar”, complementou o presidente do FNBF, Frank Almeida.
Analista na Gerência de Competitividade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Mato Grosso (Sebrae/MT), Helen Camargo afirma que o Sebrae acredita muito no setor madeireiro. “Trabalhamos com esse olhar de fomentar negócios a partir da biodiversidade. O setor madeireiro dialoga com isso. Fazer ações de promoção de mercado, criar conexão entre fornecedores e compradores, é uma estratégia fundamental para fortalecer negócios de curto, médio e longo prazos”, diz.O modelo do evento é dinâmico e eficiente: todos os fornecedores foram apresentados previamente a um grupo de compradores, que puderam escolher com quais empresas desejavam se reunir. A partir dessas escolhas, foi elaborada uma agenda personalizada com horários definidos para cada reunião ao longo do dia, onde cada fornecedor apresentouseus produtos e condições comerciais aos compradores interessados.
De acordo com a analista na Gerência de Competitividade do Sebrae/MT, promover rodada de negócios é uma estratégia que o Sebrae adota há algum tempo com diversos setores econômicos. “Foi fundamental a união do Sebrae, do Cipem, do Fórum nessa jornada. Foi uma construção conjunta, somando esforços com o setor madeireiro para seu fortalecimento e desenvolvimento sustentável para Mato Grosso”, conclui.
O Centro Universitário La Salle, em Lucas do Rio Verde, vive uma semana marcante com uma série de atividades acadêmicas, científicas e sociais. A programação, iniciada na segunda-feira (6), com a recepção de delegações da Universidade de Coimbra e da Universidade La Salle de Bogotá, culmina nesta sexta-feira (9) com dois eventos de grande relevância: a inauguração do hospital veterinário e a 8ª edição da Vitrine Tecnológica, que neste ano ganha caráter internacional.
Segundo o diretor administrativo da instituição, Paulo Foletto, a Vitrine Tecnológica é promovida pelos cursos de Agronomia e Medicina Veterinária e, nesta edição, envolverá também todos os cursos oferecidos pelo Unilasalle, que estarão prestando serviços sociais gratuitos à comunidade. O evento acontecerá das 16h às 22h, com entrada franca, e contará com exposições, atendimentos, atividades interativas e espaço para toda a família. A Prefeitura de Lucas do Rio Verde, por meio da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, é parceira do evento.
“É um momento em que os alunos podem trazer seus familiares e a comunidade pode conhecer de perto o trabalho desenvolvido na instituição. Os portões estarão abertos para todos”, destaca Foletto. Entre os serviços prestados ao público, estará disponível microchipagem gratuita de cães e gatos, com toda a estrutura necessária e acompanhamento de profissionais capacitados.
A inauguração do hospital veterinário do Unilasalle representa um passo importante para a consolidação do curso de Medicina Veterinária da instituição. A nova estrutura não apenas atende aos critérios exigidos pelo Ministério da Educação, como também reforça o compromisso da universidade com o atendimento social. O hospital oferecerá vacinação, exames laboratoriais, atendimento clínico e emergencial para pequenos e grandes animais — incluindo cavalos e bovinos — e está preparado para, futuramente, também prestar assistência a animais silvestres.
O secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Felipe Palis, enfatizou que a parceria com a universidade fortalece as políticas públicas voltadas à causa animal, especialmente em relação à castração e microchipagem. Desde o início do programa municipal de esterilização, em 2022, mais de 4.300 animais já foram castrados, e todos eles microchipados. A Unidade Permanente de Castração (UPC), localizada no bairro Tessele Júnior, realiza os procedimentos gratuitamente para pessoas de baixa renda, protetores independentes, abrigos e animais adotados.
“Ninguém que se enquadra nos critérios precisa deixar de castrar seu animal. Temos inclusive veículo para buscar e devolver o pet, com segurança”, explica Palis. Ele também alertou sobre o abandono de animais, que é crime, e reforçou a importância da adoção responsável. “O animal sente frio, sente dor. Se você assumiu, precisa garantir bem-estar a ele”, afirmou.
O hospital veterinário da Unilasalle nasce com a proposta de integrar o ensino com o compromisso social. “É uma estrutura de ponta, pensada para formar profissionais completos e também servir à comunidade”, pontua Foletto. Além disso, a universidade articula parcerias com o Ministério Público e outros órgãos para ampliar os serviços, incluindo a aquisição de uma ambulância veterinária que será usada em resgates.
A 8ª Vitrine Tecnológica e a inauguração do hospital veterinário refletem o avanço da Unilasalle como polo educacional e social em Lucas do Rio Verde, oferecendo uma experiência prática de formação acadêmica e serviços relevantes à população. A comunidade está convidada a participar e conhecer de perto o trabalho realizado pela instituição, reforçando o compromisso coletivo com a educação, a ciência e a causa animal.
