Categoria: ARTIGOS

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  • Dia do Médico: uma data, tantas perspectivas

    Dia do Médico: uma data, tantas perspectivas

    18 de outubro é o dia do médico, esse profissional tão importante na sociedade. A data é em alusão a São Lucas, um apóstolo que teria atuado na área da medicina, embora não haja evidências dessa atuação. Mas deixemos o caráter religioso e foquemos na prática. Essa é uma data, mas há tantas perspectivas.

    Hoje é um dia para valorizarmos esses profissionais que tratam os pacientes, previnem doenças e, é claro, promovem a saúde. Cabe a nós, assim como a outros atores da área, a conscientização sobre os cuidados para uma vida saudável, o incentivo à população para buscar atendimento e acompanhamento, quando necessário.

    Atualmente, o Brasil conta com mais de 570 mil médicos, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), destes 20.972 mil representam profissionais titulados em ortopedia e traumatologia. A densidade indica 3 profissionais para cada 1 mil habitantes. É um número que poderia ser melhor. Poderíamos ter melhores condições de trabalho (observem aqueles que atendem na rede pública, com estrutura precária), remuneração equivalente.

    O incentivo, inclusive, não fica só para os pacientes, mas também, para aqueles que também se aventuram nesse ambiente da Medicina, cheio de sabores e dissabores.

    A profissão é, sim, bela. Nela atuamos ainda no fortalecimento do papel social, elaborando políticas públicas e incentivando o desenvolvimento científico. Lembremo-nos da época da pandemia da covid-19, em 2020. A corrida contra o tempo na busca de tratamento do vírus, a luta para salvar vidas. Mas isso é o nosso dia a dia, o nosso juramento previa essa dedicação em prol do outro.

    Porém, a profissão é também, muito desgastante. São agendas lotadas, expediente em dois, três lugares, consultas atrás de consultas, pouca é a troca com quem está ali, precisando de atendimento. Grandes empresas têm adquirido redes hospitalares (há um investimento considerável em infraestrutura, sim, é preciso reconhecer), entretanto, o objetivo final tem sido o lucro. Nesse cenário ainda, os relatórios, as fichas, a grande burocracia tem nos consumido mais e mais os profissionais. O preço disso: médicos ansiosos, com BurnOut, estresse físico e emocional.

    Mas apesar de tudo isso digo: tenho orgulho em ser médico. Amo a minha profissão e parabenizo todos aqueles que dividem comigo essa missão. Agradeço também aos meus pacientes, que confiam a mim, suas vidas e me deixam cuidar de vocês com tanto carinho.

    Feliz Dia do Médico!

    Fábio Mendonça é médico ortopedista e traumatologista, cirurgião de coluna vertebral, presidente do Grupo Hospitalar HBento Saúde e membro da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC).

  • Você se ocupa mais pedindo ou agradecendo?

    Você se ocupa mais pedindo ou agradecendo?

    Obrigado

    Hoje eu acordei e agradeci. Fazia tempo que eu me esquecia de fazer isso. Passo a vida corrido, mais pedindo do que agradecendo. Sempre tão preocupado com tudo: com os boletos, com os problemas, as aflições. Tão absorto em mim mesmo e em tudo o que a vida me traz de… complicado, que eu fico cego para todas as coisas boas que me foram trazidas. Aí eu paro e penso: onde eu parei de agradecer?

    Parece até besteira, mas quantas vezes eu não tenho acordado pelas manhãs já reclamando? Seja com o despertador ou a previsão do tempo? Com o vizinho barulhento ou o cachorro latindo? Mentira, com o cachorro nunca. Mas com o vizinho, eu já perdi as contas.

    Onde foi que me tornei uma pessoa até ingrata com Deus, com a vida, com o universo? Tantas coisas boas acontecem comigo a todo momento e eu nem mesmo percebo? Quem dirá, então, agradeço. Passo batido por coisas que poderiam muito bem mudar todo o meu dia e o meu humor e sigo reclamando como se tudo ao meu redor fosse realmente ruim. E não é. Nunca foi. E tenho certeza de que nunca será.

    Então eu mesmo te pergunto: o quanto será que você tem agradecido e o quanto você tem reclamado? Ou pedido? Não posso responder por você, vou só pedir que você pare e pense. Vai ver você tem até agradecido mais. E isso é ótimo! Bom, eu não, confesso. E está na hora, inclusive, de eu mudar isso.

    Hoje eu acordei e agradeci. E percebi como muita coisa mudou no meu dia. Não que o tempo melhorou ou o sol brilhou mais forte; muito pelo contrário, o dia continuou nublado, mas eu não. Foi como se eu tivesse acendido alguma luz que havia se apagado nos meus dias. Então, se talvez você tenha esquecido um pouco de agradecer, lembre-se de olhar todas as coisas legais que acontecem à sua volta o tempo inteiro: as pequenas, as grandes, as médias, as que a gente vai passando o dia sem nem se dar conta.

    E se você olhar à sua volta e achar que o teu dia está muito nublado, lembre-se que a luz de verdade, o sol, o brilho, está sempre aceso em algum lugar dentro do teu próprio ser. Agradeça por ter acordado. Agradeça por estar vivo. Agradeça por ter lido esse texto. Agradeça porque amanhã é e sempre será um novo dia. Ah, e eu já ia me esquecendo: se você chegou até aqui, obrigado por ter lido. Eu sou o Enrico Pierro e te vejo aqui na próxima semana.

