Categoria: ARTIGOS

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  • Setembro Amarelo: familiares são as pessoas com quem os  brasileiros menos falam sobre as próprias emoções, mostra estudo

    Setembro Amarelo: familiares são as pessoas com quem os brasileiros menos falam sobre as próprias emoções, mostra estudo

    No mês em que todo o país se mobiliza em torno do Setembro Amarelo — campanha nacional em prol da prevenção ao suicídio —, uma pesquisa recente traz um dado importante envolvendo a relação dos brasileiros com as próprias emoções: para 43% das pessoas, a própria família é o último grupo com quem dividiriam detalhes de suas vidas emocionais — atrás, inclusive, de círculos como os professores, terapeutas e até mesmo os colegas de trabalho.

    A conclusão é da Preply, plataforma que, interessada na forma com que a população comunica seus sentimentos, pediu que entrevistados de todas as regiões revelassem como se autoavaliam psicologicamente nos últimos tempos, entre detalhes como a frequência com que compartilham suas angústias e as frases mais reconfortantes quando estão enfrentando um problema pessoal (confira o estudo na íntegra aqui).

    Além de destacarem os grupos sociais com quem mais desabafam no cotidiano, à especialista no ensino de idiomas, os ouvidos dividiram os obstáculos que mais os impedem de se abrir com possíveis ouvintes: o receio em incomodar (38,8%), a dificuldade em encontrar as palavras certas (33%), a falta de confiança nos demais (28,8%) e, ainda, o medo do julgamento (28,8%).

    Brasileiros ouvem mais do que falam das próprias emoções

    Medo de parecer vulnerável, de ser visto como alguém fraco, receio diante dos mal-entendidos… mesmo com tantos benefícios para a saúde emocional, em um certo ponto, ninguém parece discordar: dependendo de onde ou com quem se está, falar sobre os próprios sentimentos pode se tornar uma tarefa bastante complicada — sensação essa, aliás, compartilhada pela maioria dos ouvidos durante o estudo da Preply.

    Para se ter uma ideia, ao serem indagados sobre conversas envolvendo emoções, somente 36% dos entrevistados admitiram se abrir com outras pessoas frequentemente, parte disso devido ao receio em incomodar (38,8%) a dificuldade em não utilizar as palavras adequadas (33%), a falta de confiança nos demais (28,8%) e, ainda, o medo do julgamento (28,8%).

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    Por motivos como esses, quando o papo caminha para o terreno sentimental, a postura mais confortável tende a ser a de mero ouvinte, comportamento comum para 66% dos brasileiros envolvidos na pesquisa.

    Tais desconfortos ao dividir os desabafos, dilemas e outras questões internas, cabe dizer, geralmente se intensificam de acordo com aqueles prestes a escutá-los. Na opinião dos respondentes, por exemplo, não há grupos que os deixem mais desconfortáveis ao falarem de si como seus familiares (43,2%), com quem mais evitam esse tipo de assunto se comparados às “pessoas de fora” — sejam os colegas de trabalho, professores ou profissionais de saúde.

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    Saiba o que dizer a alguém em sofrimento mental

    Se, para muitas pessoas, certas expressões importantes têm perdido seus significados originais devido ao uso excessivo, a pesquisa também deixa claro como alguns dizeres ainda permanecem fundamentais para tornar um período menos difícil, seja ele uma situação de grande estresse, crises de ansiedade ou demais experiências traumáticas.

    Entre as diversas formas de se demonstrar apoio a alguém em sofrimento, a frase que mais reconforta os entrevistados pela Preply é, na verdade, algo simples, mas capaz de traduzir em poucas palavras a ideia de que se está presente para suporte emocional: “estou aqui por você”, considerada a mais acolhedora por 47,4% dos brasileiros.

    Para se sentir melhor, há quem ainda goste de ouvir que “seu bem-estar é uma prioridade” (41,8%) e que está “tudo bem pedir ajuda” (38%), falas que indicariam o quanto é importante dar atenção à saúde mental, independentemente da hora ou lugar. Também não é difícil imaginar porque “leve o tempo que precisar” (39,8%) aparece entre as favoritas dos respondentes: ao reconhecer que cada pessoa tem um ritmo próprio, a mensagem geral, portanto, valida que o tempo para se estar bem é algo muito particular.

    Metodologia

    Para compreender como a população expressa as próprias emoções, nas últimas semanas, foram entrevistados 500 brasileiros residentes em todas as regiões do país. Ao todo, os respondentes tiveram acesso ao total de 10 questões, que exploraram experiências pessoais envolvendo saúde mental, autoconhecimento e os impactos da internet nos debates envolvendo o tema. A organização das respostas possibilitou a criação de diferentes rankings, nos quais você confere o percentual de cada alternativa apontada pelos entrevistados.

    Sobre a Preply

    A Preply é uma plataforma online de aprendizagem de idiomas que conecta professores a centenas de milhares de alunos em 180 países em todo o mundo. Atualmente, mais de 40.000 tutores ensinam mais de 50 idiomas, impulsionados por um algoritmo de aprendizado de máquina que recomenda os melhores professores para cada aluno. Fundada nos Estados Unidos, em 2012, por três ucranianos, Kirill Bigai, Serge Lukyanov e Dmytro Voloshyn, a Preply cresceu de uma equipe de três pessoas para uma empresa com mais de 600 funcionários de 62 nacionalidades diferentes, com escritórios em Barcelona, Nova York e Kiev.

  • Setembro amarelo: é possível refletir sobre nossas emoções a partir da literatura?

    Setembro amarelo: é possível refletir sobre nossas emoções a partir da literatura?

