Categoria: ARTIGOS

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  • Gratidão: O Abraço Que Transmite Sentimentos

    Gratidão: O Abraço Que Transmite Sentimentos

    Estava com essa palavra na mente: gratidão. Pensando na forma como eu abracei duas pessoas que me ajudaram imensamente. E fiquei refletindo se meu abraço poderia, de alguma forma, transmitir o meu sentimento. E como sempre, me colocou para pensar.

    Esperar a gratidão dos outros é um erro nosso. Você não deve fazer algo para alguém esperando que a pessoa seja grata. Ninguém tem essa obrigação, ainda que para alguns de nós isso seja indiscutível. Existem pessoas que são muito difíceis de serem ajudadas e, talvez, por não estarem acostumadas a isso, não sabem nem como reagir. Tem a história do filho que ajudava o pai a cortar cabelos no bairro onde vivia, de forma gratuita para as pessoas que não tinham condições de pagar. E chamava a atenção do garoto que algumas pessoas saíam reclamando do corte, quase ofendidas, algumas até os xingando. O garoto então questionava o pai, do porquê ele fazia aquilo se as pessoas pareciam ser tão ingratas. Era evidente que o corte havia ficado bom. E então o pai dizia que algumas pessoas agiam dessa forma porque não sabiam ser gratas, não que elas não fossem, mas por orgulho e vaidade, preferiam tentar ferir o outro do que aceitar a ajuda, porque assim, não se sentiriam mal por isso. Bem, isso é comum na vida até quando a gente não percebe. Mas cabe a nós sabermos fazer aos outros sem esperar o retorno.

    Entramos então em outro ponto, que diz que nenhuma ação é puramente altruísta, porque você sempre vai esperar algum retorno, mesmo que seja do universo ou de Deus. Então não existe altruísmo no sentido de se fazer sem esperar retorno. Algo muito bacana de se pensar, porque é mais fácil sempre olharmos as ações dos outros do que as nossas.

    Somos, então, verdadeiramente altruístas em nossas ações? Não posso responder essa questão, mas posso afirmar que o sentimento de ser grato é delicioso. Ele vem recheado de carinho e afeto. E aí eu volto para o abraço. Eu não sou responsável pelo que o outro pensa ou faz, mas eu, como responsável pelo que sinto e pelas minhas ações, posso e devo, sim, demonstrar a minha gratidão. Seja em palavras ou em um abraço forte. E que o mundo saiba mais agradecer do que reclamar. Doar mais do que pedir. E quem sabe, um dia, eu também não te abrace e diga no teu ouvido: Obrigado!

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    Enrico Pierro
  • Orai e vigiai

    Orai e vigiai

    A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) confirmou na última semana um caso de febre aftosa próximo à cidade de Berlim, na Alemanha. A doença ressurge no centro da Europa após mais de 40 anos. A febre aftosa é uma doença viral que afeta bovinos e suínos, com impacto econômico significativo, especialmente em países onde a pecuária de corte e leite é fundamental para a economia.

    No Brasil, o último registro da doença foi em 2006, no estado do Mato Grosso do Sul, próximo à divisa com o Paraguai. Apesar de quase 20 anos terem se passado, o tema ainda preocupa muitos produtores, que se lembram do impacto negativo no preço da arroba do gado.

    Desde então, houve uma mobilização intensa das entidades privadas para fortalecer a prevenção. Foram criados fundos indenizatórios, implantados programas de prevenção e vigilância, além de investimentos na estrutura dos serviços de defesa estaduais, com aquisição de veículos, contratação de pessoal e melhorias operacionais para impedir o retorno do vírus.

    Atualmente, muitos afirmam com convicção que não há circulação do vírus no Brasil. Os testes de sorologia comprovam a eficácia das ações conjuntas entre produtores, estados e governo federal, especialmente com a vacinação obrigatória. Os resultados foram tão positivos que o Brasil decidiu avançar com o Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), que prevê a retirada da vacinação.