  • As Bets e o jogo patológico

    As Bets e o jogo patológico

    No final de Setembro tivemos a revelação estarrecedora de uma transferência de bilhões de reais de recursos do Bolsa Família para as contas das Bets, sites de apostas esportivas on-line. A geração que mais faz apostas dessa modalidade foi a Z (de 16 aos 27 anos), mas tem gente de todas as idades jogando o leite das crianças nas apostas . Os algoritmos são desenhados para superestimular os jogadores em busca do pico de prazer da aposta-expectativa-frustração e busca de recuperação do dinheiro perdido. Esse texto vai falar sobre esse círculo vicioso e seus efeitos.

    O DSM V, manual diagnóstico e estatístico da Associação Psiquiátrica Americana, já tinha classificado o Transtorno de Jogo Patológico como uma Dependência Comportamental desde 2013. Isso quer dizer que esse transtorno equivale a uma adicção semelhante (eu diria pior) a um dependente de Cocaína ou Heroína.

    Geralmente almoço na cozinha do meu consultório, ouvindo resenhas esportivas de Youtube. Invariavelmente, elas são patrocinadas pelos tais sites de aposta. O apresentador, algumas vezes, fala do patrocício na Bet tal ou qual e faz uma observação: “Não se esqueça de jogar com responsabilidade”. Para uma pessoa que tem esse transtorno, equivale a tentar frear uma carreta na decida com o pé no chão, como o Fred Flinkstone. Mas, perguntam os leitores aí do outro lado da tela: isso não é “só” uma questão de força de vontade? Infelizmente, não.

    A Neurociência vem demonstrando que instalar uma Dependência no seu Sistema Nervoso é um processo de aprendizagem e reforço. Mas tem um detalhe que o público talvez desconheça: esse aprendizado tem um efeito nas suas expressões genéticas. Não são apenas as suas redes neurais que ficam condicionadas e fissuradas pela próxima aposta: a manifestação de determinadas populações genéticas também vão sendo modificadas nesse processo de busca consciente e consciente das apostas. Como se o sistema ficasse programado para repetir o comportamento, como a carreta na descida. Como todo processo de dependência (note o leitor e a leitora que não estou usando a palavra “vício”, que está em desuso e só reforça o estigma dos doentes), o Cérebro passa a viver e trabalhar em função de buscar mais e mais uma dose, ou várias doses dessa droga, no caso, fazer outra aposta.

    Muita gente fala em aulas e vídeos, já que o Youtube forma muitos neurocientistas todo dia, que a base dessa dependência é a busca pela Dopamina, neurotransmissor associado ao prazer. Está errado em sua concepção. No caso do Jogo Patológico, a Dopamina tem um papel muito mais destrutivo e perigoso: ela é liberada na iminência do prazer. Na busca infinita pelo prazer, diante de uma falta que nunca cessa. A Dopamina move as rodas do Capitalismo. Você já ouviu que o melhor da festa é esperar por ela? Pois é. O ditado está correto. A espera do prazer é mais potente que o prazer em si.

    A iminência do ganho despeja um shot de Dopamina no seu Cérebro Emocional, com uma euforia e sensação de superpoder que demora a passar. Essa parte do nosso sistema é mais antiga e mais profunda em nossa evolução e toma de assalto as áreas racionais. Por isso que tratar todos os transtornos que envolvem compulsão, repetição e fissura são tão difíceis de se gerar resultado e tão devastadores para pacientes e suas famílias: não é tão incomum de se ver a perda de todos os bens, o endividamento progressivo e o desmoronamento de toda vida econômica e afetiva dos dependentes, levando a divórcios, violência e suicídio no meio dessa ciranda devastadora. Como toda droga, o jogo patológico se cronifica na medida que a pessoa passa a usar essa droga para combater seus efeitos deletérios: como um alcoolista bebe logo cedo para diminuir os efeitos da abstinência, os jogadores buscam na próxima aposta recuperar o dinheiro perdido.

    Freud descreveu, há mais de cem anos, a dualidade de Eros e Tânatos em nossas psiques. A dualidade entre as forças que alimentam e vida e o instinto que busca, inconscientemente, da própria aniquiliação: o Instinto de Morte. O Jogo Patológico parece o reino de Eros, com prazer, excitação, divertimento. Costuma terminar em seu oposto para uma parcela da população, com perda, dissipação e aniquilamento da vida pessoal e familiar.

    Estamos na Era dos Excessos. Isso vai criando muitos caminhos para Eros acabar virando Tânatos. Não adianta, apenas, levantar bandeiras contra os jogos e sites de apostas on-line. Precisamos de uma Psicoeducação profunda, precoce, sobre algo que os gregos presavam muito, que é a justa medida. Estamos numa civilização em que a compulsão é o motor do lucro e a Regulação Emocional virou uma piada.

    Temos que ensinar Regulação Emocional na escola. E mandar muitos marmanjos para a Recuperação.