    Setembro é o mês de atenção à saúde mental, quando se discute também as importantes temáticas da depressão e da prevenção ao suicídio. É a campanha Setembro Amarelo, que traz implicitamente um debate sobre a qualidade de nossas emoções. E nessa parte a literatura pode ser uma boa aliada.

    As emoções compõem as histórias, assim como as histórias impactam as emoções. Quando Machado de Assis conta a história de “Dom Casmurro”, ele nos permite visualizar as emoções do personagem, tomado pelo ressentimento. Quando Goethe apresenta em cartas “O sofrimento do Jovem Werther”, o leitor se angustia com a história de um amor impossível. Ao criar um personagem e descrever as suas emoções, os escritores franqueiam ao leitor a visualização interior do personagem, com seus sentimentos e reações emocionais. À literatura, importa uma adequada representação dos sentimentos, sensações e emoções para que os leitores vivam a história.

    Sentimos essas emoções mesmo sabendo que as histórias são inventadas. A explicação para isso é a predisposição humana para a empatia. A gente quer sentir o que outro sente, as suas emoções.

    O interessante atualmente é notar o tema emoções se tornando o assunto principal de muitas obras, didáticas e ficcionais. Aí, as emoções se tornam personagens explícitas. Não à toa, na sétima arte, quase todo mundo assistiu algum filme da série Divertida Mente, Divertida Mente 2 levou estrondosos 22 milhões de telespectadores aos cinemas, três vezes mais público que o segundo filme mais assistido.

    Creio que esse movimento de produção e busca por conteúdos emocionais não é acidental. Nesta época, as demandas são mais urgentes, e as mudanças, mais rápidas. Urgência e angústia parecem andar de mãos dadas. Tem ainda a aflição nas comparações trazidas pelas redes sociais. A atenção urgente não desliga nunca. Resultado? Mais turbulência emocional.

    Quando as histórias fazem refletir sobre nossa saúde mental: a literatura como um calmante natural

    Por Rinaldo Segundo
    Por Rinaldo Segundo

    As emoções com uma história acontecem em vários tempos. Antes de escolher um livro, já temos uma expectativa. Até as nossas escolhas de entretenimento são baseadas naquela expectativa. Já durante a experiência de leitura, sentimos as emoções da história através dos personagens, ao mesmo tempo em que as relacionamos com as nossas emoções pessoais: um acontecimento passado realizado ou frustrado, um episódio futuro imaginado.

    Assim, ao lermos uma história ficcional, dialogamos com as nossas próprias experiências e expectativas. Após ler o livro, o efeito é ainda mais enigmático. Podemos lembrar desse livro ou de um personagem marcante mesmo anos após a leitura, quando uma passagem do livro ou um personagem espelha/reflete a realidade. Aí, o livro e o personagem já fazem parte de nós, de nossa vida, de nossa história!

    Policarpo Quaresma, Brás Cubas, Capitu, Emma Bovary, Hamlet… Na televisão, o Brasil torceu para a viúva Porcina terminar a novela com o Sinhozinho Malta. Tô certo ou tô errado?

    Esta tem sido a minha experiência de leitor, que tem me mostrado também não ser incomum surgirem insights durante ou após ler o livro. Às vezes, há até revelações sobre algum aspecto da vida. No conflito do personagem, o reflexo da própria vida. Na emoção de um personagem marcante, como se diante de um espelho, apresentam-se as próprias questões do leitor.

    É claro que isso não acontece sempre: as histórias podem ser triviais ou ruins, e os personagens, inexpressivos. Mas se as histórias mexem conosco, elas serão lembradas muito tempo depois, como parte de nossas reflexões e memórias. Fazemos isso automaticamente, dia após dia, sem racionalizar.

    Amamos histórias que nos emocionam, amamos histórias para nos emocionarmos. Eu, você, a tia do zap…Amamos também histórias que nos impactam, causando reflexão. Assim revemos a nossa própria vida pelos passos de um personagem, assim criamos memórias para pensar o futuro.

    Um livro gera emoções e estimula reflexões, como apresentado acima. Mas na minha experiência de leitor, acontece um plus: noto a leitura me desacelerando desse mundo apressado que vivo, que vivemos, principalmente, às noites e aos finais de semana. É curioso, mas parece que o tempo da leitura é mais lento e menos exigente que o tempo das telas. Com mais ensejo à imaginação e menos oportunidade à atenção, a leitura faz um bem danado, como um calmante natural (o livro não pode ser do Stephen King!). Também por isso, a leitura é uma forma especial de poder.

    *Rinaldo Segundo é promotor de justiça e atua, principalmente, na área de homicídios e crimes sexuais contra crianças e adolescentes, onde sente diariamente as emoções alheias refletidas em si. Formado em Economia e Direito, com mestrado em Desenvolvimento Sustentável (Harvard Law School), também é autor do recém-lançado livro de contos Emoções: A Grandeza Humana” (144 páginas, Editora Labrador). Inspirada em sua vivência profissional, a obra expõe dramas sociais da atualidade e as emoções como ponto comum na experiência humana.

  • Setembro Amarelo e a qualidade de vida nos municípios

    Setembro Amarelo e a qualidade de vida nos municípios

    Apesar do tabu que ainda envolve a saúde mental, o Brasil é um dos países que mais investe em políticas públicas que demandam o trabalho de profissionais da área.

    No entanto, podemos observar que isso não é o bastante para melhorar os índices brasileiros, já que a saúde mental da população está diretamente ligada a boas condições de vida nos municípios, sobretudo nas periferias. Nós, psicólogos, que trabalhamos com políticas públicas na área da saúde, educação e assistência social, lidamos diariamente com os reflexos nefastos das dificuldades e desigualdades sociais.

