Categoria: CENÁRIO AGRO

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  • Fatec Senai lança MBA de Gestão da Suinocultura em parceria com a Acrismat

    Fatec Senai lança MBA de Gestão da Suinocultura em parceria com a Acrismat

    A Faculdade de Tecnologia Senai Mato Grosso (Fatec Senai), em parceria com a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), lança o MBA em Gestão da Produção e Sustentabilidade na Suinocultura, para atender às demandas de inovação, produtividade e sustentabilidade do setor suinícola.

    As inscrições estão abertas até o dia 6 de junho para as 40 vagas ofertadas na primeira turma da especialização, com desconto para profissionais de granjas associadas à Acrismat.

    Com uma carga horária de 360 horas, a pós-graduação Lato Sensu tem a duração de 18 meses. As aulas serão realizadas na sede da Fatec Senai, em Cuiabá, com encontros presenciais mensais e suporte contínuo em plataformas digitais.

    “A cadeia da suinocultura de Mato Grosso possui desafios particulares. Para que ela continue crescendo e desenvolvendo, mais do que nunca, será necessário profissionais preparados. Esta parceria com a Acrismat, marca o início da preparação da nova geração de profissionais da gestão da cadeia suinícola de Mato Grosso”, destaca Valvite Junior, gerente de Projetos Agroindustriais do Senai MT.

    O gerente conta ainda que a parceria foi desenhada para oferecer uma formação estratégica e prática, focada não apenas na eficiência operacional da suinocultura, mas também aos aspectos ambientais e de bem-estar animal.

    O programa se destaca por seu currículo inovador, dividido em três módulos principais: Manejo Integrado e Sustentabilidade no Agronegócio, Tecnologias de Aplicação no Agronegócio e Gestão Estratégica e Eficiência Operacional no Agronegócio.

    Ente os principais conteúdos abordados na capacitação estão: bem-estar animal, biosseguridade, sistemas de produção, efluentes, normativas, genética, fases de criação, abate, qualidade da carne e controle sanitário, comunicação, custos, planejamento estratégico, cadeia produtiva e tecnologias emergentes.

    A pós-graduação tem um papel estratégico na formação de líderes e gestores, afirma a coordenadora de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão da Fatec, Marcia Scabora. “Esta é mais uma especialização alinhada às necessidades da indústria, com o intuito de preparar profissionais que sejam capazes de impulsionar a competitividade da cadeia suinícola de forma sustentável”, complementa.

    As inscrições podem ser feitas pelo WhatsApp (65) 9254-7168.

  • Ovinocultura avança com incentivo fiscal e mira protagonismo em Mato Grosso

    Ovinocultura avança com incentivo fiscal e mira protagonismo em Mato Grosso

    A ovinocultura mato-grossense acaba de conquistar um marco histórico com a aprovação de um incentivo fiscal para operações internas e interestaduais com produtos de origem ovina. A medida foi validada pelo Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento de Mato Grosso (Condeprodemat) durante a 26ª reunião do colegiado e oficializada por meio da Resolução nº 239/2025, publicada no Diário Oficial do Estado em 5 de abril. O avanço abre caminho para a consolidação da atividade como uma nova frente econômica do agronegócio estadual.

    A conquista é fruto de uma articulação liderada pela Ovinomat (Associação Mato-grossense dos Criadores de Ovinos e Caprinos), com apoio estratégico da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso). A mobilização contou com a força-tarefa técnica integrada por profissionais da Famato, do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) e do Senar-MT, que analisaram gargalos da cadeia e propuseram soluções fiscais, sanitárias e estruturais para destravar o setor.

    Segundo o presidente do Sistema Famato, Vilmondes Tomain, a medida é um divisor de águas para pequenos ruminantes em Mato Grosso. “Acreditamos no potencial da ovinocultura como nova fonte de renda no campo e seguiremos apoiando os produtores na profissionalização da atividade”, afirmou.

    Estudo do Imea revela o tamanho do desafio e da oportunidade: menos de duas mil cabeças de ovinos são abatidas anualmente com selo sanitário no Estado, número irrisório diante do potencial de produção e mercado. A pesquisa também indica que a carne ovina pode alcançar preços até três vezes superiores aos da carne bovina no mercado internacional, tornando-se uma opção estratégica para diversificação da renda rural.

    Outro ponto positivo é a possibilidade de adaptação de frigoríficos já existentes, muitos com certificações estaduais e federais, para o abate de ovinos, favorecendo uma rápida integração da indústria à cadeia produtiva. A análise consta em um relatório final construído com a participação da Famato, Ovinomat, Fórum Agro e Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), que confirma a viabilidade técnica e econômica da ovinocultura em Mato Grosso.

