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  • O Futuro do Marketing Político

    O Futuro do Marketing Político

    O cenário político está em constante transformação, e as campanhas eleitorais precisam acompanhar essa evolução. Hoje, mais do que nunca, a tecnologia e as estratégias digitais são fundamentais para conquistar eleitores, engajar comunidades e garantir vitórias. Como consultor de político, tenho acompanhado de perto as tendências que estão revolucionando o marketing eleitoral, e neste artigo, vou compartilhar algumas das principais ferramentas e estratégias que podem fazer a diferença na sua campanha.

    1. Inteligência Artificial: A Nova Aliada das Campanhas

    A Inteligência Artificial (IA) já é uma realidade no marketing político. Com ela, é possível analisar grandes volumes de dados, prever tendências e personalizar mensagens para cada eleitor. Imagine poder enviar uma mensagem específica para um eleitor com base em seus interesses e comportamentos online. Isso não só aumenta o engajamento, mas também fortalece a conexão entre o candidato e o eleitor. Na minha experiência, campanhas que utilizam IA têm um desempenho significativamente superior, com maior retorno sobre o investimento.

    2. Big Data: Decifrando o Comportamento do Eleitor

    O Big Data é a base de qualquer campanha moderna. Ele permite mapear o comportamento do eleitor, identificar tendências e ajustar estratégias em tempo real. Com ferramentas de análise de dados, é possível saber exatamente onde estão seus votos e como conquistá-los. Em uma campanha recente que fiz, o uso de Big Data permitiu identificar nichos específicos de eleitores, resultando em um aumento de 30% no engajamento.

    3. Hiperpersonalização: A Chave para Conquistar Eleitores

    No mundo digital, campanhas genéricas não funcionam mais. A hiperpersonalização é essencial para conquistar a atenção e o voto do eleitor. Isso significa criar mensagens específicas para diferentes segmentos do público, utilizando dados demográficos, comportamentais e geográficos. Como consultor, sempre recomendo a criação de conteúdos que falem diretamente com o eleitor, mostrando que o candidato entende suas necessidades e preocupações.

    4. Redes Sociais: O Novo Palanque Digital

    As redes sociais são o principal canal de comunicação com o eleitor. Plataformas como Instagram, TikTok, Facebook e WhatsApp permitem uma conexão direta e imediata. No entanto, é preciso ir além dos posts tradicionais. Estratégias como microtargeting (segmentação ultra-específica) e o uso de vídeos curtos e engajadores são fundamentais para conquistar a atenção do eleitor. Em campanhas que gerenciei, o uso de TikTok e Instagram Reels resultou em um aumento de 40% no alcance entre jovens eleitores, a qual foi decisivo para alcançar a vitória.

    5. Realidade Aumentada e Gamificação: Engajando de Forma Inovadora

    A realidade aumentada e a gamificação são tendências que estão ganhando espaço no marketing político. Imagine um eleitor interagindo com um filtro de realidade aumentada que mostra as propostas do candidato de forma lúdica e memorável. Ou então, um quiz que testa o conhecimento do eleitor sobre as propostas da campanha. Essas ferramentas não só engajam, mas também criam uma experiência única que fortalece a conexão com o eleitor.

    6. Chatbots e Automação: Atendimento 24 Horas

    Os chatbots são uma ferramenta poderosa para automatizar o atendimento ao eleitor. Eles podem responder dúvidas, enviar informações sobre a campanha e até mesmo captar dados para futuras estratégias. Em uma campanha recente, o uso de chatbots no WhatsApp resultou em um aumento de 25% no engajamento, com eleitores recebendo respostas rápidas e personalizadas.

    7. Análise de Sentimento em Tempo Real

    Saber o que o eleitor está pensando em tempo real é uma vantagem competitiva enorme. A análise de sentimento utiliza algoritmos para monitorar redes sociais e identificar o humor do eleitor em relação à campanha. Isso permite ajustar estratégias rapidamente, evitando crises e potencializando oportunidades. Em uma campanha que comandei em 2024, a análise de sentimento ajudou a identificar um tema polêmico antes que ele se tornasse um problema, permitindo uma resposta rápida e eficaz.

    8. Crowdfunding Político: Financiando Campanhas com Apoio Popular

    O crowdfunding não é mais uma ferramenta exclusiva de startups. Ele tem se tornado uma opção viável para financiar campanhas políticas, engajando eleitores e fortalecendo a base de apoio. Campanhas que utilizam crowdfunding não só arrecadam recursos, mas também criam uma sensação de pertencimento entre os apoiadores, principalmente por aqueles que doaram quantidades mínimas, idealizada a partir de um planejamento estratégico para esse fim. Também nessa campanha recente, o uso de crowdfunding resultou em uma arrecadação 15% acima do esperado, com doadores se tornando embaixadores da campanha.

    9. Estratégias Multicanal: Integrando Todos os Canais

    Uma campanha eficaz não pode se limitar a um único canal. É preciso integrar redes sociais, e-mail marketing, WhatsApp, sites e até mesmo ações offline que a o meu ver são imprescindíveis. Estratégias multicanal garantem que sua mensagem chegue ao eleitor, onde quer que ele esteja. Em minhas consultorias, sempre recomendo a criação de um plano de comunicação INTEGRADO, que maximize o alcance e o impacto da campanha.

    10. O Futuro das Campanhas: Tecnologia e Humanização

    O futuro do marketing político está na combinação de tecnologia e humanização. Ferramentas como IA, Big Data e realidade aumentada são poderosas, mas é a conexão humana que realmente conquista eleitores. Como consultor, acredito que o sucesso de uma campanha depende da capacidade de unir inovação tecnológica com uma mensagem autêntica e emocional.