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    Marisa Helena Alves

    O país hoje lidera o ranking mundial de ansiedade e outras doenças mentais. Temos mais de 18 milhões de indivíduos no Brasil com ansiedade patológica, índice superior a 9,3% da população [conforme a Organização Pan-Americana da Saúde], que infelizmente é acarretado principalmente por questões como desemprego, baixos salários, jornadas de trabalho extenuantes, transporte público ruim, aumento da violência, poucas opções de lazer e por aí vai.

    Não tem como falar em saúde mental sem antes olhar para todas essas questões socioeconômicas. Existem hoje milhares de pessoas que, mesmo vivendo dentro da cidade, estão fora dela, porque não conseguem participar daquilo que a cidade pode oferecer. A elas falta o básico: moradia, alimentação e até roupas.

    Penso que as reflexões da campanha Setembro Amarelo são muito pertinentes em um ano de eleições envolvendo cerca de 5 mil municípios brasileiros. Temos que pensar em como o voto de cada um de nós é fundamental para construir cidades mais humanizadas, acolhedoras, e que não virem as costas para a parcela da população mais pobre, mas, que ao contrário, ofereçam oportunidades de desenvolvimento humano e profissional para todos e todas.

    Cuiabá ainda passa por problemas de ordem climática e ambiental que exigem ações de enfrentamento urgentes. Começamos o mês de setembro com mais de 130 dias sem chuva, ondas de calor que superam 40ºC, baixa umidade relativa do ar e excesso de fumaça advindo das queimadas. Não tem como falar em qualidade de vida, bem-estar e saúde mental em um cenário tão inóspito!

    Outra pauta que venho debatendo compreende a ampliação e o fortalecimento da rede de atenção à saúde mental. Cuiabá, mesmo sendo a capital mato-grossense, possui apenas um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) álcool e drogas, um CAPS infantil e três CAPS para transtornos mentais, número insuficiente para atender os seus 682,9 mil habitantes. No interior, a situação deve ser ainda pior.

    A pergunta que fica é: qual cidade gostaríamos de viver? A minha resposta sem dúvida é o desejo da maioria, estar em uma cidade inclusiva, segura, acolhedora e solidária, onde haja estudo, trabalho e serviços públicos que funcionem. Queremos de volta nossa cidade verde com espaços agradáveis e gratuitos de lazer, como parques, praças e florestas urbanas. Sonhamos com a valorização da cultura, do esporte e do lazer.

    Em resumo, como diz a música do Legião Urbana, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. A gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte. A gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão, balé. A gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer”.

    Isso significa que queremos muito ser felizes e prósperos na cidade onde escolhemos morar e construir a nossa família. O que vem nos exigir o exercício consciente e inteligente do voto. Chegou a hora de sair de debates vazios para priorizar candidatos que tragam soluções para questões importantes para as nossas cidades. Temos que sair da bolha do individualismo, da competitividade e do imediatismo para poder construir cidades verdadeiramente humanas, colaborativas e saudáveis para nós e as futuras gerações, já que tudo isso também é investir em saúde mental!

    Marisa Helena Alves, psicóloga, mestre em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco, especialização em Saúde Mental, Psicanálise e Educação na UFMT.

  • O jornalismo e o compromisso com a verdade

    O jornalismo e o compromisso com a verdade

    A responsabilidade de um jornalista não está apenas em contar histórias, mas em contar as histórias certas, de forma justa e verdadeira. Ao longo da minha carreira como advogado e gestor público, sempre respeitei o trabalho da imprensa. Mas isso mudou há quatro anos, quando meu nome e a minha reputação foram fortemente abalados pela publicação de matérias me acusando injustamente de um crime sem a devida apuração dos fatos.

    Como profissional, sempre me dediquei a oferecer o melhor, cumprindo minhas funções com zelo e comprometimento. No entanto, minha trajetória foi manchada por acusações infundadas, sem que me fosse dada a oportunidade de me defender de maneira justa e adequada. Eu me senti lançado a um tribunal onde a sentença já estava decretada antes mesmo que os fatos fossem devidamente checados.

    Isso aconteceu há quatro anos, em 2020, durante as eleições da autarquia dos engenheiros de Mato Grosso, quando uma jornalista contratada pela entidade gravou, sem o meu consentimento, uma conversa, depois usou esse áudio – alguns meses depois – construindo uma narrativa falsa para me denunciar na esfera administrativa e policial por uma suposta prática de constrangimento ilegal.

    A situação se agravou com a publicação de matérias que me acusavam de assédio moral. Enfrentei uma repercussão negativa que foi devastadora, que afetou não apenas a mim, como a gestão da qual fazia parte e tentava a reeleição. Na época, fui submetido a um verdadeiro linchamento público sem qualquer compromisso com a verdade.

    Aqueles que já enfrentaram acusações inverídicas e viram sua reputação ser arrastada pela vala, especialmente por coberturas jornalísticas sem o devido zelo, compreenderão o que senti naquele momento: um misto de desamparo, revolta e humilhação. Essa experiência dolorosa me fez refletir profundamente sobre o poder e a responsabilidade que acompanham a prática jornalística.

    Em um mundo onde a informação circula rapidamente e as narrativas são facilmente moldadas, é essencial que a imprensa exerça seu papel com rigor ético e um compromisso inabalável com a verdade. Cada palavra publicada tem o potencial de influenciar vidas, moldar opiniões e determinar destinos. Por isso, é fundamental que o jornalismo não se transforme em um instrumento de julgamento precipitado, mas sim em um pilar de investigação criteriosa e justiça.

    A minha vivência reforça a importância de um jornalismo que, antes de buscar a manchete mais impactante, busque divulgar a verdade em toda sua complexidade, já que a responsabilidade social do jornalista não reside apenas em informar e sim em assegurar que essa informação seja correta e contextualizada. Um compromisso verdadeiro com a apuração dos fatos é o que diferencia uma imprensa responsável de um simples difusor de boatos.