    Com isso, o Brasil integra a seleta lista de países com status sanitário livre de febre aftosa sem vacinação, abrindo portas para mercados altamente exigentes, como o Japão. Quanto mais rigoroso o mercado, maior é a valorização da carne bovina brasileira. Desde abril de 2024, nenhuma dose de vacina foi aplicada no país, e, em maio próximo, em Paris, a OMSA deve reconhecer oficialmente esse novo status.

    No entanto, inicia-se agora um novo ciclo: o da vigilância.

    O serviço de defesa oficial será cada vez mais essencial. Monitoramento, vigilância constante, investimentos, capacitação e pessoal qualificado precisam ser prioridades diárias das autoridades brasileiras. Afinal, são 240 milhões de bovinos e bubalinos espalhados por todo o território nacional.

    A prevenção deve ser o lema, pois não há mais retorno possível.

    A responsabilidade de manter esse status será exclusivamente do serviço de defesa oficial, o que exigirá investimentos robustos em pessoal, equipamentos e infraestrutura, especialmente nas áreas de fronteira internacional. O episódio de 2006 não pode ser esquecido.

    Os fundos estaduais terão papel fundamental nesse processo. É ilusório pensar que o governo federal conseguirá sustentar essa missão sozinho. E, no fim das contas, o produtor rural será o mais prejudicado caso algo dê errado.

    Por fim, só nos resta orar e vigiar.

    Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.

  • Não sou antissocial, sou seletivo

    Não sou antissocial, sou seletivo

    Diferente de muitos que usam as redes sociais para publicarem frases de impacto em forma de desabafo, seja em face de decepção amorosa ou por ter brigado com o chefe ou com a família durante as festividades de final de ano, farei meu desabafo aqui em formato de texto, pois terá alcance incalculável se comparado a uma (im)possível publicação no meu Instagram que possui “somente” 360 verdadeiros seguidores.

    Vamos ao desabafo: no último final de semana a capital mato-grossense sediou a maior corrida de rua do centro-oeste brasileiro. Fiz minha inscrição. Um dia antes do evento, durante conversas pessoalmente e por telefone muitos interlocutores perguntaram se eu iria participar da corrida. Para todos, minha resposta foi não. Quando ouviram a resposta, fui taxado de “antissocial”. Fiquei “P” da vida!

    Pois bem, em uma sociedade cada vez mais conectada e digital, é comum confundir a seletividade social com o antissociável. Muitas vezes, aqueles que escolhem cuidadosamente com quem gastar seu tempo e energia são rotulados de maneira negativa como antissociais. No entanto, existe uma diferença significativa entre essas duas posturas.

    A sociedade costuma valorizar a extroversão, onde ser sociável e ter muitos amigos são frequentemente vistos como sinais de sucesso e felicidade. Contudo, a verdadeira qualidade das interações sociais não deve ser medida pela quantidade, mas sim pela profundidade e significado dessas relações.

    Ser seletivo nas relações sociais não é um reflexo de desinteresse pelos outros, mas uma escolha consciente de valorizar o tempo e as interações autênticas. Pois em uma sociedade repleta de superficialidade e futilidade, cultivar relações reais e construtivas é um ato de coragem e sabedoria.

    Por falar em futilidade, outro dia estava eu tomando café na companhia de outra pessoa, e o papo estava legal. Mas só foi parar um Mustang na porta da cafeteria para o nosso assunto e eu ficarem em segundo plano – e olha que sou apaixonado pelo pony car!

    Pessoas seletivas preferem companhias que compartilham valores semelhantes, interesses comuns e que enriquecem suas vidas de maneira significativa. É preciso ter em mente que os seletivos ao optar por interações mais profundas e sinceras, não estão evitando a socialização e sim, priorizando a qualidade em vez da quantidade.

    Grande parte da sociedade rotula os seletivos – como já fui inúmeras vezes rotulado – de introvertidos, arrogantes, mal-educados ou desinteressados. Contudo, essa percepção ignora o fato de que pessoas seletivas podem estar priorizando sua saúde mental e até mesmo emocional.

    A pseudo-sociedade tem dificuldade de entender que para uma pessoa seletiva participar de eventos sociais ou manter relações por mera convenção pode ser exaustivo, azucrinante e, em muitos casos, nocivo.