    O marketing político está passando por uma revolução, e as campanhas que não se adaptarem a essas novas realidades correm o risco de ficar para trás. Como consultor político, tenho orgulho de estar na vanguarda dessas transformações, ajudando candidatos e partidos a alcançarem resultados extraordinários. Se você quer levar sua campanha para o próximo nível, entre em contato e vamos construir juntos uma estratégia vencedora.

    Cláudio Cordeiro
    Consultor Político e Especialista em Marketing Eleitoral
    Publicitário | Advogado

  • Tenho mais de 60 anos: Devo começar a musculação?

    Tenho mais de 60 anos: Devo começar a musculação?

    A resposta é um entusiasmado sim! A prática da musculação é uma das melhores formas de melhorar a saúde, prevenir doenças e promover a qualidade de vida em pessoas com mais de 60 anos.

    Estudos recentes destacam que o treinamento de força vai muito além da estética: ele é essencial para combater os efeitos do envelhecimento e garantir uma vida mais ativa e independente.

    Por Que a Musculação É Importante na Terceira Idade?

    Com o passar dos anos, o corpo passa por diversas mudanças, como a perda de massa muscular (sarcopenia), diminuição da força, redução da densidade óssea e piora da flexibilidade. Esses fatores aumentam o risco de quedas, fraturas e limitações na realização de atividades cotidianas.

    A musculação, também chamada de treinamento de força, é uma atividade que pode reverter muitos desses efeitos do envelhecimento. Ela envolve exercícios que utilizam pesos, máquinas ou o próprio corpo como resistência, estimulando o fortalecimento muscular e ósseo.

    Benefícios da Musculação para Idosos

    1. Aumento da Massa e Força Muscular A sarcopenia, que afeta até 50% dos idosos, é uma das principais causas de perda de independência. A musculação é a intervenção mais eficaz para aumentar a massa magra e a força, de acordo com estudos publicados no Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle (2021).
    2. Melhora da Saúde Óssea O treinamento de força estimula a formação de massa óssea, ajudando a prevenir a osteoporose. Segundo uma pesquisa da Osteoporosis International (2020), idosos que praticam musculação regularmente apresentam maior densidade mineral óssea e menor risco de fraturas.
    3. Redução do Risco de Quedas Fortalecer os músculos melhora o equilíbrio, a coordenação e a capacidade de reação, reduzindo o risco de quedas – uma das principais causas de hospitalização em idosos.
    4. Controle de Doenças Crônicas A musculação ajuda no controle da diabetes tipo 2, hipertensão e colesterol, além de melhorar a saúde cardiovascular. Estudos indicam que o treinamento de força reduz os níveis de inflamação no corpo, um fator associado a diversas doenças relacionadas ao envelhecimento.
    5. Benefícios Cognitivos e Psicológicos Além dos benefícios físicos, a musculação também está associada à melhora do humor, redução de sintomas de ansiedade e depressão e até à preservação da memória e da cognição, segundo o Frontiers in Psychology (2021).

    É Seguro Começar a Musculação Após os 60 Anos?

    Sim, é seguro, desde que com orientação adequada. O treino deve ser personalizado, considerando o nível de condicionamento físico, histórico de saúde e possíveis limitações articulares.

    Passos para Começar com Segurança:

    1. Avaliação Médica: Antes de iniciar, procure um médico para garantir que está apto a realizar exercícios.
    2. Acompanhamento Profissional: Contrate um personal trainer ou instrutor qualificado para montar um programa de exercícios adequado às suas necessidades.
    3. Início Gradual: Comece com cargas leves e aumente a intensidade de forma progressiva.
    4. Foco na Técnica: Realizar os movimentos corretamente é mais importante do que usar muito peso.
    5. Regularidade: Treine pelo menos duas a três vezes por semana para obter os melhores resultados.

    Conclusão

    Começar a musculação após os 60 anos é uma decisão inteligente e extremamente benéfica para a saúde. Não importa se você nunca treinou antes: com a orientação correta, essa prática pode transformar sua vida, aumentando a energia, prevenindo doenças e garantindo mais vitalidade.

    O envelhecimento é inevitável, mas como você envelhece está em suas mãos. A musculação pode ser o primeiro passo para conquistar um futuro mais ativo, independente e saudável.

    Max Lima é Especialista em Clínica Médica pelo Instituto dos servidores do Estado de São Paulo (HSPE-FMO ), Especialista em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese, Especialista em Terapia Intensiva pela AMIB, Fellow pela Sociedade Europeia de Cardiologia, Ex Conselheiro Federal de Medicina (2019-2024), Presidente da SBC MT – biênio 2016-2017

  • NRF 2025: Por onde começar?

    NRF 2025: Por onde começar?

    De 12 a 14 de janeiro aconteceu a tradicional NRF – National Retail Federation 2025, Big Show, em Nova Iorque, nos EUA. Em sua 115ª edição, tem sido, globalmente, o maior evento anual de varejo, contou com a presença de mais de 70 países e atraiu cerca de 38.000 participantes e uma representação significativa do Brasil, com mais de 2.000 participantes.

    Muitos artigos têm sido publicados sobre o evento, e antes de comentá-lo, mencionarei outro evento que antecede a NRF, a reunião anual da FIRA – Federação Internacional das Associações de Varejo.

    A reunião da FIRA teve a participação de 28 associações de varejo, de 19 países de todos os continentes, mostrando a força do varejo no mundo, na qual o IDV (Instituo para Desenvolvimento do Varejo) se fez presente pelo Brasil. Na reunião, foram abordados temas da economia e do varejo mundial.

    Podemos inferir que os países participantes têm preocupações muito semelhantes, guardadas as devidas proporções: inflação em alta, elevada taxa de juros, baixo crescimento econômico, questões de desempenho dos governos e, na Europa, preocupações com a baixa taxa de natalidade. Não se percebeu entusiasmo com o futuro da economia na maioria dos países, exceto os Estados Unidos, certamente motivados pelo momento de transição de governo.