    Além disso, essa experiência me mostrou que, como sociedade, precisamos ser mais críticos e conscientes no consumo de informação. Não podemos aceitar passivamente tudo o que nos é apresentado. Devemos buscar fontes confiáveis, questionar o que lemos e entender que, por trás de cada notícia, há vidas reais que podem ser profundamente impactadas por aquilo que é divulgado.

    Em última análise, esse episódio, por mais doloroso que tenha sido, está me oferecendo a oportunidade de contribuir para um diálogo construtivo sobre o papel do jornalismo em nossa sociedade. É um chamado para que todos nós – jornalistas, leitores e cidadãos – reflitamos sobre o poder das palavras e sobre a importância de utilizá-las com responsabilidade, integridade e respeito. A verdade deve sempre prevalecer, e só por meio dela podemos construir uma sociedade mais justa e informada.

    Átila Kleber Oliveira Silveira, advogado em Cuiabá (MT)

  • Biológicos: Liderança sustentável

    Biológicos: Liderança sustentável

    *Por Reinaldo Bonnecarrere – Engenheiro Agrônomo, mestre em Nutrição de Plantas e doutor em Fisiologia Vegetal. Diretor de Biológicos LATAM da Indigo Agricultura.

    Os produtos biológicos já são uma realidade consolidada para proteção de cultivos, fertilidade do solo, promoção do crescimento das plantas, bem como para melhorar a adaptação das lavouras às mudanças climáticas, em especial no que diz respeito ao aumento de temperatura. Vamos dar uma olhada em alguns números para comprovar.

    Em 2023, o mercado de bioinsumos no Brasil foi calculado em mais de R$ 6 bilhões, com cerca de 80% desse valor sendo da categoria de biodefensivos e outros 20% de bioinoculantes, indicam números da Associação Nacional de Promoção e Inovação da Indústria de Biológicos (ANPII Bio). 

    O segmento no Brasil tem uma previsão de crescimento anual de 16,6% em área tratada até a safra 2027/28, representando o maior avanço dentro do setor de insumos agrícolas, aponta levantamento da CropLife Brasil. De acordo com esta mesma pesquisa, a taxa média anual de crescimento do mercado brasileiro nos últimos 3 anos foi de 21%, quatro vezes acima da média global. Mundialmente, o segmento registrou incremento entre US$ 13 e 15 bilhões em 2023, e tem expectativa de avanço entre 13% a 14% até 2032, devendo chegar a US$ 45 bilhões em giro de negócios no período.

    Esses dados comprovam que o Brasil é um dos grandes protagonistas mundiais no segmento. Uma parte relevante dos produtores utiliza biológicos em seus cultivos, e o país é um dos poucos a adotá-los em culturas de natureza extensiva como soja e milho.

    Os produtos biológicos são, em grande parte, tecnologias desenvolvidas a partir de microrganismos vivos para combater pragas e doenças no campo, promover o crescimento das plantas e melhorar a fertilidade do solo. Eles funcionam aproveitando a interação natural entre esses organismos. Essa abordagem é respaldada pela ciência e tem como uma de suas vantagens preservar melhor o equilíbrio ecológico por meio de um manejo integrado em parceria com insumos convencionais.

    Muitas dessas soluções acentuam a atividade metabólica das plantas, levando a uma maior e melhor absorção e fluxo dos nutrientes; fortalecem a estrutura fisiológica, elevando a resistência dos cultivos a condições adversas do clima; além, claro, de contribuírem de sobremaneira para o aumento da matéria orgânica e consequente fertilidade do solo.

    Razões do avanço 

    O tradicional uso exclusivo de produtos químicos para proteger as lavouras tem levado ao aumento da resistência de pragas e doenças. Além disso, o uso sem critérios pode causar danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.

    Com essa nova perspectiva, o uso de produtos biológicos tem se expandido não apenas por garantir eficácia na proteção dos cultivos, ao mesmo tempo que mitiga efeitos colaterais dos químicos, mas também por promover melhorias na saúde do solo e das plantas, e assim, consequentemente, funcionarem também como indutores de maior produtividade. 

    Os produtos biológicos acentuam, por exemplo, a promoção da biodiversidade, incidem somente sobre o alvo – preservando o equilíbrio da fauna –, apresentam ação mais prolongada e, lá no início da sua cadeia produtiva, exigem menor uso de insumos para sua fabricação, bem como não derivam de fontes fósseis. E é justamente este último ponto, associado à característica natural de serem originários de fontes naturais, que dão aos biológicos a vantagem de contribuírem para uma agricultura cada vez mais sustentável.

    Peça-chave do manejo 

    O uso de produtos biológicos já é uma realidade concreta, promissora e sustentável. Seus benefícios ambientais, assim como suas respectivas entregas na esfera econômica e relacionadas à saúde, posicionam os biológicos como peça-chave do manejo sanitário das lavouras e para o desenvolvimento de sistemas agrícolas mais resilientes, produtivos e ecologicamente equilibrados diante do contínuo aumento da temperatura global. 

    Dados da FAO e OCDE apontam que a oferta mundial de alimentos precisa aumentar em cerca de 20% nos próximos dez anos. Para que esta meta seja atingida, o Brasil deve contribuir com 40% deste crescimento. 

    Este desafio foi posto naturalmente ao Brasil exatamente pelo fato de que o modelo de agricultura tropical desenvolvido aqui no nosso país é o único capaz de elevar a produção por meio de ganhos de rendimento e em acordo com a proteção ambiental e as mudanças climáticas. 