    Com base agropecuária consolidada, estrutura logística robusta e abundância de alimentos e insumos, o Estado reúne as condições ideais para o crescimento sustentável da atividade. “O Sistema Famato atua estrategicamente: o Imea gera inteligência de mercado, o Senar capacita os produtores, e a Famato articula o setor politicamente”, destacou o superintendente Cleiton Gauer.

    O Governo do Estado, por meio da Sedec, também tem dado suporte na formulação de políticas públicas voltadas ao fortalecimento do setor. A Ovinomat, por sua vez, se consolida como representante ativa dos produtores e peça fundamental na mobilização dos esforços para o avanço da cadeia.

    Com a união entre produtores, indústria, entidades do agro e governo, a expectativa é de que Mato Grosso assuma papel de destaque nacional na criação e comercialização de ovinos, impulsionando uma nova fronteira de desenvolvimento rural e agroindustrial.

  • Produtores reforçam compromisso com a logística reversa e a sustentabilidade em Mato Grosso

    Produtores reforçam compromisso com a logística reversa e a sustentabilidade em Mato Grosso

    Em Mato Grosso, os produtores rurais têm reforçado o compromisso com a sustentabilidade ao adotar práticas de logística reversa para o descarte de embalagens de defensivos agrícolas. Atenta a essa responsabilidade ambiental, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) é associada ao Sistema Campo Limpo (SCL), um programa brasileiro de logística reversa de embalagens vazias desenvolvido pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV).

    No Brasil, 100% das embalagens de defensivos agrícolas são devolvidas após o uso, e 95% delas são recicladas, transformando-se em novos produtos como tubos para esgoto, conduítes, tampas, dutos elétricos, entre outros. Esse modelo de logística reversa é referência mundial em sustentabilidade no campo e responsabilidade ambiental.

    O produtor rural Leandro Bortoluzzi, do município de Campos de Júlio, destaca que segue rigorosamente todas as etapas do processo, garantindo o reaproveitamento dos materiais e a prevenção de impactos ambientais, uma vez que Mato Grosso é um dos maiores produtores de grãos do país.

    “Aqui na propriedade, nós separamos as embalagens por tipo e tamanho, sendo eles papelão, sacos plásticos e embalagens rígidas de plástico, sempre de acordo com os litros. Cada categoria tem sua alocação correta, o que facilita a contagem e o envio ao ponto de recebimento”, afirma.

    Vale ainda destacar que a Lei Federal nº 9.974/2000 regulamenta a devolução e destinação final adequada das embalagens, promovendo responsabilidade compartilhada entre produtores, comerciantes e fabricantes. E desde 2002, o Sistema Campo Limpo já deu a destinação correta a mais de 750 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas.

    Para o vice-presidente da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier essa ação é mais um exemplo de que os produtores brasileiros são exemplos em sustentabilidade. “A logística reversa de embalagens é exemplo brasileiro para o mundo. Nós temos, por exemplo, os nossos principais concorrentes, que são os americanos, que não fazem nenhum tipo de logística reversa. Muitas vezes só queimam as embalagens. E o Brasil, mais uma vez, sendo exemplo em sustentabilidade, em cuidado com o meio ambiente e fazendo com que essas embalagens voltem de maneira sustentável para outros fins, criando novos produtos e aproveitando todo o material que é gasto com elas para construir esses recipientes”, acrescenta.

    Outro exemplo de boas práticas vem do produtor Stéfano Passinato, que também atua em Campos de Júlio. Para ele, a logística reversa se inicia no momento em que o os vasilhames são esvaziados para utilização na lavoura até a entrega das embalagens vazias nos locais autorizados.

    “O processo que ocorre aqui na fazenda começa com a utilização dos produtos na lavoura e, no momento em que os vasilhames são esvaziados, nós realizamos a tríplice lavagem. Logo após, a embalagem é inutilizada, ou seja, é realizada uma perfuração, normalmente no fundo do galão, para evitar qualquer reuso indevido. Em seguida, nós guardamos em um depósito para ser encaminhado ao local adequado”, explica Stéfano Passinato.

    Ambos os produtores destacam a importância ambiental da logística reversa, sobretudo no combate ao descarte inadequado dos resíduos. “O procedimento é de grande importância e procuramos fazer nossa parte para garantir a sanidade do meio ambiente, da própria fazendo e da destinação que precisa acontecer”, explicou.

    A adoção de boas práticas e o respeito ao meio ambiente refletem o compromisso da Aprosoja Mato Grosso e dos produtores do setor com a sustentabilidade, preservando os recursos naturais e garantindo a produção responsável de alimentos.

  • Queda no preço do boi gordo começa a impactar segmento de reposição, aponta Cepea

    Queda no preço do boi gordo começa a impactar segmento de reposição, aponta Cepea

    Os preços do boi gordo seguem em queda há cerca de duas semanas na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A pressão negativa atinge tanto machos quanto fêmeas destinados ao abate e já começa a afetar, ainda que de forma discreta, a liquidez no mercado de reposição.