    Um ponto comum, e de destaque, na reunião do FIRA, foi o crescimento exponencial nos últimos anos das exportações de pequenos volumes (cross-border) dos países asiáticos para praticamente todos os países presentes, em que na sua maioria, estão, digamos, “desorientados” quanto ao que devem fazer para contê-las. Nesse sentido, podemos afirmar que o Brasil está no caminho certo, pois iniciamos uma governança visando à equidade concorrencial com o programa Remessa Conforme, que começa a mostrar resultados, se bem que ainda insuficientes.

    Voltando à NRF 2025, durante o evento, foram ministradas 250 palestras que cobriram uma variedade de tópicos, importantíssimos para o setor de varejo, e também houve ampla área de exposição de produtos e serviços, com cerca de 800 expositores, que apresentaram inovações que estão moldando o futuro do varejo, desde soluções de pagamento até ferramentas avançadas de análise de dados.

    As conclusões publicadas na imprensa mundial sobre a NRF 2025 destacaram vários pontos importantes, tais como:

    • As lojas físicas estão se reinventando, para, além de atrair os clientes, mantê-los por mais tempo em seu interior, resultando na crescente importância da personalização e da experiência do cliente no varejo moderno.
    • O papel crucial da sustentabilidade e da responsabilidade social nas operações de varejo, temas presentes em várias palestras, porém, com menor intensidade neste ano.
    • O impacto das tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, focando no aumento da produtividade, no aprimoramento das operações, no entendimento do comportamento do consumidor e na comunicação.
    • Os ganhos potencializados com a implantação eficaz do omnichannel, indispensável para o crescimento e sucesso no varejo.
    • Avanços no marketing e monetização de espaços digitais e físicos, com infinitas possibilidades de retail media.

    Com tantas palestras e expositores de tecnologia de produtos e serviços, gerou-se um volume importante de matéria-prima para muitas empresas especializadas em varejo fazerem excelentes encontros no Brasil de pós-NRF.

    Quem esteve na NRF ou já se informou bem sobre o apresentado no evento, dependendo da estrutura e porte da empresa, pode estar se perguntando:

    Por onde começar?

    A resposta é complexa. Toda tecnologia disponível, como a loja totalmente autônoma – controlando tudo, desde a entrada do cliente, reposição de mercadorias, pagamento por meios digitais da compra, etc. –, o checkout por imagens sem uso do código de barras, o inventário de mercadorias no chão de loja feito por robôs, as estratégias de mídia digital com uso da inteligência artificial generativa e todas as demais maravilhas e estratégias apresentadas, dependem, antes de tudo, de se ter uma base de dados estruturada, sólida e constantemente atualizada, gente especializada e escolha das ferramentas certas. Sem esta estruturação inicial, muito bem implantada, corre-se um risco significativo de insucesso.

    O uso de tecnologias avançadas não é mais uma tendência, mas uma necessidade estratégica para empresas que desejam se manter relevantes no mercado.

    Então, o varejo brasileiro tem uma missão importante, acompanhar as tendências tecnológicas, implantá-las e, ao mesmo tempo, garantir o retorno dos investimentos feitos em tecnologia, algo desafiador para todos os tamanhos de varejo, em particular para as médias e pequenas empresas, que sofrem com a escassez de recursos financeiros.

    O setor de varejo, que representa cerca de 25% do PIB, por sua importância na economia, requer programas de apoio financeiro públicos e privados que possibilitem seu desenvolvimento tecnológico, dando suporte à construção de um varejo pujante e moderno no Brasil.

    Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV – Instituto para Desenvolvimento do Varejo

  • Profissional de TI do futuro irá muito além de IA e códigos

    Profissional de TI do futuro irá muito além de IA e códigos

    A revolução digital, impulsionada pela Inteligência Artificial (IA), está redefinindo radicalmente o mercado de trabalho, e a área de Tecnologia da Informação (TI) não é exceção. A demanda por profissionais qualificados nunca foi tão alta, mas apenas a capacidade de programar não é mais suficiente para garantir sucesso nessa área. O profissional de TI do futuro precisa ser um indivíduo multifacetado, capaz de navegar em um mar de dados e informações, e de entender as nuances da IA e da automação, para citar apenas duas tendências do presente.

    A escassez de mão de obra qualificada em TI é um problema global, e a pandemia de COVID-19 apenas intensificou essa realidade. Segundo o relatório “Future of Jobs Report 2025”, do Fórum Econômico Mundial, 63% das companhias citam a falta de profissionais qualificados como impedimento para seu negócio avançar. O desafio de habilidades persiste em quase todos os setores e regiões geográficas, ficando em primeiro lugar em 52 das 55 economias e em 19 dos 22 setores analisados.

    Além disso, a aceleração da digitalização em todos os setores da economia aumentou exponencialmente a necessidade por soluções tecnológicas inovadoras. Entretanto, aumentar o número de programadores não é a única resposta. É preciso formar profissionais mais completos, capazes de lidar com o desafio crescente dos sistemas e aplicações e se encarregar com o volume e a complexidade das tecnologias emergentes.

    Há um aumento das tarefas intrincadas que os profissionais de TI devem ser capazes de desempenhar. Não basta mais apenas desenvolver códigos e sistemas. Se há 20 ou 25 anos era possível sobreviver conhecendo mainframe ou COBOL, hoje não basta conhecer Python ou Java para obter uma carreira estável e longeva. Agora é necessário também interagir e trabalhar com grandes volumes de dados. A automação, alimentada por IA, pode lidar com muitas tarefas repetitivas e operacionais, liberando a força de trabalho para tarefas mais criativas e de alto nível. Ela gera dados em uma velocidade sem precedentes, e os profissionais precisam não só entender esses dados, mas também ser capazes de analisá-los e tomar decisões estratégicas baseadas em informações processadas automaticamente.