    Foi a ciência desenvolvida não só pela Embrapa, mas nas universidades, institutos públicos, assim como também no setor privado nacional, a fiadora para o sucesso do agro brasileiro. Com base neste raciocínio, a continuidade da pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos e técnicas prometem expandir ainda mais as possibilidades e a eficácia do controle biológico, contribuindo para uma agricultura mais sustentável e segura.

    Sobre a Indigo Ag

    A Indigo Ag é uma empresa global de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para uma agricultura mais sustentável. Fundada em 2013, e já presente em 14 países, ela se destaca, dentre outros fatores, por ser uma das únicas no mundo desenvolvendo biológicos de alta performance a partir de microrganismos endofíticos associados a bioinformática e data science. Através do uso da ciência e da tecnologia a Indigo transforma a sustentabilidade em valor para agricultores, agronegócios e corporações.  

  • Desconhecimento e equívocos travam a comunicação do agro brasileiro

    Desconhecimento e equívocos travam a comunicação do agro brasileiro

    Ao longo de pouco mais de três décadas atuando na área de comunicação e, eventualmente, no marketing (tenho as duas formações), vi muita gente necessitando de uma coisa, mas comprando outra (e vice-versa). No âmbito da comunicação, existe ainda muito desconhecimento sobre o que é publicidade e como funciona o jornalismo, por exemplo. Isso vale para cidadãos, pequenas empresas e até grandes conglomerados.

    No agro, esta confusão não é diferente e possivelmente seja mais acentuada em virtude das fortes necessidades que diversas cadeias produtivas têm em informar e colocar seus produtos nos mercados interno e externo. Quando o assunto é comunicação e marketing, o segmento vira e mexe considera um como sinônimo do outro. E não é assim.

    Isso não quer dizer que o marketing e a comunicação não possam trabalhar juntos. Ao contrário.  Em inúmeras situações é o que acontece, pois se complementam e se apoiam em vários aspectos. Mas a não compreensão de suas funções e aplicações específicas tende a levar ao mal uso e dispêndio financeiro. Eu já vi iniciativa com orçamento de R$ 18 milhões para “mudar a imagem do agro”. Pura utopia! O dinheiro foi embora e nada aconteceu. Além disso, eu me preocupo muito quando “pitacos” decisivos sobre ações de promoção da imagem do agro brasileiro são dados por quem não tem a vivência no campo e nunca ‘pisou em bosta de vaca’!

    É bom esclarecer que no escopo empresarial, boa parte das vezes a comunicação atua dentro da aba do marketing. No entanto, existem muitas organizações com organogramas fixando a comunicação diretamente ligada à diretoria/presidência, ficando o marketing junto à diretoria comercial.

    Marketing e venda

    A definição mais simples e objetiva que conheço (e adoto) para marketing é “fazer você comprar de mim”. Podemos, portanto, entender que o marketing trabalha para viabilizar a venda, seja de um produto, de um serviço ou mesmo de uma ideia. Na política, por exemplo, busca convencer você a ‘comprar’ um programa partidário, de governo e/ou a imagem/conceito de um candidato.

    Em muitas situações este procedimento precisa se repetir para atingir um objetivo. É o caso do marketing no agro.  Ele é ferramenta fundamental, por exemplo, para que o mercado compre a ideia do perfil sustentável da pecuária brasileira. Tanto para quem está lá fora (mercados internacionais) quanto aqui dentro (consumidor brasileiro). Vencida esta etapa, o marketing continua atuando para vender a mercadoria (carne, sobretudo) atrelada à sua origem e condições de produção.

    Comunicação e reputação

    Mas experimente vender algo que esteja com a imagem maculada, fraca, péssima ou com nenhuma reputação. Será complicado! Antes de qualquer coisa é necessário botar em campo os recursos da comunicação (dentre eles as habilidades dos profissionais de publicidade e propaganda e de jornalismo, por exemplo).

    É bom deixar claro que criar reputação para um produto, serviço ou ideia, não funciona de forma pontual. Exige um processo, ou seja, não se faz do dia para a noite e deve ser uma constante. Já vi muito negócio dispensando a comunicação para se arrepender no primeiro ‘incêndio’. A comunicação vai muito além do que funcionar como bombeiro em gestão de crise. Além disso, pressupõe uma via de mão dupla de informações. Do emissor para o receptor e o retorno deste para o emissor (feedback).

    Portanto, pra vender bem, reputação é fundamental. “Mas Ariosto, meu produto é bom. Já temos mais de 100 mil seguidores no Instagram”. Popularidade é coisa boa, mas não significa necessariamente reputação e respeito. Além disso, seguidores e likes em redes sociais são termômetros efêmeros, recomendáveis para uma leitura de momento. O “social mídia” é uma nova peça da engrenagem, mas longe de ser a solução. Atende uma natural e justa demanda das organizações para se manterem vivas e ativas nas mais diversas plataformas digitais, desde que se tenha conteúdo original e estratégico à disposição.

    Por isso é importante que as organizações profissionalizem sua comunicação. Para galgar e manter prestígio, renome e assegurar um fluxo transparente de informações entre a marca e a sociedade, quem já trabalhou com bons profissionais não abre mão da sua assessoria de imprensa. Do empresário ao jogador de futebol; do médico ao artista; do frigorífico ao produtor rural (sim, seja agricultor ou pecuarista – pessoa física ou jurídica).

    Converso e convivo com muitos produtores. É praticamente consenso entre eles de que o agro brasileiro consegue até se comunicar entre si (dentro da porteira, por exemplo), mas com a sociedade, ainda é um desastre. O assunto é amplo, importante e não se pode esgotá-lo em um artigo. É fundamental o debate e os esclarecimentos. Lá fora ainda existe uma visão por vezes demoníaca sobre alimentos produzidos no Brasil. Nosso agro precisa fazer a sua parte e investir em reputação.