    Não obstante, ser seletivo não significa deixar de fazer novas amizades ou experiências. Significa, sim, ser consciente sobre com quem e como gastar o tempo, pois todos temos uma quantidade limitada de energia emocional.

    E mais, ser seletivo demonstra a coragem de nadar contra a maré de expectativas sociais e priorizar aquilo que realmente importa. Ser seletivo é escolher qualidade em vez de quantidade, profundidade em vez de superficialidade, e significado em vez de convenção e likes.

    Portanto, ao adotar essa postura não se trata de rejeitar o mundo, mas de acolher apenas aquilo que faz sentido e agrega valor à nossa jornada terrena. Afinal, mais importante do que estar rodeado de pessoas é estar rodeado das pessoas certas.

    Pronto, desabafei!

  • Dr. Fabiano de Abreu Agrela Explica a “Intolerância à Fantasia” em Superdotados

    Dr. Fabiano de Abreu Agrela Explica a “Intolerância à Fantasia” em Superdotados

    São Paulo, Brasil – Dr. Fabiano de Abreu Agrela, um pós-doutor em neurociências e presidente da ISI Society, uma das mais exclusivas sociedades de alto QI do mundo, abordou recentemente um fenômeno pouco discutido, mas que afeta muitos superdotados: a “intolerância à fantasia” em relação a desenhos animados como Hot Wheels e Toy Story. 

    “Sempre me senti desconfortável com animações onde objetos inanimados, como carros ou brinquedos, assumem personalidades e falam”, explicou Dr. Fabiano. “Esta reação não é simplesmente uma questão de gosto pessoal; tem raízes profundas na neurobiologia e, possivelmente, na genética.”


    Dr. Fabiano, que também é membro da Mensa International e da Triple Nine Society, teoriza que o desconforto se origina da maneira como cérebros superdotados processam informação. “Nossos cérebros estão configurados para buscar padrões, lógica e coerência. Quando somos expostos a cenários que desafiam essas expectativas, como um carro falante, há uma dissonância cognitiva que pode ser bastante perturbadora”, detalhou.


    Ele explica que superdotados frequentemente possuem uma sensibilidade sensorial ampliada, o que pode fazer com que a cacofonia de cores, sons e narrativas em desenhos animados se torne um estímulo excessivo. “Além disso, há uma necessidade inata de profundidade e complexidade. Desenhos que se baseiam em fantasias simples ou humor infantil podem não oferecer o que precisamos para manter nossa mente engajada”, acrescentou.


    A discussão sobre a “intolerância à fantasia” ganha relevância no contexto educacional e de entretenimento, onde a diversidade cognitiva está começando a ser mais reconhecida. “É crucial que educadores, pais e criadores de conteúdo compreendam que o que pode ser divertido para muitos pode ser uma fonte de desconforto para outros. Isso não é um problema a ser corrigido, mas uma diferença a ser respeitada”, afirmou Dr. Fabiano.


    O cientista, que também é autor de mais de 300 estudos e 29 livros, propõe que a indústria de animação poderia explorar mais narrativas que atendam a esta demografia. “A fantasia pode ser um campo rico para a exploração intelectual, mas deve ser feita de maneira que ressoe com a complexidade da mente superdotada. A educação e a empatia são ferramentas chave para este entendimento.”


    Dr. Fabiano de Abreu Agrela concluiu afirmando que, ao reconhecer e adaptar-se a essas diferenças, podemos criar um mundo onde entretenimento e educação sejam inclusivos para todo tipo de mente. “Afinal, a diversidade cognitiva é uma riqueza, não um desafio”, finalizou ele, deixando claro que seu desconforto com certos tipos de desenhos animados é, na verdade, um lembrete da singularidade da mente superdotada.

  • Alagamentos em Cuiabá

    Alagamentos em Cuiabá

    Mais uma vez, durante o período chuvoso, ruas e casas de Cuiabá foram novamente tomadas pela água. Inundações e alagamentos são problemas recorrentes na capital mato-grossense, causando diversos danos econômicos, sociais e ambientais. Em alguns casos, como o ocorrido em 2001, fortes chuvas com precipitação de 129 mm resultaram na morte de 15 pessoas e deixaram cerca de 5.000 desabrigados, evidenciando a necessidade de uma atuação forte do município na política de proteção e defesa civil. Este texto aborda o cenário existente em Cuiabá e a importância do planejamento e da prevenção.