    Tudo isso nos mostra que os profissionais de TI precisarão ter habilidades em áreas como pensamento estratégico, design de soluções complexas e gestão de processos, além de dominar as ferramentas tecnológicas. A combinação de habilidades técnicas essenciais e criativas será um diferencial importante aos que desejarem se manter relevantes e competitivos no mercado de trabalho. Plataformas de aprendizado contínuo, certificações e redes de colaboração também serão cada vez mais essenciais para o desenvolvimento dos profissionais, garantindo que eles não apenas acompanhem as mudanças, mas também as liderem.

    Do lado das organizações, a análise de dados e a IA estão transformando a maneira como elas operam. Não existe atualmente uma área de negócios que não possua uma camada digital. Da grande corporação ao vendedor de bala em ação em um semáforo e que aceita PIX: a tecnologia está presente, com foco central em eficiência e produtividade. Contudo, existe ao mesmo tempo uma demanda por avanços ainda maiores, com a falta de mais profissionais de TI exercendo um contraponto que freia uma maior velocidade no ambiente tech. Neste sentido, a IA pode ser vista como uma ferramenta de desafogo para diversos setores.

    A IA é parte cada vez mais presente em nossas vidas, automatizando tarefas e tomando decisões complexas. Os profissionais de TI precisam entender como a IA funciona, quais são suas limitações e como utilizá-la de forma ética e responsável. Eles não serão mais apenas técnicos, mas também responsáveis por garantir que as soluções criadas sejam seguras, justas e transparentes. As competências em ética digital e governança serão essenciais, pois a habilidade de avaliar e mitigar riscos tecnológicos será um diferencial competitivo importante no futuro.

    Além da formação técnica, o profissional de TI do amanhã precisa desenvolver habilidades sociais e de comunicação. A capacidade de trabalhar em equipe, de se comunicar de forma clara e concisa, e de entender as necessidades dos usuários são essenciais para o sucesso em qualquer projeto. Soft skills como a criatividade, a inovação e a capacidade de adaptação, também são altamente valorizadas pelas companhias.

    O futuro da TI é promissor, porém também desafiador. A ascensão dos agentes de IA, que podem realizar tarefas complexas de forma autônoma, e o desenvolvimento da computação quântica, que promete revolucionar a capacidade de processamento de dados, vão exigir que os profissionais de TI se adaptem constantemente. Esta última, aliás, nos ajuda a esboçar um pouco mais a fundo o futuro.

    A computação quântica promete transformar áreas como criptografia, otimização e simulação, o que exigirá dos profissionais de TI um novo conjunto de habilidades. Eles não apenas precisarão entender os princípios fundamentais da física quântica, mas também se especializar em linguagens de programação específicas e em arquiteturas quânticas que ainda estão em desenvolvimento. Este é um campo emergente, e quem estiver preparado para essa mudança poderá estar à frente de inovações disruptivas.

    Ao mesmo tempo, estar preparado e ser protagonista do próprio desenvolvimento vale também para ferramentas hoje tidas como essenciais, como o machine learning, as redes neurais e os sistemas de recomendação. A habilidade de trabalhar com IA, seja para integrar soluções em processos de automação, seja para melhorar a experiência do usuário, é uma competência que não pode ser ignorada nem um minuto a mais.

    Desta forma, para se manterem relevantes no mercado de trabalho, os profissionais de TI precisam investir em aprendizado contínuo. A tecnologia evolui rapidamente, e é fundamental acompanhar as últimas tendências e novidades do setor. A busca por cursos de especialização, participação em eventos e comunidades online são algumas das formas de se manter atualizado.

    A área de TI é dinâmica e exige adaptação constante, mas as recompensas são grandes. A IA, a automação e a computação quântica geram um novo cenário, no qual habilidades tradicionais precisam ser complementadas com uma abordagem mais holística, ética e estratégica. Aqueles que souberem se adaptar a essas mudanças e adquirir as competências certas estarão bem-posicionados para desempenhar papéis de liderança nas inovações tecnológicas que estão por vir. O mercado de TI está se transformando, e os profissionais que conseguirem se reinventar serão os protagonistas dessa nova era.

     

    *Jonatas Leandro é VP de Inovação da GFT Technologies no Brasil

  • Novas regras para os produtores rurais emitirem NF-e

    Novas regras para os produtores rurais emitirem NF-e

    Desde a primeira segunda-feira, 3 de fevereiro, os produtores rurais que alcançaram receita bruta superior a R$ 360 mil nos anos de 2023 ou 2024 deverão, obrigatoriamente, emitir a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e). A medida, estabelecida pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), visa modernizar o controle fiscal e ampliar a transparência nas transações comerciais do setor agropecuário.

     

    O prazo para adequação foi prorrogado mais uma vez com o objetivo de garantir que os produtores tivessem tempo suficiente para se prepararem para as novas exigências. A NF-e substitui a nota em papel e oferece maior segurança jurídica para as operações, além de simplificar os processos de emissão e armazenamento dos documentos fiscais.

     

    Os produtores rurais com receita bruta de até R$ 360 mil terão ainda mais tempo para se adaptarem às novas regras: 5 de janeiro de 2026. Essa segmentação busca respeitar as diferentes capacidades operacionais e financeiras dos produtores, especialmente os de pequeno porte, garantindo um período maior para que possam se ajustar ao sistema.

     

    A adoção da NF-e traz uma série de benefícios aos produtores rurais, como a redução de custos com papel e armazenamento, o aumento do controle sobre as operações e a agilidade na prestação de contas. Além disso, a NF-e facilita o acesso a novos mercados, como exportações e licitações públicas, que exigem emissão digital de documentos fiscais.