    *Marco Antonio Spinelli é médico, com mestrado em psiquiatria pela Universidade São Paulo, psicoterapeuta de orientação junguiano e autor do livro “Stress o coelho de Alice tem sempre muita pressa”

  • Dúvida

    Dúvida

    Por que duvidamos tanto? Preste atenção. Dizem que Tomé só acreditava vendo, bom, estamos em uma sociedade que eu acho, honestamente, que não andamos mais acreditando nem quando tocamos, quiçá só vendo. Imagina então o que não vemos?

    Hoje nós duvidamos das boas intenções das pessoas. Se alguém se aproxima de maneira muito educada, ou solícita, ou com boa vontade, qual a impressão que nos passa? É falsidade, é interesse, etc. Entende? Está ali. A dúvida. E não é só dos outros não. Duvidamos de tudo mesmo, mas principalmente, de nós mesmos.

    Claro, você lendo isso vai dizer: mas é claro que eu acredito em mim, eu não duvido das minhas ações. Provavelmente não mesmo, mas e da tua capacidade? Da tua força? Da semente divina que existe dentro de você? É disso que eu estou falando! Nós nunca acreditamos de verdade, estamos sempre duvidando até daquilo que nós mesmos conquistamos. Porque a primeira coisa que dizemos é: nossa, eu não acredito!

    Quantas vezes você conquistou algo e disse: eu mereci! Eu fiz por merecer. Eu lutei por isso. Quantas? Eu estou aqui buscando naquelas gavetas escondidas da memória e eu realmente nem me lembro de já ter usado essa expressão na vida. E aí ficamos aqui, eu e você, depois nos momentos difíceis se lamentando, pensando por que merecemos isso e tudo o mais? Você quer mesmo que eu responda ou será que já ficou claro?

    Se nós não passarmos a acreditar na nossa força, na nossa capacidade de superar os obstáculos e de enfrentar todo e qualquer desafio que a vida coloca na nossa frente, quem vai? Se você não acreditar, você já perdeu. Essa é a verdade.

    Agora para um pouco de lamentar a vida que passa e começa a agradecer tudo o que ficou. Acredite em você e jamais, nunca, em hipótese alguma, duvide que você merece muito mais do que pode imaginar. Porque a partir do momento em que somos uma centelha divina e parte do universo, então todo esse universo também é nosso.

  • A adultização das crianças para futuros consumidores

    A adultização das crianças para futuros consumidores

    Ninguém nasce consumista; é algo que se aprende ao longo do tempo. No entanto, as crianças estão sendo condicionadas a esse comportamento cada vez mais cedo, em grande parte devido à exposição às telas e ao fácil acesso a produtos que muitas vezes não são apropriados para a sua faixa etária.

    Com a evolução tecnológica, onde basta dar um clique para adquirir algo desejado, o problema vai além do impacto financeiro. Crianças hiperconectadas estão cada vez mais suscetíveis às estratégias de marketing digital, que incentivam o consumo de produtos e serviços muitas vezes inadequados para a idade.

    Independentemente da classe social, idade ou poder aquisitivo, todos somos influenciados pela internet. No entanto, ao contrário dos adultos, as crianças ainda estão em fase de desenvolvimento e carecem das ferramentas cognitivas necessárias para diferenciar o que é essencial do que é supérfluo. Isso as torna presas fáceis para as propagandas digitais, que promovem uma cultura de consumo incessante.

    A Adultização das Crianças

    O cientista político Benjamin Barber discute a perigosa tendência de adultizar crianças e infantilizar adultos, como um  fenômeno que corrói as estruturas sociais ao incentivar o consumo desmedido.

    No passado, o consumo infantil era impulsionado por anúncios em jornais, revistas e na televisão. Hoje, com o avanço da internet, essa dinâmica mudou completamente. Um simples clique pode finalizar uma compra online, e crianças, mesmo sem comprar, estão expostas a esse ambiente desde cedo, alimentando listas de desejos em seus dispositivos.

    Maria Clara Sidou, no livro “Criança e Consumo”, destaca o papel dos influenciadores digitais e YouTubers nesse contexto, cujas campanhas publicitárias, muitas vezes, não são claramente identificadas. Isso torna a influência sobre o público infantil ainda mais sutil e perigosa.

    O Impacto da Publicidade nas Crianças

    A publicidade, por vezes, se aproveita da vulnerabilidade das crianças, que até os 12 anos não conseguem distinguir claramente o que é propaganda do que é entretenimento, conforme aponta o Instituto Alana. As empresas se aproveitam disso para moldar futuros consumidores desde cedo.

    Os efeitos desse consumismo exacerbado são inúmeros: obesidade infantil, erotização precoce, experimentação de álcool e tabaco, estresse familiar, e até a banalização da violência.

    Mas o que leva as crianças a se tornarem tão consumistas?

    O Apelo ao Consumismo Infantil

    Crianças são naturalmente atraídas por personagens famosos, brindes e embalagens chamativas. Isso, no entanto, não as torna mais capazes de fazer escolhas conscientes ou éticas. Quando essa exposição é contínua, 24 horas por dia, o resultado é uma geração de crianças sem controle sobre seus impulsos e mais suscetíveis a desenvolver vícios de consumo

    Além de influenciar as decisões de compra dos pais, as crianças desenvolvem uma fidelidade precoce às marcas, criando um ciclo vicioso de consumismo que pode durar a vida inteira.