    No estado de São Paulo, os valores pagos nesta semana variam entre R$ 310 e R$ 335 por arroba, com os preços mais altos sendo praticados apenas para lotes que atendem aos padrões mais exigentes dos frigoríficos. A retração nos preços reflete uma maior seletividade por parte dos compradores, em um momento de ajuste nas escalas de abate.

    Essa tendência também começou a influenciar o mercado de reposição, com sinais de perda de fôlego nos preços e na liquidez. Ainda assim, o ritmo das negociações permanece bom, com elevado percentual de arremate nos leilões realizados recentemente. Para os pesquisadores do Cepea, esse cenário indica otimismo dos recriadores com a pecuária no curto e médio prazos, mesmo diante da instabilidade nas cotações do boi gordo.

  • Mercado do suíno segue estável mesmo com proximidade do Dia das Mães

    Mercado do suíno segue estável mesmo com proximidade do Dia das Mães

    O mercado de suínos no Brasil tem registrado apenas pequenas oscilações nos preços do animal vivo e da carne, reflexo de um cenário de equilíbrio entre oferta e demanda, segundo análise do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

    De acordo com pesquisadores do centro, esse comportamento relativamente estável contraria as expectativas do setor para o início de maio. Mesmo com o pagamento dos salários e a aproximação do Dia das Mães — tradicionalmente um período de aquecimento no consumo —, as vendas seguem em ritmo considerado normal, sem movimentos expressivos que puxem os preços para cima.

    Entre os cortes mais procurados para a data comemorativa, como costela, lombo e pernil, as variações de preços também foram discretas. A ausência de um impulso mais forte no consumo tem mantido o mercado em compasso de espera, ainda que produtores e frigoríficos sigam atentos a possíveis reações da demanda nos próximos dias.

    Com um cenário de oferta ajustada, os preços tendem a se manter dentro de uma faixa de estabilidade, salvo alterações bruscas no comportamento do consumidor ou movimentações pontuais no mercado externo.

  • Com baixa liquidez, preço do arroz recua levemente e segue estável no início de maio

    Com baixa liquidez, preço do arroz recua levemente e segue estável no início de maio

    O mercado do arroz em casca manteve relativa estabilidade ao longo de abril, operando na média de R$ 76,00 por saca de 50 kg, conforme levantamento do Cepea. A exceção foi o último dia do mês, quando o produto encerrou cotado na casa dos R$ 75,00, valor que continua sendo registrado neste início de maio.

    Segundo pesquisadores do Cepea, o mercado segue marcado por uma “queda de braço” entre compradores e vendedores. De um lado, indústrias e beneficiadoras com maior urgência para repor estoques se veem obrigadas a elevar suas ofertas para garantir negócios. De outro, produtores resistem à venda, aceitando negociar apenas em situações de necessidade, como quando precisam fazer caixa ou liberar espaço nos armazéns para receber os lotes finais da colheita.

    Esse impasse tem resultado em baixa liquidez, com negociações pontuais e ritmo mais lento. A colheita avança no campo, especialmente no Rio Grande do Sul, principal estado produtor, onde já foram colhidos 91,51% da área total cultivada, conforme os dados mais recentes do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), divulgados no último dia 2.

    A expectativa é que, com o avanço da colheita e eventual pressão por comercialização, o mercado possa ganhar novo fôlego nas próximas semanas — desde que compradores ajustem suas estratégias e os preços se mantenham atrativos para ambas as partes.

  • Alta nos preços do algodão se intensifica com oferta limitada e forte demanda internacional

    Alta nos preços do algodão se intensifica com oferta limitada e forte demanda internacional

    Os preços do algodão em pluma continuam em trajetória de alta no Brasil, impulsionados por uma combinação de fatores que envolvem desde a firmeza dos vendedores até o bom desempenho das exportações. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) revelam que o mercado nacional da fibra encerrou abril com valorização de 4,04% no Indicador CEPEA/ESALQ (pagamento em 8 dias), alcançando o terceiro mês consecutivo de aumento nos preços.

    A elevação observada é a mais significativa desde fevereiro deste ano, quando a pluma registrou alta de 9,46%. Segundo os pesquisadores do Cepea, o cenário atual é sustentado pela postura firme dos vendedores, que não têm demonstrado pressa em negociar seus estoques, pela oferta limitada da temporada 2023/24 e pelo ritmo acelerado de escoamento da produção para o mercado externo.

    Com isso, os preços internos do algodão vêm operando acima da paridade de exportação — condição que costuma sinalizar maior atratividade para vendas no mercado interno. Essa diferença entre os valores praticados no Brasil e no exterior tem se ampliado nos primeiros dias de maio, refletindo uma conjuntura de demanda aquecida e disponibilidade ajustada da fibra.