    (*) Jornalista, pós-graduado em Administração de Marketing e Comércio Exterior e mestre em Produção e Gestão Agroindustrial. É consultor de comunicação, colaborador da Revista DBO, membro fundador da AGROJOR (Associação Rede Brasil de Jornalistas Agro) e ex-professor de Comunicação (UFMS, Estácio de Sá, UCDB e UNIP)   – ariostomesquita@gmail.com – 67-99906-1859

  • Estratégias para encantar e reter clientes

    Estratégias para encantar e reter clientes

     
    Rafaelle Castro

    Em um mundo cada vez mais conectado e competitivo, o atendimento ao cliente se destaca como um diferencial essencial para o sucesso de qualquer empresa. Não se trata apenas de responder a uma dúvida ou resolver um problema; é uma oportunidade de criar uma conexão significativa com o cliente, fortalecer a marca e garantir que o cliente viva uma experiência positiva com você.

    Dentro desse contexto, três elementos se destacam como fundamentais para um atendimento de qualidade: a comunicação, a imagem pessoal do atendente e a inclusão. A imagem é o cartão de visitas, já que é o primeiro contato que o cliente tem com a empresa. Em muitos casos, essa impressão inicial pode definir o tom de toda a interação. Mas uma apresentação pessoal adequada não se resume ao vestuário, envolve comportamento, postura e linguagem corporal e boa comunicação (diálogo).

    A forma como um atendente se apresenta como muito sobre a empresa transmitindo confiança, profissionalismo e empatia. Um atendimento de qualidade exige que esse profissional esteja ciente da importância da sua aparência e conduta como sinal de respeito, ao cliente quanto e à empresa. Além disso, um sorriso genuíno e uma postura aberta podem fazer toda a diferença na criação de um ambiente acolhedor e receptivo.

    A linguagem utilizada no atendimento é parte integrante da imagem pessoal. Falar de forma clara e respeitosa, evitando gírias e expressões inadequadas, contribui para a construção de um diálogo eficiente e produtivo. A escuta ativa, em que o atendente realmente ouve o que o cliente tem a dizer, faz parte desse pacote, já que demonstra interesse verdadeiro em resolver a situação apresentada, aumentando o clima de confiança.

    A inclusão é outro pilar crucial para um atendimento de qualidade. Em uma sociedade cada vez mais diversa, é imperativo que as empresas estejam preparadas para atender todos os tipos de clientes, independentemente de sua idade, gênero, etnia, orientação sexual ou condição física e mental. A inclusão vai além de garantir acessibilidade, visa tratar cada cliente com o respeito e a dignidade que merecem.

    A implementação de práticas inclusivas na empresa começa com a conscientização e o treinamento da equipe. Os colaboradores precisam estar preparados para lidar com diferentes situações e compreender a importância de respeitar as necessidades individuais de cada cliente.

    Falar em inclusão é falar em empatia, é quando a empresa se dispõe a compreender as diferentes realidades de quem busca seus serviços ou produtos. Um atendimento inclusivo, portanto, busca promover um ambiente onde todos se sintam acolhidos e respeitados. Além de oferecer uma ótima experiência ao cliente, essa postura fortalece a imagem da empresa como uma marca socialmente consciente.

    Em última análise, um atendimento que une esses elementos contribui não apenas para a satisfação do cliente, também é fundamental para a construção de uma marca sólida e respeitada e de uma sociedade melhor! Empresas que investem na formação de seus atendentes e na criação de um ambiente inclusivo colhem os frutos de uma clientela fiel e satisfeita, fortalecendo sua posição no mercado. Vamos juntos viver essa jornada?

    Rafaelle Castro, palestrante com formação em Gestão de Pessoas e Organizações, pós-graduada em Liderança e Gestão Organizacional, diretora executiva da Gestão Super MT. 

  • O ego e a vaidade nas casas religiosas – Quando a simplicidade perde espaço para o supérfluo!

    O ego e a vaidade nas casas religiosas – Quando a simplicidade perde espaço para o supérfluo!

    A espiritualidade, em sua essência, deveria ser um espaço de cura, acolhimento e crescimento interior. No entanto, em muitas casas religiosas, o ego e a vaidade se infiltram nas práticas espirituais, desviando o foco da simplicidade que tanto cura. Este artigo busca refletir sobre como essas distorções impedem que a verdadeira fé e simplicidade sejam valorizadas, destacando o poder curativo de uma vela e um copo de água.

    No ambiente nas casas religiosas, a busca pelo poder, status ou reconhecimento pode criar um espaço onde o ego prevalece. Em vez de buscar a pureza da fé, muitos se perdem em rituais complexos, adornos excessivos e na necessidade de demonstrar superioridade espiritual. Essa vaidade, muitas vezes, impede que o simples seja reconhecido como potente, criando uma barreira para a verdadeira cura.

    Em contraste, a cura espiritual verdadeira não necessita de grandes aparatos ou demonstrações de poder. Uma vela, símbolo de luz e guia, junto a um copo de água, elemento purificador e condutor de energias, são suficientes para realizar profundas transformações. Quando utilizados com fé, esses elementos simples se tornam veículos poderosos de cura, capazes de dissolver energias densas e trazer clareza espiritual.

    É essencial resgatar a simplicidade das práticas espirituais, lembrando que o que verdadeiramente importa é a intenção e a fé depositadas nos rituais. A conexão com o divino não requer excessos, mas sim, pureza de coração e humildade. Somente quando abandonamos o ego e a vaidade, podemos nos abrir para as curas mais profundas, que se constroem através da fé simples, mas poderosa.