    Como Evitar o Consumismo Infantil?

    A conscientização é o primeiro passo para combater o consumismo infantil. Aqui estão algumas estratégias:

    Na Escola: As instituições de ensino podem promover debates e atividades que ajudem as crianças a refletirem sobre suas escolhas de consumo. Grupos de discussão e competições educativas são ferramentas valiosas.

    No Trabalho: Empresas podem organizar rodas de conversa para pais, orientando-os a estabelecer regras claras em casa sobre o uso da tecnologia e o consumo digital.

    No Lar: Reduzir o tempo de tela e dar o exemplo em casa são fundamentais. Pais devem mostrar que a tecnologia é uma ferramenta, não um brinquedo. O tempo de qualidade com os filhos deve ser priorizado, exigindo disciplina e afeto.

    O consumismo infantil é um desafio crescente que exige a atenção de pais, educadores e da sociedade em geral. As crianças, em fase de desenvolvimento, são particularmente vulneráveis às estratégias de marketing que incentivam o consumo desenfreado, afetando não apenas seus hábitos, mas também sua saúde física e emocional.

    Para combater essa tendência, é crucial promover a conscientização desde cedo, estimulando um senso crítico nas crianças e fortalecer os laços familiares. Proteger os pequenos do consumismo excessivo é uma responsabilidade coletiva que deve começar no lar, mas se estender para todos os ambientes em que eles vivem e interagem.

    Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e netnografia no Belicosa.com.br

  • A importância do setor de base florestal no Brasil: um pilar da sustentabilidade e da economia

    A importância do setor de base florestal no Brasil: um pilar da sustentabilidade e da economia

    Em 2023, o setor de base florestal no Brasil alcançou um marco significativo, com o valor da produção atingindo impressionantes R$ 37,9 bilhões, refletindo um crescimento de 11,2% em relação ao ano anterior. Esse desempenho notável não apenas reafirma a importância econômica da silvicultura, mas também destaca o papel crucial que as florestas desempenham na sustentabilidade ambiental e no desenvolvimento socioeconômico do país.

    A silvicultura, que é a prática de cultivo e manejo de florestas, teve um aumento de 13,6%, alcançando R$ 31,7 bilhões. Esse crescimento é um indicativo claro de que, quando manejadas de maneira sustentável, as florestas podem ser uma fonte inestimável de recursos que não apenas promovem a economia, mas também ajudam na preservação do meio ambiente. A produção em 4.924 municípios ao longo do Brasil mostra que a atividade florestal está profundamente enraizada na diversidade territorial do país, gerando emprego e renda em diversas comunidades.

    É importante ressaltar que, embora a extração vegetal tenha se mantido estável, com um valor de R$ 6,2 bilhões, os produtos madeireiros continuam a ser protagonistas desse cenário, representando 64,2% do valor total do extrativismo. Este segmento é fundamental para garantir a continuidade das cadeias produtivas ligadas à construção civil, móveis e diversos outros setores.

    Particularmente, os estados de Mato Grosso e Pará se destacam, respondendo por 62,6% da quantidade total de madeira extraída em tora e representando 79,1% do valor de produção desse produto. Esses números não apenas sublinham a relevância econômica dessas regiões, mas também a necessidade urgente de práticas sustentáveis que garantam a exploração responsável dos recursos florestais.

    O crescimento do setor florestal deve ser celebrado, sobretudo porque ele vem com um compromisso firme com a sustentabilidade. A implementação de práticas que promovam o manejo florestal responsável e a recuperação de áreas degradadas é vital. A integração de tecnologias e inovações na silvicultura pode potencializar ainda mais a produção, minimizando os impactos ambientais e promovendo um ciclo de produção que beneficie tanto as comunidades quanto o ecossistema.

    Em conclusão, o setor de base florestal no Brasil não é apenas uma potência econômica, mas também um elemento chave na luta contra as mudanças climáticas e na conservação da biodiversidade. A valorização e o investimento nesse setor são fundamentais para um futuro sustentável, onde a prosperidade econômica ande de mãos dadas com a preservação ambiental. Que 2023 seja apenas o começo de um ciclo promissor para as florestas brasileiras, reconhecendo seu valor e seu potencial inexplorado.

    Frank Rogieri é presidente do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal

  • A Idade

    A Idade

    O Ciclo da vida é interessante. Matusalém pessoa mais velha, segundo a Bíblia, teria vivido por 969 anos, de acordo com o Livro de Gênesis. Será por que que hoje nós não passamos de 122 anos? Essa é a idade de Jeanne Calmente, francesa que morreu em 1997 aos 122 anos e 164 dias. Ela é a única pessoa oficialmente reconhecida por ter vivido além dos 120 anos atualmente.

    Despertou-me a indagação porque o dia 1º de outubro é considerado o dia Internacional das Pessoas Idosas e Dia Internacional da Terceira Idade. Data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1991. No Brasil com um “delay” (atraso), em 1º de outubro de 2003 nasce o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741), pelas mãos do atual Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Então o Estatuto já é maior, pois tem 21 anos de existência.