     

    Por outro lado, a adaptação à NF-e pode representar um desafio para produtores com menor familiaridade com ferramentas tecnológicas. Para iniciar o processo de adaptação, é fundamental que os produtores busquem orientação e suporte técnico especializado.

     

    Nesse sentido, é essencial verificar se já possuem os requisitos para emissão da NF-e, como certificado digital e acesso a sistemas de emissão compatíveis. É importante destacar que cada estado possui requisitos específicos para o credenciamento, portanto, é necessário verificar os procedimentos locais e manter os dados cadastrais atualizados.

     

    A obrigatoriedade da NF-e representa um passo importante para a modernização do setor agropecuário brasileiro, alinhando os produtores às exigências fiscais contemporâneas, que são inevitáveis para qualquer setor. Contudo, é imprescindível que os produtores se preparem adequadamente para atender às novas regras, aproveitando o prazo concedido pelo Confaz para implementar as mudanças necessárias em suas operações.

     

    *Gilberto Gomes da Silva é advogado, especialista em Direito Civil e Processual Civil, com MBA em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). 

  • Quem tem medo da IA?

    Quem tem medo da IA?

    A Inteligência Artificial  deixou de ser um conceito futurista para se tornar parte do nosso dia a dia. Desde assistentes virtuais até diagnósticos médicos de alta precisão, seu impacto já é inegável. Mas à medida que nos aproximamos dessa tecnologia, uma pergunta se torna cada vez mais pertinente: Devemos temer a IA?

    Os benefícios da IA são inúmeros. A automação tem permitido que profissionais deixem tarefas repetitivas de lado para se concentrarem em atividades estratégicas e criativas.

    No campo da saúde, algoritmos sofisticados são capazes de identificar doenças com maior rapidez e precisão, aumentando as chances de tratamento eficaz.  Não significa que vamos deixar de ir ao medico, mas vamos utilizar nossas Ias como checadores.

    Hoje mesmo utilizei a IA para saber se a quantidade de suplementos recomendado pelo meu medico esta adequado aos exames recentes realizados.

    Outro ponto relevante é a personalização digital. Plataformas de streaming, redes sociais e lojas virtuais utilizam IA para sugerir conteúdos e produtos alinhados aos interesses de cada usuário, tornando o consumo mais i eficiente.

    Além disso, na área da segurança cibernética, sistemas inteligentes detectam ameaças e evitam fraudes, garantindo maior proteção para dados pessoais e transações online.

    Apesar dos avanços, a IA também levanta preocupações. A automação em larga escala pode levar à substituição de empregos, afetando principalmente funções operacionais.

    Segundo um estudo publicado na Harvard Business Review, até 2035, cerca de 40% das funções no mercado de trabalho podem ser automatizadas.  Lembra daquela máxima que se você faz um trabalho repetitivo será substituído por uma maquina, está ai.

    Além disso, questões éticas e de privacidade precisam ser debatidas. Algoritmos que tomam decisões sem transparência podem perpetuar preconceitos e reforçar desigualdades. Tecnologias como o reconhecimento facial, por exemplo, já demonstraram falhas ao identificar corretamente diferentes grupos étnicos, o que pode gerar discriminação.

    Outro risco crescente é a disseminação de desinformação. Com o avanço das deepfakes e dos bots inteligentes, torna-se cada vez mais difícil distinguir entre conteúdos autênticos e manipulados.

    Mas o que esperar da IA nos próximos anos?

    Nos próximos anos, a presença da IA deve se intensificar em diversas áreas, como saúde, educação e mobilidade urbana. Carros autônomos, assistentes médicos baseados em IA e professores virtuais são apenas algumas das inovações em desenvolvimento.

    No entanto, para que essa evolução traga benefícios reais, será essencial que governos e empresas estabeleçam regulamentações que garantam a transparência no uso da tecnologia, a proteção de dados e a responsabilidade no desenvolvimento dos algoritmos.

    No caso do Brasil ainda será necessário investir muito em infraestrutura para que toda essa capacidade de armazenar dados seja fácil de usar. Segundo IBGE mais de 190 cidades no Brasil ainda não possuem internet adequada ou que funcione para a população.

    Medo ou Adaptação?

    Acredito que a IA não deve ser encarada como uma ameaça, mas sim como uma ferramenta que precisa ser utilizada com responsabilidade. O equilíbrio entre inovação e ética será determinante para garantir que essa tecnologia seja um avanço positivo para a sociedade.

    Ao invés de temer a IA, o ideal é que nos preparemos para seu impacto inevitável. Investir em educação digital, debater diretrizes éticas e desenvolver regulamentações adequadas são passos fundamentais para garantir que essa revolução aconteça de forma sustentável e segura.

    Afinal, o futuro da IA não será determinado apenas por suas capacidades tecnológicas, mas pela forma como escolhemos utilizá-la.  Penso que devemos utilizar a AI como um assistente, não como se fosse você é a chave para o equilíbrio nesse momento que ainda nos acostumamos com sua companhia.

    Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia no Belicosa.com.br

  • Cientista Político avalia a nova composição do Congresso

    Cientista Político avalia a nova composição do Congresso

     

    Neste sábado (1º de fevereiro de 2025), o Congresso Nacional elegeu os membros das Mesas Diretoras do Senado Federal e da Câmara dos Deputados para o biênio 2025-2027. O resultado reflete um equilíbrio entre diferentes forças políticas, com apoio tanto de parlamentares governistas quanto da oposição.

    No Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) foi eleito presidente com ampla maioria, retornando ao cargo que ocupou entre 2019 e 2021. Sua eleição indica um movimento de fortalecimento da articulação política no Senado, com expectativa de maior protagonismo da Casa nas discussões nacionais.