    No último domingo (12/01), segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), choveu 103 mm em Cuiabá. Para contextualizar, isso significa que, para cada metro quadrado, houve um acúmulo de 103 litros de água. Este volume representa cerca de 40% do total previsto para todo o mês. Conforme registros do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a média histórica de chuvas para janeiro, entre 1991 e 2000, foi de 238,3 mm. Para comparação, em janeiro de 2024, choveu apenas 134,1 mm em todo o mês.

    Eventos de chuvas intensas não são exclusivos de Cuiabá e ocorrem com frequência em outras cidades de Mato Grosso, como Cáceres e Campo Novo do Parecis. Além disso, rios como o Cuiabá possuem ciclos de inundações registrados historicamente. Em 1974, o Rio Cuiabá alcançou a marca de 10,77 metros, desabrigando cerca de 20 mil famílias em toda a Baixada Cuiabana.

    Certamente, alguns leitores podem questionar: “Mas o que tenho visto é uma forte seca.” De fato, nos últimos anos, a seca tem predominado. O último período longo de seca na região, anterior ao atual, ocorreu entre 1963 e 1973. Ou seja, os anos que antecederam a grande cheia de 1974 foram marcados por forte estiagem, o que indica a possibilidade de que o atual ciclo de seca termine com um novo evento de cheia na bacia do Rio Cuiabá. Apesar de o Lago do Manso poder reter parte do volume de água, sua influência é limitada a uma porção da margem esquerda do rio. Novos ciclos de cheias do Rio Cuiabá podem voltar a acontecer, assim como novos eventos de chuvas intensas irão voltar a ocorrer, e a gestão municipal precisa estar preparada para isso.

    Para que Cuiabá possa lidar de maneira eficiente eventos de chuvas intensas, inundações ou mesmo secas, é fundamental estruturar a Defesa Civil de forma técnica e integrar ações de prevenção ao planejamento urbano. Início este ano com esperança de que avanços ocorram. Apesar das minhas diferenças políticas com o prefeito Abílio Brunini, participamos juntos, em diversos momentos, de debates e ações sobre a política de Defesa Civil. Em 2017, enquanto vereador, Abílio foi o único parlamentar a participar de um evento realizado pelo CREA-MT, na Assembleia Legislativa, para discutir risco geológico, proteção e Defesa Civil. Já em 2023, dialogamos novamente, agora com Abílio como deputado, sobre a necessidade de melhorias na Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. Dessa conversa, nasceu o texto do Projeto de Lei 1508/2023, que busca fortalecer a atuação técnica de estados e municípios nesse âmbito. O projeto já foi aprovado na Câmara dos Deputados e atualmente tramita no Senado.

    A criação do auxílio emergencial para famílias atingidas e a reorganização da Defesa Civil na gestão municipal foram ações acertadas da nova administração. No entanto, muitos desafios e medidas são necessárias para os próximos anos. O cenário atual de mudanças climáticas aponta para uma tendência de aumento nos eventos extremos, e tanto Cuiabá quanto Várzea Grande precisam estar preparadas para isso.

    Investir em prevenção e planejamento é o caminho mais seguro e econômico. Estruturar a Defesa Civil de forma técnica, planejar adequadamente o uso e ocupação do solo e promover ações educativas são passos que podem aumentar significativamente a resiliência climática, garantir mais segurança para a população e reduzir os impactos causados por eventos extremos.

    Caiubi Kuhn

    Geólogo, Doutor cotutela em Geociência e Meio Ambiente (UNESP) e Environmental Sciences (Universidade de Tubingen), Professor na UFMT, Presidente da Federação Brasileira de Geólogos (FEBRAGEO)

  • A RGA QUE FALTA NO BOLSO DO SERVIDOR E NO COMÉRCIO DE MATO GROSSO-Parte 1

    A RGA QUE FALTA NO BOLSO DO SERVIDOR E NO COMÉRCIO DE MATO GROSSO-Parte 1

    A RGA, sigla que irrita alguns políticos todos os anos, precisa ser analisada sem paixões ideológicas, e sim, com uma perspectiva de mercado, de consumo.