    Para que a espiritualidade cumpra seu papel curativo, é necessário que as casas religiosas se reavalie e resgatem a simplicidade que os torna sagrados. A cura, muitas vezes, está nas coisas mais simples – uma vela, um copo de água e uma fé inabalável. É hora de permitir que o simples seja novamente visitado e honrado como o verdadeiro caminho para a cura.

    *Kamila Garcia é bacharel em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Atualmente, ela equilibra sua rotina entre o trabalho e estudos em Psicanálise e Psicologia Positiva, além de se dedicar às terapias holísticas. Como coach, Kamila utiliza seus conhecimentos para compartilhar insights sobre espiritualidade, ajudando seus clientes a alcançar um maior bem-estar e autoconhecimento.

  • Potencial das pastagens brasileiras e o avanço na produção sustentável de carne bovina

    Potencial das pastagens brasileiras e o avanço na produção sustentável de carne bovina

    Para a eficiência na produção de carne bovina, particularmente no contexto de animais mantidos a pasto, é crucial minimizar custos e maximizar índices produtivos, garantindo o sucesso financeiro da operação.

    No cerne da produção de carne desses bovinos está o manejo meticuloso das culturas forrageiras e outras práticas essenciais para o sucesso da atividade.

    O sistema se inicia na escolha de gramíneas e outras culturas forrageiras, que devem respeitar as características locais de solo, clima e sazonalidade anual.

    Neste contexto, um sistema bem planejado, aliado à adequada adubação, permite potencializar a taxa de lotação e propicia uma forragem de melhor qualidade, com boa disponibilidade, por maior tempo. Além disso, é possível considerar que o animal alocado em um sistema bem planejado fará menor deslocamento em busca de nutrientes, favorecendo o consumo, reduzindo gastos energéticos e, consequentemente, aumentando a produção.

    O primeiro ponto a se considerar é a condição do solo e a necessidade de correção. A coleta de amostras e análises regulares da terra e também da forragem são essenciais para determinar a disponibilidade de nutrientes, incluindo níveis de proteínas, energia, fibras e minerais. A compreensão da composição nutricional da forragem permite um melhor aproveitamento da área disponível, além de direcionar a formulação de uma dieta de suplementação mais precisa.

    Outro ponto importante é prevenir o subpastejo e o superpastejo, ajustando taxas de lotação e adotando sistemas de manejo que promovam a regeneração da pastagem. Isso significa entender a realidade de cada propriedade para poder adotar a prática que melhor se enquadre.

    Existem alguns modelos mais comumente utilizados, sendo o pastejo contínuo um dos principais sistemas adotados por conta da praticidade. É uma possibilidade que precisa de atenção no ajuste da quantidade de animais de acordo com a disponibilidade de forragem, visto que os animais permanecem o tempo todo na mesma área.

    Outra estratégia mais interessante é o pastejo rotacionado, que consiste na utilização de dois ou mais piquetes, que são alternados para que um esteja em uso, e os demais, em descanso e rebrota da forragem. Nesse caso, o produtor precisa ajustar a lotação e também se atentar para o momento correto de entrada e saída dos animais de acordo com a altura de cada cultura forrageira. Este sistema, se trabalhado corretamente, permite melhor aproveitamento na colheita da forragem, maximizando a produção de gado a pasto.

    Essas práticas de manejo planejados não só sustentam o ecossistema, mas também aumentam a capacidade de suporte do solo e o sequestro de carbono. Além disso, pastagens bem geridas atenuam os processos de erosão do solo e melhoram a biodisponibilidade dos nutrientes, tornando o sistema capaz de se manter ao longo dos anos, o que implica em um processo produtivo sustentável. Ao aproveitar o potencial regenerativo dos próprios animais que pastam, os produtores contribuem para a restauração de pastagens degradadas e para a preservação dos ecossistemas naturais.

    Na sequência, o próximo passo se dá pela escolha da forrageira mais adequada, que deve respeitar a meta produtiva, a região de inserção, a sazonalidade e o aporte nutricional. No Brasil, a predominância do cultivo de forragens direcionadas aos bovinos são gramíneas, principalmente as Brachiarias (Urochloa spp.) e os Panicuns (Megathyrsus spp). Apesar disso, por ser um país de grandes dimensões, com variedade de solo, temperatura e pluviosidade, os produtores têm diversas outras possibilidades a serem direcionadas para cada região, inclusive de algumas leguminosas como a aveia e a leucena. Ao escolher uma cultura adequada, o produtor consegue planejar as demais estratégias nutricionais em busca de atingir os objetivos de produção.

    Entre as possibilidades de complementação do aporte nutricional para os animais, a suplementação se dá como excelente alternativa, já que é de fácil acesso ao produtor. O mercado oferece hoje uma série de produtos prontos para uso ou para formulações de dietas à pasto, contemplando os diferentes períodos do ano e as diferentes defasagens na pastagem que precisam ser supridas. Ou seja, projetar uma estratégia nutricional ideal para a produção de carne bovina alimentada a pasto envolve equilibrar as necessidades nutricionais do gado com os recursos forrageiros disponíveis.

    Nesse ponto, é importante desenvolver uma dieta balanceada que atenda às exigências nutricionais do gado nas diferentes fases de produção (ex.: crescimento, terminação, lactação). Além disso, é necessário considerar fatores como idade, peso, estado fisiológico e metas de produção, ao formular dietas. Assim, é possível determinar a necessidade de suplementação somente mineral, proteica ou ainda proteica energética.