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou esta semana sua primeira projeção de área plantada com soja para a safra 2025/26 em Mato Grosso. A estimativa inicial indica um crescimento de 1,67% em relação à safra anterior, totalizando 13,00 milhões de hectares cultivados com a oleaginosa no estado.
Apesar do avanço, o instituto destaca que a valorização da soja ainda é tímida, o que tem limitado o entusiasmo dos produtores em expandir a cultura de forma mais acelerada. O cenário de mercado atual não tem proporcionado estímulos suficientes para investimentos expressivos em novas áreas.
Entre as regiões do estado, o maior destaque ficou para o Norte e o Nordeste, com aumentos estimados de 3,07% e 3,00%, respectivamente. Esses avanços regionais compensam, em parte, o crescimento mais contido em outras localidades.
A análise do Imea reforça que o comportamento do mercado nas próximas semanas será decisivo para consolidar ou ajustar as expectativas dos produtores quanto à área efetivamente plantada no ciclo 25/26.
O Dia das Mães, tradicionalmente celebrado no segundo domingo de maio no Brasil, é uma data bastante ligada às flores, particularmente a rosa, símbolo do amor. Essa espécie foi cultivada comercialmente em dez municípios paranaenses em 2023 (Marialva, Araruna, Sarandi, Mandaguari, Mandaguaçu, Francisco Beltrão, Bituruna, Farol, Maria Helena e Perobal), com a retirada de 265,8 mil dúzias.
“No Paraná, ainda que a floricultura ainda seja pouco explorada, há um aquecimento do mercado acompanhando o que acontece no Brasil, e uma alavancagem nos negócios nas praças em que a atividade está estabelecida”, afirma o engenheiro agrônomo Paulo Andrade no Boletim de Conjuntura Agropecuária desta semana, que tem as rosas como destaque às vésperas do Dia das Mães.
O documento é elaborado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab). Divulgado semanalmente, ele traz análise de algumas culturas desenvolvidas no Paraná.
Em 2023 o setor de floricultura gerou R$ 249,6 milhões de Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP). Os gramados e as plantas perenes ornamentais dominantes, com participação de 72,1%. No ano anterior o VBP tinha ficado em R$ 216,7 milhões, o que configura 15,2% de aumento.
Se a análise for feita apenas com as flores propriamente ditas, o esteio da produção está nas orquídeas, crisântemos e roseiras. Essas três têm participação de 16,1% no montante da atividade de floricultura. Os 11,8% restante estão distribuídos nas outras 35 espécies exploradas no Estado.
De acordo com o agrônomo do Deral, as rosas representam 1,8% da floricultura geral e 8,6% das flores em si. Em 2023 as roseiras foram exploradas comercialmente em 10 municípios, de onde extraiu-se 265,8 mil dúzias, com uma renda bruta de R$ 4,5 milhões.
A região de Maringá concentra o segmento e responde por 66,2% de toda a produção estadual. O destaque é do município de Marialva, principal produtor do Paraná. Em 2023 suas terras produziram 100,0 mil dúzias, com receita bruta de R$ 1,7 milhão, o que corresponde a 37,6% do total. A região de Campo Mourão, com Araruna sendo o segundo município com a espécie, representa 30,1% do total, com 80,0 mil dúzias cultivadas.
A produção de rosas para corte tem variado no Estado nos últimos dez anos, entre 2014 a 2023. No início da série analisada foram cortadas 340,1 mil dúzias. O balanço mais recente indica uma coleta de 265,5 mil dúzias, redução de 21,8% no período. Nesse período houve um auge em 2017, com a colheita de 950,1 mil dúzias de rosas. Já em 2021 – auge da pandemia – foram extraídas tão somente 168,5 mil dúzias.
O VBP real deflacionado entre o período de dez anos está praticamente estável, pois houve uma ligeira baixa de 0,5% no período, de R$ 4,50 milhões para R$ 4,48 milhões, enquanto na floricultura ampla o mesmo VBP real flutuou em 8,1%, de R$ 230,87 milhões na década passada para R$ 249,65 milhões.
Os embarques brasileiros de ovos, incluindo produtos in natura e processados, cresceram em abril, mantendo a tendência de avanço que vem sendo observada desde o início do ano. Segundo pesquisadores do Cepea, o aumento nas exportações do produto foi impulsionado, pelo segundo mês consecutivo, pela forte demanda dos Estados Unidos.
Em abril, o país norte-americano seguiu como o principal destino dos ovos brasileiros, sendo responsável por receber 65% de todo volume escoado.
De acordo com dados da Secex, compilados e analisados por pesquisadores do Cepea, o Brasil exportou 4,34 mil toneladas de ovos in natura e processados em abril, volume 15% superior ao registrado em março/25 e expressivos 271% acima dos de abril/24. Os Estados Unidos foram destino de 2,86 mil toneladas de ovos (in natura e processado), forte alta de 45% frente ao volume de março.