    Os governos são responsáveis, conforme suas políticas econômicas e programas de governo, pelo aumento ou redução da inflação, sentida por todos trabalhadores, comerciantes e demais setores da economia. Não é culpa ou responsabilidade do trabalhador o aumento da inflação, mas é sentida por ele na perda de seu poder de compra.

    A inflação sobre determinados produtos é maior ou menor a depender do estado em análise. Por exemplo, alimentos podem ser mais baratos em São Paulo do que em Mato Grosso. Somos uma potência agrícola internacional em soja, algodão, milho, proteína animal, entre outros produtos, porém, este empenho desaparece para produção de alimentos para a mesa das famílias. O resultado dessa escolha é o peso da inflação sobre o diesel, peças de caminhão usados no transporte etc, impactarem no preço do alimento que consumimos aqui no estado.

    Repor a inflação não é um privilégio de Servidor Público, é uma obrigação imposta pela Constituição Federal que garante a reposição do percentual inflacionário do ano anterior, e tem uma razão de ser de mercado, antes de qualquer coisa.

    Para alguns setores da economia, tais como comércio, serviços ou turismo interno, permanecerem aquecidos e não entrarem em recessão, é preciso que quem consome esses produtos possa continuar pagando por eles. Quando uma roupa ou eletrodoméstico aumenta seus preços, fruto da inflação, para que o trabalhador possa continuar comprando, seus salários precisam minimamente acompanhar esses aumentos. O que se comprava com R$ 100 reais no mercado há 5 anos, não é nem a metade do que se compra com os mesmos R$ 100 reais nos dias de hoje.

    A Inflação do período de 2024/2025 segundo o IPCA, ficou em 4.83%. Segundo o governador declarou na imprensa, esse será o índice adotado pelo governo para repor as perdas salarias dos servidores de carreira e comissionados. Porém, há perdas inflacionárias de anos anteriores dentro de seus mandatos, que o Governo Mauro ignora e fingi que não é de sua responsabilidade.

    Em linhas gerais, calha dizer que os servidores concursados do poder executivo acumulam perdas inflacionárias desse período de pouco mais de 20%, mês a mês, em seus salários. Apesar do governo ter feito justiça salarial com poucas carreiras e com outras garantido extensos privilégios, a grande maioria padece altamente endividados e com essas perdas acumuladas.

    Mas quem perde mesmo com isso é a economia formal e informal de Mato Grosso. O setor do comércio de eletrônicos e eletrodomésticos perde muito. Pois um servidor que recebe hoje R$ 5.000 mil reais, mês a mês deixa de receber cerca de R$ 1.000,00 reais em seu salário. Isso faz com que tenha de optar por, ou se endividar para manter seu poder de compra, ou reduzir seu consumo, deixando de trocar uma TV, uma máquina de lavar ou qualquer outro item que entenda “supérfluo” para o momento. Ou mesmo, deixe de pagar um plano de saúde, ou opta por tirar seu filho da creche particular, da escolinha etc. Os setores da economia quando os servidores não tem reposição da inflação, da famosa RGA, perdem muito junto com esse servidor.

    O setor da construção civil também perde, pois material de construção aumentou muito nos últimos anos, e servidor endividado não reforma seu lar, não amplia sua casinha. Quando muito faz algum reparo pra se proteger das chuvas que vêm causando muitos prejuízos em Mato grosso.

    Cada real pago para repor a inflação, volta quase que em dobro para o governo, pois é devolvido ao estado nos impostos embutidos no consumo dessas famílias, e na própria tributação de seu salário. Por isso todos os demais setores da economia garantem a reposição da inflação dos seus trabalhadores, pois o mercado exige tal pratica sob pena de entrar em recessão, que é a falta de consumo e o acúmulo em estoque dos bens produzidos.