    A nova composição da Mesa Diretora do Senado inclui senadores de diferentes partidos e regiões do país:

     

    • 1º Vice-Presidente: Eduardo Gomes (PL-TO)
    • 2º Vice-Presidente: Humberto Costa (PT-PE)
    • 1ª Secretária: Daniella Ribeiro (PSD-PB)
    • 2º Secretário: Confúcio Moura (MDB-RO)
    • 3ª Secretária: Ana Paula Lobato (PDT-MA)
    • 4º Secretário: Laércio Oliveira (PP-SE)

    Além dos titulares, também foram eleitos quatro suplentes, garantindo representatividade a diferentes blocos políticos. A composição da Mesa sinaliza um Senado que pode atuar de forma independente, mas negociando amplamente com o Executivo e outras forças políticas.

    Já na Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) assumiu a presidência, consolidando o protagonismo do Centrão e dando continuidade à estratégia de articulação política construída nos últimos anos. Motta recebeu votos tanto da direita quanto da esquerda, o que demonstra sua capacidade de diálogo e negociação.

    A nova Mesa Diretora da Câmara conta com representantes de diferentes partidos:

    • 1º Vice-Presidente: Altineu Côrtes (PL-RJ)
    • 2º Vice-Presidente: Elmar Nascimento (União-BA)
    • 1º Secretário: Carlos Veras (PT-PE)
    • 2º Secretário: Lula da Fonte (PP-PE)
    • 3º Secretário: Delegada Katarina (PSD-SE)
    • 4º Secretário: Sergio Souza (MDB-PR)

    A presença de líderes de diversos espectros políticos sugere que o comando da Câmara buscará conciliar interesses divergentes para manter a governabilidade.

    Perspectivas para o Biênio 2025-2027 e Principais Desafios

    Com lideranças que receberam votos de diferentes campos políticos, o novo Congresso deve atuar com maior pragmatismo. A tendência é que as pautas prioritárias avancem por meio de negociações entre governo e oposição, sem grandes rupturas.

    Alguns dos principais temas que podem dominar a agenda legislativa são:

    • Reforma tributária – O Congresso deve discutir ajustes na reforma já aprovada, além da regulamentação de novos tributos.
    • Regulamentação das emendas parlamentares – O modelo de distribuição de recursos para estados e municípios seguirá como tema de debate.
    • Reformas institucionais – Propostas sobre anistia a parlamentares e ampliação da imunidade política podem gerar polêmicas.
    • Pauta econômica – Discussões sobre equilíbrio fiscal, novas regras para gastos públicos e incentivos ao setor produtivo estarão no centro das negociações.

    A configuração das Mesas Diretoras do Congresso ocorre em um momento estratégico, já que 2025 é o último ano antes das eleições gerais de 2026. A composição das lideranças no Senado e na Câmara reflete um cenário de articulação entre diferentes forças políticas, o que pode influenciar a dinâmica eleitoral.

    Com um Legislativo que equilibra representantes da direita e da esquerda, é provável que pautas de grande impacto sejam debatidas sob forte disputa ideológica. Além disso, as decisões tomadas neste biênio podem servir como termômetro para alianças políticas e estratégias eleitorais, com parlamentares já mirando suas posições para a disputa presidencial e para os governos estaduais.

    A capacidade dos novos presidentes da Câmara e do Senado de conduzir essa diversidade de interesses será fundamental para a estabilidade política e econômica do país nos próximos anos.

  • O amor que transcende o tempo: lições e saudades de um grande pai

    O amor que transcende o tempo: lições e saudades de um grande pai

    Talvez ele não tenha sido o primeiro a me ver ou a me segurar, mas assim que seus braços me envolveram, nunca mais me largaram. Não no sentido físico, mas no acolhimento, na segurança que ele me proporcionou. Sempre tive o privilégio de encontrar em seu abraço, meu refúgio. Quando eu estava ali, protegido e amado, nada poderia ser tão ruim. Seu abraço era o meu lar.

    Ter um pai como o meu é saber que, mesmo com o tempo nublado lá fora, haverá sempre um sol dentro de casa, irradiado pelo sorriso dele quando me vê e pergunta: “Tudo bem, filhão? Como você está?” Não era apenas uma pergunta de cortesia, era a preocupação verdadeira de alguém que se importa com o outro de forma genuína.

    Ter um pai como o meu é lembrar que, por trás das nuvens, as noites continuam estreladas. É saber que alguém sempre lutará pela sua felicidade, mesmo que, por vezes, isso signifique sacrificar a própria. É sentir-se importante, é ter certeza de que alguém se importa com você.

    Ter um pai como o meu é acordar e perceber que existe um amor tão imenso, que transborda. Ele sempre enchia meu copo, meio vazio ou meio cheio, mas nunca deixava faltar. Com ele, me senti o dono do mundo, seja em Mauá, São Paulo ou até Paris. Não importava o lugar, porque com ele eu sabia que estava seguro e em casa.

    Ter um pai como o meu é aprender a levantar após uma queda, a pedir desculpas com humildade, a olhar o outro com carinho, a viver para fazer o bem. Ele foi meu exemplo, em todos os sentidos. Foram tantos anos de amor ao próximo, de trabalho abnegado, que aprendi com ele que um sorriso e a realização de um desejo não têm preço.

    Ter um pai como o meu é saber que errar é humano e pedir desculpas é uma lição de humildade. É sorrir diante dos tropeços da vida, seja fechando a porta do carro no dedo, tropeçando na escada, ou até quebrando os óculos enquanto passeava com os cachorros. Ele sabia rir da vida, mesmo diante das adversidades.