O preço de referência de importação da borracha natural fechou o mês de abril em R$ 13,21/quilo, uma queda de 14,2% em relação ao mês de março, quando totalizou 15,40/kg.
A análise é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
Segundo informações divulgadas, as cotações dos contratos da matéria-prima na Bolsa de Cingapura recuaram 14,7%. Já o valor médio do dólar apresentou leve aumento, sendo cotado a R$ 5,78.
O valor do frete internacional apresentou queda de 22,4%, enquanto o frete interno apresentou estabilidade. Dessa forma, o preço de importação foi calculado em R$ 13,21/kg e o índice de referência em 158,40 (-14,2%).
A Embrapa lança no mercado a BRS 54 Lumiar, uma nova cultivar de uva branca sem semente, capaz de reduzir em 50% os custos com mão de obra no manejo do cacho, que representa em torno de 40% do custo total da mão de obra, no Semiárido brasileiro. A inovação busca resolver os principais gargalos da produção de uvas de mesa, que são: a alta demanda de mão de obra para realizar o manejo de cachos e as poucas opções de cultivares brancas sem sementes. Com isso, oferece potencial para impulsionar o segmento no País. Além da economia no campo, a Lumiar se destaca pelo conjunto de qualidades sensoriais: bagas grandes e elípticas, textura crocante e macia, alto teor de açúcares, ausência de adstringência na película e acidez equilibrada ao final da maturação. Mais informações técnicas estão disponíveis na publicação.
A nova cultivar é mais um resultado do portfólio de uvas de mesa sem sementes do programa de melhoramento genético “Uvas do Brasil” coordenado pela Embrapa, para cultivo na região do Vale do Submédio São Francisco (VSF). Segundo João Dimas Garcia Maia, um dos pesquisadores da Embrapa responsável pelo desenvolvimento da nova cultivar, a BRS 54 Lumiar atende a uma demanda histórica do semiárido por uma cultivar branca sem sementes. Ele destaca que a operação de raleio, para descompactar os cachos (técnica de retirar frutos em excesso), melhora o aspecto visual e a qualidade.
No geral, as cultivares estrangeiras de uvas sem sementes demandam, no mínimo, 50% a mais de mão de obra para a realização dessa prática. Além disso, geram outros custos para os produtores, que precisam arcar com royalties a cada quilo de fruta vendida. No caso das cultivares nacionais desenvolvidas pela Embrapa, é necessário pagar apenas pelas mudas, sem a cobrança dessas taxas.
Foto: João Dimas Garcia Maia
Para o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho (RS), Adeliano Cargnin, essa é uma entrega de grande impacto e relevância para o Vale do São Francisco, por ser uma uva brasileira branca sem sementes de oferta pública. “A BRS 54 Lumiar atende e pode ser adotada por todos os produtores, desde os familiares, assentados até os grandes. A redução da mão de obra no manejo dos cachos vai impactar a redução do custo de produção e, consequentemente, aumentar o lucro do produtor com grandes possibilidades de baratear o preço desse alimento”, destaca ele, pontuando que a BRS 54 Lumiar representa uma entrega de valor da Empresa para o setor produtivo.
Diferenciais da nova cultivar
De acordo com Dimas, além de atender às exigências do mercado consumidor, que está cada vez mais exigente na escolha das frutas, uma nova cultivar de uva de mesa deve apresentar outras características determinantes. Entre as principais, destacam-se produtividade, tolerância ou resistência a doenças, presença de novos sabores e redução da necessidade de mão de obra para o manejo dos cachos.
Desconsiderando a pós-colheita, em geral, o custo da mão de obra na produção de uvas de mesa para as cultivares tradicionais corresponde a cerca de 35% do custo total. “Nesse cálculo, consideramos etapas como poda, raleio de cachos, aplicação de defensivos e colheita”, afirmam os pesquisadores José Fernando Protas e Joelsio Lazzarotto, da área de socioeconomia da Embrapa.
Para o produtor e consultor Newton Matsumoto, referência na viticultura do Vale do São Francisco e um dos 12 validadores da BRS 54 Lumiar no Semiárido, “além da economia com royalties e do custo de produção mais baixo, a cultivar entrega produtividade, sabor e aparência. É uma uva com grande potencial de mercado, que deve agradar tanto produtores quanto consumidores”, avalia.
A BRS Lumiar também foi avaliada em outras regiões produtivas, como a Serra Gaúcha, sua recomendação de cultivo até o momento é para o submédio do São Francisco, como explica Dimas.