    O próprio empresário Mauro Mendes, garantiu a reposição da inflação para os trabalhadores da Bimetal dos anos de 2019 até agora, mesmo a empresa estando em recuperação judicial, anos que o governador Mauro não pagou integralmente a RGA dos trabalhadores públicos do poder executivo, não estando o Estado de Mato Grosso em recuperação judicial, pelo contrário, Mato Grosso está com sua economia pujante e solvente.

    É um dissenso que precisa ser contornado, evitando maiores desgastes dos servidores com o governo e assembleia atuais. Ainda é tempo para o bom diálogo e para encontrarmos conjunta e educadamente as soluções para essas demandas, principalmente editando nova lei que garanta uma data base e o índice oficial para a correção inflacionária nos salários dos trabalhadores públicos estaduais, bem como equacionando as perdas de anos anteriores dentro do mandato do atual governador.

    Antônio Wagner N. de Oliveira é Presidente do SINPAIG-MT, Diretor de Serviço Público Estadual da Federação dos Servidores Públicos do Estado de Mato Grosso e Vice-Presidente Estadual da CSB

  • A Moratória da Soja e a distopia do fim do mundo

    A Moratória da Soja e a distopia do fim do mundo

    Recentemente, a mídia nacional noticiou que organizações lançaram um manifesto em defesa da Moratória da Soja, alertando para os supostos riscos de sua extinção. Traduzo para a população: ONGs internacionais emitiram uma nota de repúdio alarmista – como sempre – na tentativa de moldar o discurso em benefício próprio. Segundo elas, o fim do conluio comercial chamado Moratória da Soja representaria o início de uma devastação desenfreada, uma verdadeira “distopia do fim do mundo”. Mas será que essas ONGs, que há décadas manipulam a opinião pública e faturam com a imagem de protetoras da floresta, realmente estão preocupadas com a Amazônia e com quem vive nela?

    Convido a sociedade dos estados da Amazônia Legal a refletir: qual dessas ONGs que assinaram a carta de apoio já empregou ou emprega um familiar seu? Quanto desenvolvimento essas organizações geram nas cidades do interior? Qual é o real compromisso delas com as pessoas que vivem na Amazônia? A resposta é óbvia: nenhum. Esses grupos sobrevivem à base de passagens aéreas, hotéis de luxo, coquetéis e “relationship” com executivos de multinacionais. Na prática, o fim da Moratória da Soja será uma grande perda apenas para o universo paralelo dessas ONGs. Talvez os números de “nem-nem” do IBGE aumentem, mas não por falta de emprego no agronegócio — e sim pela falta de relevância de quem se recusa a fazer a diferença real no mundo, mas adora uma sustentabilidade de PowerPoint.

    Enquanto isso, os produtores rurais da Amazônia, que vivem e trabalham dentro da lei, continuam pagando o preço de narrativas distorcidas e de restrições que vão além do que é determinado pelo Código Florestal Brasileiro — reconhecidamente uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. Durante 18 anos, famílias inteiras foram afetadas por listas negativas arbitrárias, embargos econômicos sem base legal e exclusões impostas por empresas signatárias da Moratória, sem que houvesse qualquer reparação. Nesse período, ONGs e corporações colheram os frutos de uma imagem de “salvadoras da floresta”, enquanto atacavam a soberania nacional e os direitos dos produtores que trabalham sob condições já desafiadoras.

    Defender o fim da Moratória não é atacar o meio ambiente

    Sim, defendo o fim da Moratória da Soja. Não porque sou contra a preservação ambiental, mas porque a Moratória perpetua uma dívida que não temos. Não devemos nada aos países europeus. Pelo contrário, são eles que têm uma dívida conosco. Criamos quotas de reservas legais e consolidamos áreas de preservação e terras indígenas em dimensões inimagináveis para essas nações. Eles, por outro lado, assumiram o compromisso de apoiar financeiramente a nossa preservação através do Acordo de Paris, mas até agora só lançaram migalhas e ruminaram discursos ofensivos contra o nosso país.