    Não há palavras que possam descrever sua força, sua serenidade em meio ao caos, seu raciocínio sempre rápido, sua habilidade única de curar tanto o corpo quanto a alma. E ele sempre me mostrou que, em momentos de dificuldade, as ações falam mais alto que qualquer palavra.

    Hoje, ao olhar para trás, percebo a imensidão do orgulho que sinto por ter tido um pai como ele. Não há como mensurar o que vivi ao seu lado, o que aprendi com ele, o que ele me ensinou sobre ser um ser humano melhor. Você foi meu tutor quando criança, meu líder na adolescência e meu maior exemplo como adulto. Você foi tudo para mim, e sempre será.

    Agradeço a Deus por ter compartilhado minha vida com você. Foram tantos momentos, tantas lições que, embora as palavras nunca consigam traduzir, ficarão para sempre em meu coração. Agradeço por poder ter dito essas palavras enquanto você ainda estava aqui. Quantas vezes temi que um de nós não chegaria tão longe, e agora, é com a saudade que celebro a sorte de ter tido você ao meu lado.

    Por isso, aproveito para dizer: valorize os pais enquanto os tem, pois o tempo é implacável. Não espere para expressar sua gratidão ou para dizer “eu te amo”. A vida é curta demais para deixar essas palavras para depois. Eu te amo, pai, daqui até o infinito. E mesmo agora, sem você fisicamente, sei que esse amor continuará a me guiar. Te amo do infinito até aqui. Descanse em paz, meu eterno herói.

    @enricopierroofc

  • Ações Policiais no Brasil: Como equilibrar a letalidade, agressões e os novos Decretos?

    Ações Policiais no Brasil: Como equilibrar a letalidade, agressões e os novos Decretos?

    Cada vez mais cresce no Brasil o debate sobre as práticas de segurança pública e o uso da força por parte de autoridades policiais. Dentro deste contexto, as abordagens e ações de repressão têm gerado uma série de questionamentos sobre os limites da atuação, a letalidade das operações e o respeito aos direitos humanos. 

    De acordo com recentes decretos e leis criadas no país, se formou um cenário de maiores autorizações para ações policiais, mas também aumentaram o temor de que as abordagens estejam cada vez mais violentas. Dessa forma, está sendo gerado consequências trágicas tanto para os civis quanto para os agentes de segurança.

    O novo contexto legal: Leis e Decretos recentes

    O Decreto nº 10.030, em 2019, estabeleceu normas para o emprego de armamentos e o uso da força em operações de segurança pública. Assim, a legislação permite que a força letal seja utilizada em situações de risco iminente, tanto para a vida dos agentes quanto para a integridade da população ao redor, como em confrontos com criminosos armados.

    Enquanto a Lei nº 13.964/2019, o “Pacote Anticrime”, ampliou as permissões para que policiais atuem com mais liberdade em abordagens e operações contra indivíduos considerados perigosos. Logo, ao mesmo tempo que essas medidas visam dar maior respaldo jurídico à segurança pública, pode aumentar a letalidade, gerar mais mortes e manter o clima de violência nas ruas.

    A letalidade nas ações policiais

    Dados recentes mostram que muitas ações policiais têm feito números alarmantes de mortes no Brasil. De acordo com o Atlas da Violência 2023, cerca de 6.300 pessoas foram mortas em confrontos com a polícia em 2022, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Esse crescimento reflete o aumento de ações policiais com maior uso de armas de fogo.

    Em 2024, uma Operação Policial no Rio de Janeiro, por exemplo, ficou marcada pela morte de diversos civis, incluindo jovens sem envolvimento direto com o crime, mas que foram atingidos por tiros durante confrontos. De acordo com reportagens da imprensa local, a violência nas favelas do Rio continua a crescer, com uma população aterrorizada sem condições de sair de casa em dias de tiroteio.

    Já em São Paulo, uma abordagem da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) levou à morte de um homem durante uma operação considerada excessiva. Na imprensa houve a repercussão de testemunhas ao afirmarem que o homem estava desarmado e baleado mesmo após tentar se render.

    Outro exemplo recente foi a repercussão do vídeo em que mostra um Policial Militar jogando um homem num rio. O caso aconteceu no alto de uma ponte no bairro Vila Clara, localizado na Zona Sul em São Paulo, no meio da madrugada. 

    Neste Natal, um outro policial militar deu um tiro à queima-roupa em um homem de 24 anos que filmava uma ação policial ocorrida na madrugada desta quarta-feira (25), em Osasco, também em São Paulo.

    Por fim, mais uma ação que gerou grande revolta na população foi quando agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) atiraram contra o carro de uma família, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Uma jovem de 26 anos, que estava dentro do veículo, levou um tiro na cabeça e foi encaminhada ao Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. Ela precisou ser entubada, passou por cirurgia e tem quadro de saúde gravíssimo. 

    A reação da população

    Para muitos, a sensação de insegurança está associada não apenas à criminalidade, mas também ao comportamento das forças de segurança. Organizações como a Conectas Direitos Humanos têm alertado para o que consideram uma escalada de abuso por parte da polícia, apontando casos de tortura e prisões arbitrárias durante abordagens. 

    Outros exemplos de casos recentes na Imprensa

    Em outubro de 2024, uma reportagem do Jornal Nacional expôs um caso em São Paulo, onde moradores denunciaram o uso excessivo da força por policiais militares durante uma operação de combate ao tráfico de drogas. Segundo os relatos, várias pessoas foram detidas sem acusação e algumas sofreram agressões físicas.

    Já em novembro de 2024, no Recife, a polícia foi acusada de executar um jovem, de 22 anos, após um tiroteio. Testemunhas afirmaram que o cidadão estava rendido, mas foi baleado em via pública, o que gerou protestos e uma investigação por parte do Ministério Público.