Mudas da BRS 54 Lumiar
O produtor e consultor Newton Matsumoto é referência na viticultura do Vale do São Francisco (Foto: Divulgação)
O viveiro Petromudas, em Petrolina (PE), já está realizando a reserva de mudas para plantio ainda em 2025 para os viticultores da região do Vale do São Francisco.
Cabe destacar que a Embrapa disponibiliza mudas das cultivares BRS exclusivamente a partir de viveiristas licenciados. A listagem dos viveiristas licenciados pode ser consultada aqui.
Para outros viveiristas, interessados em adquirir o material básico dessa cultivar, a reserva poderá ser realizada junto à Estação Experimental de Canoinhas, em Santa Catarina, por edital de oferta pública
O atendimento aos pedidos de reserva dos viveiristas segue critérios definidos no edital e a entrega do material ocorre entre os meses de julho e setembro, até o limite disponível no matrizeiro da Embrapa.
A oferta do material básico é contínua e os viveiristas poderão fazer a reserva do material ao longo dos anos.
Origem do nome
O nome da nova cultivar é inspirado no luar do Sertão. A BRS 54 Lumiar carrega no nome e na cor a poesia do Nordeste brasileiro. Suas bagas, de um amarelo claro com suaves tons esverdeados, lembram o brilho da lua cheia que há tempos ilumina e embala canções e corações na imensidão nordestina.
É uma uva de mesa que encanta pelo visual delicado, mas conquista mesmo por seu sabor especial: equilibrado, refrescante e marcante. Desenvolvida especialmente para as condições do Nordeste brasileiro, a BRS 54 Lumiar oferece um novo sabor para a Região.
“Uvas do Brasil” no semiárido nordestino
Desde o final da década de 1970, a Embrapa coordena o programa de melhoramento genético “Uvas do Brasil”, que desenvolve cultivares de uva para vinho, suco e mesa. O polo vitícola do Vale do Submédio São Francisco (VSF) está localizado na região semiárida do Nordeste brasileiro, o maior polo nacional de produção e exportação de uvas de mesa do Brasil. Segundo dados do Hortifruti Cepea, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), são cerca de 16 mil hectares dedicados ao cultivo de uvas finas e sem sementes. Em função do clima e do uso da irrigação, as uvas são produzidas ao longo de todo o ano com a utilização de irrigação, permitindo dois ciclos vegetativos e duas podas, com a colheita de uma ou mais safras por ano na mesma área.
O programa concentra a sua atuação no desenvolvimento de cultivares adaptadas às condições brasileiras, sem as restrições técnicas apresentadas pelas cultivares importadas, além de serem mais rentáveis por terem a cobrança de royalties atrelada às mudas e não à produção, como ocorre com as importadas.
Nesse panorama, segundo estimativas da Embrapa, destaca-se o protagonismo da cultivar BRS Vitória, uva preta sem sementes, que atualmente é cultivada em aproximadamente 4 mil hectares no Vale do São Francisco. Essa cultivar apresenta grande demanda no mercado, tanto nacional como internacional, por ser uma uva sem sementes com um leve sabor de framboesa.
Também se destacam, na região, outras cultivares desenvolvidas pela Embrapa, como a BRS Isis (foto à direita), uva vermelha sem sementes cultivada em 300 hectares; a BRS Núbia, uva preta com sementes que encanta pelo grande tamanho da baga, também com cerca de 300 hectares de cultivo; e a BRS Melodia, uva vermelha sem sementes, de sabor marcante de frutas vermelhas, cultivada em 150 hectares.
Foto: Viviane Zanella
Sobre o desenvolvimento da cultivar
A BRS 54 Lumiar foi desenvolvida a partir de um cruzamento realizado, em 2010, na Estação Experimental de Viticultura Tropical da Embrapa Uva e Vinho, localizada em Jales (SP). Em 2019, foram implantadas as primeiras unidades de validação no Vale do São Francisco, envolvendo 12 empresas e abrangendo os municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro, Curaçá e Casa Nova (BA).
A ‘BRS 54 Lumiar’ apresenta vigor inferior ao de outras cultivares desenvolvidas pelo programa “Uvas do Brasil”, tais como as BRS Vitória, BRS Núbia e BRS Isis. Dessa forma, a recomendação é de realização de podas mais longas do que as praticadas para as cultivares BRS Vitória e BRS Isis. É recomendável também trabalhar com produtividades de 20 a 22 toneladas por hectare por safra (cerca de 50 toneladas por hectare/ano), contribuindo assim para a estabilidade de produção no decorrer dos ciclos e obtenção de cachos com melhor padrão comercial.
Esse trabalho foi custeado pelo projeto Desenvolvimento de novas cultivares para a competitividade e sustentabilidade da vitivinicultura brasileira, desenvolvido em parceria entre a Embrapa e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
As avaliações de compostos funcionais foram realizadas no âmbito do contrato de cooperação técnica entre o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Embrapa Uva e Vinho.