    O fim da Moratória pode, sem dúvidas, gerar críticas internacionais, mas toda insurgência contra mentiras estabelecidas provoca reações. Durante quase duas décadas, nossos direitos foram violados, e os ataques não cessaram. Sejamos honestos: os próprios defensores da Moratória jamais defenderam nossa sustentabilidade. Pelo contrário, alimentaram o caos do qual dependem para manter suas arrecadações.

    Se ONGs e empresas internacionais realmente se preocupassem com o meio ambiente, estariam investindo nas pessoas que vivem na Amazônia, gerando oportunidades e combatendo a pobreza. Em vez disso, preferem discursos vazios e grandiosos em conferências internacionais, enquanto ignoram os desafios reais de quem trabalha para produzir alimentos para o mundo.

    O que os assusta, na verdade, não é o fim da Moratória, mas a convergência firme e legítima dos esforços dos produtores contra práticas abusivas. É o despertar daqueles que foram subjugados por quase duas décadas, exigindo justiça e respeito. Espero que, daqui para frente, estejamos mais atentos e unidos, para que não demoremos tanto tempo para dar uma resposta àqueles que tentam sufocar nossa economia e tratar nosso povo como cidadãos de segunda classe. Nosso futuro não será mais negociado em jantares de luxo e conferências à custa do nosso povo.

    Lucas Costa Beber é presidente da Aprosoja MT

  • Um brinde a 2024

    Um brinde a 2024

    2024 chega ao fim como um daqueles anos que vão deixar saudade para o agronegócio brasileiro. As manchetes não são de safras recordes ou de aumento de renda para o produtor, mas foi um ano em que o setor ganhou em segurança jurídica. Foram muitas ações legislativas e executivas que podem transformar o Brasil em uma potência agroambiental e modelo de produção sustentável.

    Os motivos para comemorar vêm do campo regulatório, onde nos últimos 366 dias grandes conquistas foram auferidas pelo setor, que através delas mais e mais investimentos poderão ser feitos promovendo o fortalecimento da atividade em todos os seus elos. Vejamos.

    A lei 15.042 de 2024 criou o SBCE – Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa que além de excluir o setor produtivo do mercado regulado de créditos de carbono, garante ao produtor demonstrar sua vontade de participar ou não dos negócios dessa natureza, sem falar da possibilidade da comercialização de créditos gerados a partir dos ganhos de eficiência zootécnicas.

    Ainda, a lei 15.070 do mesmo ano, traz em pratos limpos um dos temas mais importantes para a agropecuária brasileira, os bioinsumos. Esse segmento vem dia a dia ganhando mais e mais espaços no mercado nacional graças a sua eficiência e custo benefício, sem falar é claro do meio ambiente. Além disso, com a sanção da lei ficou assegurando ao produtor a produção on farm para uso próprio.

    Outra inovação foi a aprovação do marco dos combustíveis do futuro, a lei 14.993 cria programas de incentivo à produção e ao uso de combustíveis sustentáveis, como o diesel verde e o biometano, que podem ser o nosso novo pré-sal.

    Já no campo do poder executivo 2 medidas saltam aos olhos do mundo.

    O PNIB – Programa Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Bubalinos tem como objetivo a identificação de todo o rebanho bovino e de búfalos do país até o final de 2032, colocando a carne brasileira como um modelo de produção, qualidade, controle sanitário e garantia de origem.

    Por fim, a Plataforma AgroBrasil mais Sustentável, talvez a maior inovação do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil desde a criação da EMBRAPA, dará ao produtor rural acesso às informações e certificações que poderão atender a mercados específicos e até mesmo acelerar a análise de crédito, e mais, o acesso à plataforma será feito pelo produtor rural através da sua conta govbr.

    Seria o fim das pontas soltas?

    O Brasil tem hoje um modelo produtivo baseado na eficiência. Somos os produtores de fibras, alimentos e energia do planeta e precisávamos desse avanço regulatório para continuar com os investimentos.

    O desafio para 2025 é colocar tudo isso em prática, e aí entra a regulamentação. Será o momento de mantermos a mesma maturidade e diálogo institucional para dizermos através dos decretos e portarias como as leis vão funcionar na prática.