    Recentemente, mais precisamente em dezembro de 2023, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 4720/2023, que alterou a Lei nº 11.433/2006, para denominar o Dia do Idoso como Dia Nacional do Respeito aos Idosos.

    Muito bem, dia desses escutei de um Jovem: “que dó deste velhinho, será que a família cuida bem dele?”. Então, pensei comigo mesmo: “ele não precisa que ninguém tenha dó dele, mas sim respeito e dignidade. Sim que respeite seus cabelos brancos, suas experiências de vida.”

    Lembrei-me do Presidente dos Estados Unidos da América, Joseph Robinette “Joe” Biden Jr, advogado, 81 anos, deixou a disputa a Presidência dos EUA, pois falaram que ele estava caduco e os EUA precisava de uma pessoa mais Jovem. Ledo engano, quantas experiências de vida “Joe” tem que o Jovem ainda não tem. A mídia acaba com qualquer candidato.

    Mas fiquei alegre quando indo fazer compras vi um cartaz em uma rede de supermercados contratando idosos. Isso se chama INCLUSÃO, respeito as pessoas idosas e suas experiências de vida.

    Constantemente, vejo brigas por heranças. Que lástima, a pessoa nasce, vive e morre idosa. Deixa bens e legados e, a Família, ao invés de honrar matriarca ou patriarca, fica brigando por herança nos tribunais.

    Alzheimer, osteoporose, hipertensão, depressão, artrites e outros males chegam também ao Jovem, pois você não tem a imortalidade a não ser que você seja Cristão e creia em Jesus e viverá na Eternidade.

    Deus abençoe a todos os nossos Idosos. Para vocês eu tiro o chapéu. E tenho respeito. Vocês têm experiencias de vida e podem ensinar muito a todos os Jovens!

    Foto Prof. Luciano Souza de Arruda (1) (1)
    Foto Prof. Luciano Souza de Arruda (1) (1)

    LUCIANO SOUZA DE ARRUDA é professor e Servidor Público, Advogado, Filósofo, Teólogo, Cientista Político e Mestrando em Teologia.

    Facebook: filosofo atual   Instagram: proflucianoarruda 

  • Frente às oscilações pluviais o Sistema Plantio Direto requer tecnologias de cunho hidráulico

    Frente às oscilações pluviais o Sistema Plantio Direto requer tecnologias de cunho hidráulico

    A chuva apresenta três propriedades fundamentais: intensidade, duração e frequência ou período de retorno, com variações em sua distribuição espacial. A intensidade da chuva refere-se à quantidade de água precipitada por unidade de tempo, sendo expressa em mm/h. A duração da chuva refere-se ao tempo contado desde o início até o fim da chuva, sendo expressa em horas ou minutos. O período de retorno da chuva, refere-se ao tempo médio a ser transcorrido para que uma determinada chuva seja igualada ou superada, em pelo menos uma vez, sendo expressa em anos. E a distribuição espacial da chuva refere-se à variação das grandezas de suas propriedades de uma localidade para outra.

    A intensidade da chuva e a duração da chuva estão associadas à taxa de infiltração de água no solo e ao volume de água armazenável pelo solo estabelecem a produção ou não de enxurrada. Em ocorrência enxurrada, essa associação define, respectivamente, a taxa de enxurrada e o volume de enxurrada. Portanto, a frequência com que as chuvas produzidas enxurradas depende tanto da intensidade e da duração da chuva quanto da taxa de infiltração de água no solo e do volume de água armazenável pelo solo. De outro modo, enquanto a intensidade da chuva (mm/h) produz enxurrada ao superar a taxa de infiltração de água no solo (mm/h), a duração da chuva produz enxurrada ao precipitar volume de água superior ao volume de água armazenável pelo solo.

    Na região de clima subtropical do Brasil, chuvas intensas e de longa duração, embora mais frequentes nos anos de El Niño, podem ocorrer em qualquer dia do ano, inclusive no decorrer de dois anos de La Niña. De modo semelhante, períodos de estiagem, embora mais frequências nos anos de La Niña, podem ocorrer em anos de El Niño e também nos anos com ausência dessas ocorrências relacionadas à pluviosidade. Isso significa que a ocorrência de enxurrada e de estiagem são fatos rotineiros e sem interferências assertivas. Por esse motivo, tanto a erosão hídrica quanto a escassez de chuva são fatores de risco ao desempenho agrícola, ditados por probabilidades e incertezas que exigem medidas de prevenção. Porém, enfatiza-se que toda tecnologia promotora de prevenção ao risco de perda de água por enxurrada ou de ocorrência de erosão hídrica promove o armazenamento de água no solo, resultando, também, como promotora de prevenção ou amenizando o risco de perda de produtividade dos sistemas de produção por estimativa. Nesse contexto, diante das oscilações pluviais que caracterizam a região subtropical do Brasil, o desenvolvimento e a adoção de tecnologias de cunho conservacionista remetem à priorização daquelas promotoras de prevenção de risco à ocorrência de enxurrada e, por consequência, à estimativa.