    O planejamento nutricional correto evita que o produtor utilize estratégias onerosas sem necessidade, além de permitir que as exigências sejam atendidas e os ganhos projetados sejam alcançados. O ajuste das dietas de suplementação deve então compreender o desempenho desejado, as mudanças na qualidade da forragem e as variações sazonais, que são altamente impactantes na qualidade e disponibilidade da forragem.

    Outro ponto de extrema importância e muitas vezes esquecido é o acesso a água limpa e fresca para todos os animais, essencial para a digestão adequada, absorção de nutrientes e saúde geral. Monitorar regularmente as fontes de água para evitar a contaminação e garantir o abastecimento adequado, especialmente durante períodos de seca ou altas temperaturas, pode ter grande impacto na produção.

    Por fim, o investimento em uma infraestrutura adequada, com sistemas de água, cercas e instalações para facilitar o manejo eficiente do rebanho é o complemento de uma atividade bem gerida. Instalações bem concebidas podem agilizar as operações diárias, reduzir os requisitos de mão-de-obra e minimizar o estresse, tanto do gado como dos trabalhadores.

    Além disso, é essencial manter registros detalhados do desempenho do rebanho, como taxas de crescimento, eficiência reprodutiva e estado de saúde, incluindo as movimentações de gado e dados de fornecimento de suplementação, analisando-os regularmente para identificar áreas de melhoria e tomar decisões de gestão mais eficientes.

    O pasto sempre foi uma ferramenta de fácil acesso para o produtor e, se bem utilizada, pode trazer resultados satisfatórios. Ao implementar estas estratégias, é possível aumentar a eficiência nos sistemas de produção, melhorando o desempenho, a rentabilidade e a sustentabilidade, mantendo o sistema viável.

    É importante ressaltar que o sistema de pastagens é dinâmico e está em constante transformação, assim como os animais, e deve ser monitorado regularmente, possibilitando os ajustes necessários, tanto da forragem como da suplementação nutricional, essenciais para o sucesso a longo prazo na produção de carne bovina alimentada a pasto. Neste ponto, investimentos em pesquisa e extensão são essenciais para disseminar as melhores práticas e aumentar a produtividade dos sistemas baseados em pastagens.

    As referências bibliográficas encontram-se com o autor.

    Wellington Luiz de Paula Araújo é zootecnista, doutor em Nutrição e Produção Animal e analista de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da Premix.

  • Investir em imóveis é sempre um bom negócio. E agora mais ainda!

    Investir em imóveis é sempre um bom negócio. E agora mais ainda!

    O mercado de investimentos tem experimentado momentos de grande volatilidade nos últimos anos, o que consequentemente aumenta os riscos dependendo de onde se aportam recursos, como por exemplo em ações de empresas da área de tecnologia. Mas já há muito tempo existe um ativo que, se não der grandes lucros, dificilmente trará prejuízos: imóveis.

    Assim como os demais setores, o imobiliário também tem seus momentos de alta, ou seja, em que o ambiente econômico se mostra mais propício a esse tipo de investimento. É o que se apura em relação a este ano de 2024. Recentemente, um importante veículo de comunicação divulgou uma tabela de valorização dos imóveis colocando Cuiabá com um índice de 6,4%, bem acima da inflação do período medido, que foi de 4,6%.

    Existem vários fatores que contribuem para isso. Um deles é a Selic, a taxa básica de juros da economia. Quanto mais baixa ela estiver, mais recursos migram para investimento em imóveis. Mesmo que haja uma estagnação, o valor nunca vai ficar abaixo do que foi comprado, vai ser sempre maior. Outro é o déficit habitacional, que faz com que a demanda seja alta, tanto para compra como para aluguel. Neste segundo caso, ele se torna uma forma de gerar renda para o proprietário.

    Mato Grosso, em especial, vive um momento de grande aquecimento do setor imobiliário ancorado na pujança do agronegócio. Por exemplo, a safra de algodão. Foi a primeira vez na história que batemos a agricultura americana, em específico aqui no Mato Grosso, e isso vai trazer um bom dinheiro para o estado. O ambiente de recuperação ante um 2023 abaixo das expectativas certamente impactará na comercialização de imóveis de alto padrão, sejam eles comerciais ou residenciais. E a perspectiva de valorização desse tipo de empreendimento é ainda maior.

    Voltando à questão dos fatores, outro que pesa bastante é a segurança do investimento. Tanto a de que se trata de um bem que estará ali sempre à disposição quando você precisar, como a de que não perderá seu valor, salvo em casos extraordinários. É diferente de um aporte em ações, para não sair do exemplo inicial, de uma empresa como uma big tech, que cresce de forma exorbitante e, de repente, despenca em valor de mercado.

    O imóvel que você compra hoje daqui a uns 10 anos não vai ter o mesmo valor. Ele vai estar sempre um pouco acima da inflação. A economia pode estar ruim, mas ele estará sempre lá como uma segurança. Em algum dado momento, no futuro, quando a economia melhorar, ele certamente experimenta um crescimento. A valorização do metro quadrado é muito maior que qualquer outro tipo de investimento, reforço.

    É importante atentar, no entanto, para alguns fatores que podem influenciar nessa valorização. Investir em imóveis de uma construtora/incorporadora que tem know how e atua já há bastante tempo no setor, além de dar mais segurança ao investidor, se torna uma garantia de revenda facilitada pela confiança conquistada no mercado. Isso é fato!

    Por fim, vale também destacar uma outra modalidade de investimento como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Hoje empreendimentos no interior de Mato Grosso contam com parcerias importantes na área de Mercado de Capitais mostrando que os investidores estão abrindo os olhos para oportunidades fora do eixo Rio-São Paulo, principalmente em cidades polo do agronegócio.

    Orlando Carlin Malteze é contador por formação, especialista em relações

    com investidores e diretor financeiro da Edificatto Incorporadora