    Um brinde a 2024, e que venha 2025!

    *Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.

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  • 2025: Um Ano Pré-Eleitoral e as Perspectivas para a Política Brasileira

    2025: Um Ano Pré-Eleitoral e as Perspectivas para a Política Brasileira

    O ano de 2025 será decisivo para os rumos políticos do Brasil. Às vésperas de mais uma eleição presidencial, o debate sobre a possível candidatura à reeleição do presidente Lula começa a ganhar força, especialmente diante dos desafios de saúde enfrentados pelo líder petista. Caso Lula não dispute, a grande incógnita será quem assumirá seu lugar como principal articulador do campo progressista.

    Internacionalmente, janeiro marcará o retorno de Donald Trump à Casa Branca. A nova gestão norte-americana deve impactar o Brasil em áreas estratégicas como comércio agrícola e meio ambiente, especialmente para o Mato Grosso, estado que se destaca como potência do agronegócio. A relação entre os dois países promete ser um tema central para a economia brasileira.

    Ao mesmo tempo, os novos prefeitos eleitos em 2024 assumirão em um ambiente político ainda marcado pela polarização. Suas administrações serão uma prévia do que esperar para 2026: a consolidação da polarização entre direita e esquerda, ou o surgimento de uma liderança de centro capaz de romper esse padrão?

    Com um Congresso fragmentado e uma economia que segue oscilante, 2025 será um ano de intensas articulações políticas e desafios institucionais. Nesse contexto, as lideranças nacionais precisarão decidir se caminharão para pautas de consenso ou se manterão a polarização como estratégia dominante.

  • A reconstrução da mama após a mastectomia

    A reconstrução da mama após a mastectomia

    Estamos no mês da prevenção ao câncer de mama conhecido como Outubro Rosa. O câncer de mama é segundo tipo que mais acomete brasileiras, representando em torno de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino.

    Mesmo com as técnicas mais avançadas, alguns casos é necessária a retirada total da mama (mastectomia) em outros só  a parcial. Isso abala e muito o psicológico da mulher, visto que trata-se de uma mutilação, a retirada de um pedaço da sua feminilidade.

    Uma opção após a alta é a reconstrução da mama. Entre 3 e 6 meses depois da reconstrução, a paciente pode passar  por uma cirurgia complementar e se preciso operar a outra mama para deixar as duas simétricas.

    Mas é importante fazer. Trata-se de uma ‘injeção’  de ânimo para as mulheres que lutaram contra essa doença com sessões de quimioterapia e radioterapia. A reconstrução da mama com implante ou não de silicone ajuda e muito na autoestima.

    A cirurgia é como qualquer outra. Exige indicação do médico e completa avaliação do risco cirúrgico.

    Tanto é usado para preencher a mama,  a técnica de retalhos retirado da região abdominal ou dorsal (costas), é levado ao local a ser operado. O retalho é um tecido retirado de uma região do corpo e transferido a outra.

    Algumas mulheres podem ter que reconstruir o bico e a aréola do peito. Nesses casos tanto podem se usar a técnica da tatuagem como pode ser feito com enxertos de pele e mucosas próprias da paciente. O médico discute com a paciente qual será a melhor opção.

    Essas cirurgias em média duram 3 horas e o pós-operatório deve ser seguido com repouso, uso de antibióticos e anti-inflamatórios.

    É importante a paciente saber que a sensibilidade da mama não volta ao normal após a reconstrução mamária, ainda que possa melhorar com o tempo. A cicatrização é um processo lento, que costuma deixar marcas, ainda que discretas.

    Em caso de implantes de silicone é necessária a realização de exames de acompanhamento periódicos.

    Qualquer alteração na mama reconstruída deve ser informada imediatamente ao seu médico.

    Vale lembrar que o câncer de mama pode ser prevenido se a mulher fizer o exame do toque e pelo menos uma vez por ano fazer um checkup com ultrassom de mama e acima de 40 anos a mamografia. Se descoberto no início as chances de cura aumentam muito.

    Benedito Figueiredo Junior é cirurgião plástico na Angiodermoplastic. CRM 4385 e RQE 1266.