    A erosão hídrica é resultante da interação dos seguintes fatores: propriedades da chuva; comprimento da vertente; declividade da vertente; suscetibilidade ao solo à erosão; manejo das culturas; e práticas mecânicas de cunho hidráulico. Na inter-relação desses fatores, enquanto as propriedades da chuva, o comprimento da vertente e a declividade da vertente são os componentes produtores da energia responsáveis ​​pelos processos erosivos, a suscetibilidade do solo à erosão, o manejo de culturas e as práticas mecânicas de cunho hidráulico são os componentes responsáveis ​​pela dissipação da energia ambientalmente produtora de processos erosivos. A erosão hídrica, assim interpretada, é, efetivamente, o trabalho mecânico resultante do incidente de energia sobre o solo que foi parcialmente dissipado.

    O potencial erosivo da chuva se expressa tanto pela energia cinética oriunda da ação de impacto das gotas de chuva que tocam a superfície do solo quanto pela energia cinética oriunda da água da chuva não infiltrada no solo e que fluí na superfície do solo com ação cisalhante ou de captura. Cada um desses agentes produtores de energia, potencialmente capazes de provocar erosão, requer medidas de prevenção específicas. A energia da ação de impacto das gotas de chuva, com poder de dispersar o solo e transportar partículas, é evitada pela tecnologia da cobertura do solo. A energia de ação cisalhante ou de tração da enxurrada, com poder de remover a cobertura do solo, dispersar o solo e transportar partículas, é prevenida pelas tecnologias que impõem barreira ao escoamento da enxurrada ao longo da lateral.

    Embora a cobertura do solo dissipe a energia erosiva do impacto das gotas de chuva, em um determinado trecho se torna insuficiente para prevenir a erosão. Isso ocorre porque a água não infiltrada no solo se transforma em enxurrada e passa a escoar sob a cobertura do solo, produzindo energia erosiva cisalhante ou de retenção, com potencial de superar a tensão de cisalhamento do solo e desencadear processos erosivos. Mantendo-se constantes todos os fatores relacionados à incidência e à dissipação da energia erosiva da chuva e aumentando-se apenas o comprimento da vertente, tanto a velocidade quanto o volume de enxurrada produzido por determinada chuva elevam o risco de ocorrência de erosão. Em outras palavras, a cobertura do solo é capaz de dissipar em até 100% a energia de ação do impacto das gotas de chuva, mas não revela essa mesma eficácia para dissipar a energia de ação cisalhante ou de atração produzida pela enxurrada que flui sob a vegetação que cobre o solo.

    Do exposto, é evidente que a enxurrada é o principal e o agente mais relevante responsável pelo processo erosivo que ocorre em talhões de trabalhos manejados sob o Sistema Plantio Direto. A partir dessa constatação, toda prática conservadora capaz de seccionar o comprimento das vertentes ou capaz de impor barreira ao escoamento da enxurrada, mantendo-o restrito a limites em que a tensão crítica de cisalhamento do solo não seja superada pela energia cisalhante ou de tração da enxurrada, contribuirá para prevenir ou minimizar os processos de erosão hídrica. Semeadura em contorno e terraço agrícola são exemplos de práticas conservacionistas de cunho hidráulicos eficazes para seccionar o comprimento de vertentes ou impor barreira ao escoamento da enxurrada, e, por esse motivo, requeridas como aliadas à cobertura do solo para o controle eficaz da erosão em talhões de trabalhos manejados sob Sistema Plantio Direto. Além disso, essas práticas conservacionistas, exigidas como tecnologias de cunho hidráulico associáveis ​​ao Sistema Plantio Direto, maximizam a retenção da água da chuva pelo solo, armazenando-a e disponibilizando-a para as plantas nos períodos de estiagem.

    A água retida no solo por essas tecnologias de cunho infiltração hidráulica no solo, irriga a área do talhão de trabalho à jusante e demora cerca de três ou mais meses para atingir o lençol freático e, em decorrência, alimentar os mananciais hídricos, inclusive aqueles de superfície. É água útil. De modo oposto, a água que escoa em sulcos ou em entre sulcos de modo imperceptível através da vegetação que cobre o solo em talhões de trabalho sem a adoção dessas tecnologias de cunho hidráulico, não é armazenada no solo, não serve às plantas, não abastece o lençol freático e, em poucos minutos, atinge os mananciais de superfície, poluindo, contaminando e causando danos econômicos, ambientais e sociais, que, na prática, são imensuráveis. É água perdida.

    A semelhança, com as linhas de plantio dispostas morro acima e morro abaixo, largamente e erroneamente impostas no Plantio Direto, em razão de conhecimentos exíguos e limitações referentes à funcionalidade das tecnologias de cunho hidráulico diante dos processos implicados na erosão hídrica, ao direcionar e dirigir o fluxo da enxurrada para o sulco de semadura, eleva sua energia de ação cisalhante ou de atração, tornando-se a principal causa da erosão hídrica que ocorre nessa modalidade de manejo. Ao contrário, a semeadura em contorno, com as linhas de planejamento dispostas transversalmente ao sentido do declive, criando barreiras ao livre escoamento da enxurrada, reduzindo sua velocidade e sua capacidade de remover a cobertura do solo, de dispersar o solo e de transportar partículas, oportunizando maior infiltração da água no solo e, por consequência, menor enxurrada e/ou enxurrada com menor energia erosiva.