    O ponto de vista de Especialistas

    Para o Dr. Fernando Grella, professor de direito penal da USP e especialista em segurança pública, é preciso encontrar um equilíbrio. “Deve-se garantir a segurança da população e respeitar os direitos fundamentais dos cidadãos. O uso da força letal deve ser a última medida, e ser precedido de outras alternativas que evitem a morte”, relatou ele.

    Em entrevista à Globo News, a professora Raquel Marques, socióloga e especialista em segurança pública, disse que não se pode permitir que a polícia se torne um poder paralelo. “O uso excessivo da força está criando um ciclo de violência que não resolve o problema da criminalidade, apenas o agrava”, completou ela.

    Dr. João Valença, advogado criminalista na VLV Advogados, comentou sobre o marco legal das abordagens policiais. Ele afirmou que, segundo as leis vigentes, “os policiais devem agir de acordo com os princípios da necessidade e proporcionalidade”. 

    Ainda segundo o advogado, a força letal só pode ser justificada em situações sem outra alternativa para a defesa própria ou de terceiros. “A violência não pode ser banalizada, e é imprescindível que os responsáveis por abusos sejam responsabilizados”, alerta ele.

    Novo Decreto do Governo Federal

    Em resposta a essa pressão da sociedade, o governo federal publicou um novo decreto, na véspera deste Natal, para disciplinar a atuação das polícias no Brasil. O objetivo é padronizar o uso da força em todo o país. 

    De acordo com o Ministério da Justiça, um policial ou agente de segurança só poderá usar a força quando outros recursos de menor intensidade não forem suficientes. Além disso, o nível da operação precisa ser compatível com a ameaça. Assim, as ações precisam usar o bom senso, prudência, diálogo e equilíbrio, assumindo a responsabilidade das consequências graves.

    Com essa norma, a arma de fogo só poderá ser usada pelos policiais como último recurso, como em risco ao profissional de segurança ou a outras pessoas. Ademais, os agentes de segurança pública não podem discriminar nenhum cidadão, independente da raça, cor, gênero, origem social ou orientação sexual.

    Conclusão

    Portanto, o uso da força policial no Brasil continua sendo um tema de grande polêmica. Enquanto existe legislação com liberdade para ações de repressão, outras normas buscam diminuir os altos índices de letalidade da polícia no país. Do mesmo modo, a sociedade exige maior controle e transparência no trabalho da segurança pública, que deve ser feito dentro dos limites da lei, sempre com respeito à vida e à dignidade humana.

    João de Jesus, radialista e assessor de imprensa, além de jornalista, recém graduado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

  • Deportação em massa nos EUA: impactos para o Brasil

    Deportação em massa nos EUA: impactos para o Brasil

    No início de seu segundo mandato, Donald Trump retomou com vigor uma agenda de controle migratório mais rigorosa. A implementação de um plano de deportação em massa nos Estados Unidos tem levantado preocupações não apenas para os imigrantes brasileiros, mas também para o Brasil, que pode enfrentar os impactos diretos dessa medida.

    Os brasileiros que migram para os Estados Unidos têm em sua maioria um objetivo claro: buscar dignidade, trabalho e sustento. Muitos deixam suas famílias e enfrentam desafios como a barreira linguística e o acesso limitado a serviços públicos,  sobretudo de saúde, mas ainda assim contribuem ativamente para as economias de ambos os países. Enviam remessas financeiras que fortalecem as economias locais no Brasil e ocupam postos de trabalho que muitas vezes não são preenchidos por cidadãos americanos.

    De acordo com dados do Itamaraty e de organizações internacionais, estados brasileiros como Minas Gerais, Goiás e Maranhão figuram entre os que mais enviam imigrantes para os Estados Unidos. Esses movimentos migratórios são motivados por fatores como desemprego, baixa remuneração e falta de oportunidades, que levam muitos brasileiros a enxergar o exterior como uma alternativa para melhorar de vida. Segundo levantamento da OIM (Organização Internacional para as Migrações), cerca de 2,5 milhões de brasileiros residem fora do país, sendo os Estados Unidos o principal destino.

    É também importante reconhecer que o direito de proteger suas fronteiras é inalienável para qualquer nação soberana. Os Estados Unidos, ao adotar medidas para garantir sua segurança interna e preservar seu mercado de trabalho, exercem esse direito. No entanto, tais medidas precisam ser implementadas com respeito à dignidade humana e aos tratados internacionais dos quais o país é signatário.

    Nesse cenário, os órgãos internacionais têm um papel fundamental. Entidades como as Nações Unidas e a Organização Internacional para as Migrações podem intervir para garantir que os direitos dos imigrantes sejam respeitados e que os processos de deportação, se efetivamente for implementado, ocorram de forma humanizada. Isso inclui monitorar os locais de detenção, assegurar acesso a assistência jurídica e promover o diálogo entre os países envolvidos.

    Para o Brasil, a possibilidade de receber milhares de deportados exige planejamento e políticas públicas eficazes. Programas de reinserção econômica podem ser fundamentais para garantir que esses cidadãos tenham oportunidades de reconstruir suas vidas. Parcerias com o setor privado e incentivo ao empreendedorismo podem ajudar a criar empregos e fortalecer a economia local. Além disso, é essencial que o governo brasileiro intensifique a diplomacia com os Estados Unidos para defender os interesses de seus cidadãos e buscar soluções conjuntas.

    O plano de deportação em massa nos Estados Unidos nos lembra da complexidade das relações internacionais e da necessidade de um equilíbrio entre direitos soberanos e direitos humanos. É um momento de reflexão sobre como o Brasil pode fortalecer sua política externa e interna para proteger seus cidadãos e criar um futuro de mais oportunidades e dignidade para todos.

    Cientista Político, Murilo Carvalho