    A eficácia da semeadura em contorno, no controle da erosão hídrica e na retenção da água da chuva onde ela cai, armazenando-a e disponibilizando-a para as plantas nos períodos de estiagem, pode ser maior que aquela fornecida pela cobertura do solo. E, quando comparado à semadura morro acima e morro abaixo, pode reduzir em mais de 50% as perdas de solo e água por erosão, ou seja, ser mais eficaz do que um baixo índice de cobertura de solo, e, em adição, contribuir para prevenir ou amenizar o déficit hídrico das plantas em períodos de estiagem.

    O terraço agrícola, até meados da década de 1990, foi dimensionado através de uma aplicação de método empírico, desenvolvido nos EUA, com base em dados genéricos de solo e chuva oriundos de região de clima temperado, concedendo suporte inadequado para sua implementação em regiões de clima temperado clima subtropical e tropical do Brasil. A partir de 1995, esse método foi aprimorado e informatizado aqui no Brasil, passando a empregar dados de solo, com especificidade para o talhão de trabalho que requer o terraço agrícola, e dados de intensidade, duração e período de retorno de chuvas específicas da região ou do município ou do próprio estabelecimento rural, quando detentores de série histórica de registros de chuva da ordem de 30 anos, tornando o terraço agrícola uma obra hidráulica precisa, segura e de contribuição inestimável para a conservação do solo e da água.

    Um título de ilustração, no Rio Grande do Sul, há trabalhos conduzidos sob Sistema Plantio Direto complementado pelas tecnologias da semeadura em contorno e do terraço agrícola projetado e construído através do emprego do método de dimensionamento aprimorado e informatizado no Brasil. Esses terraços, implantados há mais de 25 anos, promoveram, ao longo desses anos, a infiltração de, praticamente, 100% do volume total da água das chuvas que tocaram a superfície do solo dessas máquinas. Em decorrência, propiciaram ainda a adoção da adubação das culturas com base na reposição dos nutrientes exportados nos grãos, pois as perdas de fertilizantes e de nutrientes, provocadas pela erosão hídrica, cessaram. Essa modalidade de adubação tem propiciado, em média, mais de 30% de redução das doses de adubo por safra agrícola, sendo estimadas de modo proporcional à produtividade do cultivo antecedente, isto é, proporcional à quantidade de nutrientes exportados nos grãos colhidos. Além disso, a calagem, realizada por ocasião da construção dos terraços agrícolas, com incorporação do calcário, via aração na camada de 0 a 20 cm de profundidade, seguindo, com rigor, as restrições técnicas de calagem e adubação para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, somente foi novamente exigida após cerca de 10 a 12 anos, em conformidade com a interpretação dos resultados das análises de solo realizado.

    Os métodos de dimensionamento do terraço agrícola ajustados e informatizados consideram: as propriedades fundamentais das chuvas estimadas para a região, ou para o município, ou para o próprio estabelecimento rural; uma taxa de infiltração de água no solo; a declividade da vertente do talhão de trabalho para receber os terraços agrícolas; e o volume de água armazenável pelo canal do terraço a ser construído. A taxa de infiltração de água no solo e o volume de água armazenável pelo canal do terraço destacam-se como os fatores responsáveis ​​pelo dimensionamento de maior ou menor espaçamento entre os terraços. Quanto maior a taxa de infiltração de água no solo e maior o volume de água armazenável pelo canal do terraço, maior será o espaçamento entre os terraços. Os espaçamentos entre terraços agrícolas, que sob o método de dimensionamento utilizado anteriormente ao ano de 1995 oscilavam entre 15 e 24 m, respectivamente, para as declividades de 20 e 5%, sob o método ajustado e informatizado e disponibilizado pela pesquisa brasileira, oscilaram, em média, entre 45 e 120 m, para essas mesmas declividades. O espaçamento entre terraços limitado a 120 m decorre da energia cisalhante ou de tração da enxurrada que, em termos gerais, a partir de 120 m, mesmo em vertentes com declividades inferiores a 5%, pode superar a tensão de cisalhamento do solo e desencadear, entre os terraços, processos erosivos tanto em entre sulcos como, até mesmo, em sulcos.

    É relevante ressaltar que elevadas taxas de infiltração de água no solo, indutoras do prazer maior espaçamento entre os terraços agrícolas, decoração da diversificação de culturas, obrigatoriamente, praticadas com a inclusão de plantas de serviço, com o objetivo de, não apenas cobrir o solo , mas também de introduzir no solo volumosas quantidades de raízes robustas e espessas, hábeis para criar e estabilizar a estrutura do solo e aumentar e manter a porosidade e a continuidade dos poros do solo. As plantas de serviço que apresentam essas habilidades são as gramíneas de verão, que podem ser cultivadas no período outonal, que transcorrem entre a colheita do cultivo de verão e a semeadura do cultivo de inverno. No Rio Grande do Sul, dentre essas gramíneas, destaca-se o milheto, o capim Sudão, o sorgo, o milho próprio e, até mesmo, a braquiária, que para prestar esses serviços serão semeadas em altíssima densidade e com o menor espaçamento possível entre as linhas de plantio, que comumente é de 17 cm. Esse cultivo de outono vem se consolidando como o cultivo da construção e da manutenção da fertilidade do solo, que, além dessas benesses apontadas, não limita a possibilidade da realização dos cultivos de verão e de inverno, com produção de receita direta ao produtor rural.

    A secção do canal do terraço agrícola, também responsável pelo maior ou menor espaçamento entre os terraços, em função da sua capacidade de armazenamento de água, é resultante da dimensão dos taludes do camalhão do terraço, que obrigatoriamente deve ser realizada a partir da bitola do terraço rodado e da largura da plataforma de corte da colhedora de grãos. Portanto, a seção do canal do terraço agrícola não obedece às tabelas pré-estabelecidas. É particularizado para cada estabelecimento rural, em função das dimensões da colhedora de grãos que utiliza. Exemplificando: no caso de uma colhedora de grãos equipada com plataforma de corte de 20 pés (6,1 m) e bitola do rodado de 2,8 m, os taludes do camalhão do terraço deverão medir 4,4 m; já no caso de uma colhedora de grãos equipada com plataforma de corte de 30 pés (9,1 m) e bitola do rodado de 3,12 m, os taludes do camalhão do terraço deverão medir 6,1 m.

    Por fim, ilustrando a influência da variação da distribuição espacial de chuvas, de uma localidade para outro, no dimensionamento de terraço agrícola, segue uma simulação dimensionando o espaçamento entre terraços projetados a partir de uma chuva com período de retorno de 20 anos, para os municípios de Cruz Alta e Passo Fundo, RS, qual seja: um terraço agrícola, projetado município em nível e para reter a enxurrada produzida por uma chuva com 20 anos de período de retorno na região de Cruz Alta, a ser implantado no Cruz Alta , em um talhão de trabalho caracterizado por uma vertente com 10% de declividade, taxa de infiltração de água no solo de 50 mm/h, profundidade do canal do terraço com 0,72 me taludes do camalhão do terraço com 6,1 m, requer 70 m de espaçamento entre os terraços; esse mesmo terraço agrícola, projetado em nível e para reter a enxurrada produzida por uma chuva com 20 anos de período de retorno na região de Passo Fundo, a ser implantado no município de Passo Fundo, em um talhão de trabalho com as mesmas características do talhão de lavoura de Cruz Alta, requer 120 m de espaçamento entre os terraços. Essa desigualdade do espaçamento entre terraços, exemplificada entre as localidades de Cruz Alta e Passo Fundo, demonstra a diferença entre os métodos anteriores e atuais utilizados para dimensionar terraços agrícolas, pois o método anterior se resume à aplicação de uma tabela de espaçamento vertical entre terraços, elaborado nos EUA, sem qualquer referência às variações das propriedades da chuva de uma localidade para outra. Terraço agrícola, dimensionado e implementado, seguindo uma metodologia aprimorada, informatizada e disponibilizada a partir de 1995, com acesso livre na internet, considera as propriedades da chuva e sua distribuição espacial, tendo, assim, probabilidade de segurança semelhante atribuída às hidroelétricas, por exemplo.

    Ante essa conjunção de fatores impostos pela oscilação pluvial recorrente na região subtropical do Brasil, o Sistema Plantio Direto, detentor de tecnologias, exclusivamente de cunho vegetativo, exige a adoção de tecnologias complementares de cunho hidráulico que promovam, ao máximo, a retenção da água da chuva onde ela cai, seja para prevenir ou amenizar a erosão hídrica, seja para armazená-la e disponibilizá-la às plantas nos períodos de estiagem. Do exposto, é notório que a eficácia atribuída ao Sistema Plantio Direto na promoção da conservação do solo e da água, em consonância com os preceitos ditados pelo conservacionismo, ainda está na dependência da adoção de tecnologias complementares de cunho hidráulico, com habilidades para operar a utilização, o uso e o manejo da água das chuvas que toca a superfície do solo.

    José Eloir Denardin é Pesquisador da Embrapa Trigo

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    “Em um cenário de economia digital, o mercado de jogos eletrônicos trouxe uma porção de novas ocupações”

    O mercado de e-Sports cresceu de forma significativa nos últimos, proporcionando aos profissionais uma série de oportunidades e desenvolvimento de novos negócios. Uma pesquisa realizada em 2019 apontou o Brasil como o terceiro maior público de e-Sports.

    “Em um cenário de economia digital, o mercado de jogos eletrônicos e também esportes eletrônicos trouxe uma porção de novas ocupações e postos de trabalho em profissões que sequer constam na classificação brasileira de ocupações (CBO) do ministério do trabalho e do emprego (TEM)” – Manuela Oliveira, sócia do escritório Marques Oliveira.

    Aspectos trabalhistas

    Jogos da modalidade League Of Legends, Dota 2, Counter Strike, e Fortine estão entre os mais praticados em âmbito nacional. Bruno Cassol, advogado especialista em games e e-Sports explicou sobre os aspectos legais e trabalhistas para atuar no cenário atual. “Ninguém fica desamparado nesse cenário. A Constituição Federal é clara ao afirmar que os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são fundamentos de um Estado Democrático de Direito. Além disso, o Código de Leis Trabalhistas estabelece que não haverá distinções relativas à espécie de emprego e condição de trabalhador, nem entre trabalho intelectual, técnico e manual,” afirma Bruno Cassol, sócio do escritório Marques & Oliveira Advogados