    A expectativa do setor é que, enquanto persistirem essas condições, o mercado continue pressionado para cima, especialmente diante da relevância das exportações brasileiras de algodão e do papel do Brasil como um dos principais fornecedores globais da commodity.

  • Indicador do café robusta cai com força em abril

    Indicador do café robusta cai com força em abril

    Depois de atingir patamar recorde real no primeiro trimestre, o Indicador CEPEA/ESALQ do café robusta tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo recuou com certa força em abril. Considerando-se a média mensal, a baixa foi de 15,5% (ou de 310,70 Reais/saca) em relação a março, passando para R$ 1.692,32/saca de 60 kg.

    Pesquisadores do Cepea indicam que, apesar da oferta ainda limitada, a retração pode estar atrelada à proximidade da colheita da nova safra no estado capixaba e também em Rondônia. Além disso, em abril, o mercado também foi influenciado por fortes oscilações externas, que, por sua vez, decorreram de fatores como a imposição de tarifas pelos Estados Unidos e condições do clima nas principais regiões produtoras do Brasil.

    No Espírito Santo, ainda que de forma pontual, a colheita do robusta já foi iniciada e deve ganhar ritmo nos próximos dias. Até o final de abril, levantamento do Cepea mostra que cerca de 5% da produção esperada no estado capixaba havia sido colhida.

    Chuvas registradas no fim de abril ajudaram a melhorar as condições das lavouras mais tardias e podem favorecer o desenvolvimento final desses talhões.

  • Embalagem inteligente muda de cor para avisar que o peixe estragou

    Embalagem inteligente muda de cor para avisar que o peixe estragou

    Uma nova tecnologia desenvolvida por cientistas brasileiros promete revolucionar a forma como identificamos alimentos impróprios para consumo: uma embalagem que muda de cor conforme o alimento se deteriora. O sistema, que utiliza pigmentos naturais extraídos do repolho roxo, foi criado por pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP), em parceria com a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e a Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos (UIC).

    A inovação da ciência brasileira foi empregar atécnica de fiação por sopro em solução para produzir mantas de nanofibras inteligentes usando pigmentos vegetais naturais. As mantas, utilizadas como embalagens, são capazes de monitorar a qualidade de alimentos em tempo real pela alteração da cor. A alteração da embalagem édesencadeada pela interação química entre os compostos liberados durante a deterioração e o material da embalagem.Em testes em laboratórios, a mantaapresentou ótimos resultados, mudou de roxo para azuldurante omonitoramento do frescor do filé de merluza.

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    Foto: Matheus Falanga

    A cor roxa indicou que o alimento estava apropriado ao consumo. Mas, depois de 24 horas, a cor tornou-se menos intensa e, após 48 horas, surgiram tons azul-acinzentados. Passadas 72 horas, a coloração azul sinalizou a deterioração do filé de peixe armazenado, sem a necessidade de abrir a embalagem.

    Para os pesquisadores da Embrapa, os resultados mostram que mantas compostas de nanofibras se comportam como materiais inteligentes, exibindo mudanças visíveis na cor durante o processo de deterioração de filés de peixe. Porém, embora essa característica aponte uso potencial das mantas no monitoramento do frescor de peixes e frutos do mar, os cientistas dizem que há necessidade de ampliar os estudos para validar sua aplicação em diferentes espécies.

    SBS é alternativa à técnica convencional

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    Foto: Matheus Falanga

    A técnica de fiação por sopro em solução (SBS, do inglês Solution Blow Spinning), desenvolvida em 2009 por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), da Embrapa Instrumentação, em parceria com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), é capaz de produzir micro e nanoestruturas poliméricas, e apresenta diversas vantagens. Entre elas, a rapidez no desenvolvimento das nanofibras, que leva apenas duas horas.

    A técnica ainda apresenta escalabilidade, versatilidade, fácil manejo, além de ser de baixo custo e utilizar forças aerodinâmicas para a produção das nanofibras, o que reduz muito o consumo de energia. A técnica foi descrita pelos autores em artigo no Journal of Applied Polymer Science.

    As nanofibrassão estruturas em escala nanométrica que podem formar não tecidos. Um nanômetro é equivalente a um bilionésimo de um metro. “Os estudos anteriores sobre nanofibras inteligentes contendo antocianinas extraídas de alimentos haviam sido conduzidos exclusivamente usando a técnica de eletrofiação”, conta Josemar Gonçalves de Oliveira Filho, que desenvolveu o processo em seu pós-doutorado.A eletrofiação, tradicionalmente utilizada com nanofibras, apresenta várias limitações, como baixa escalabilidade, altos custos, baixo rendimento, necessidade de 24 horas para produção e uso de altas voltagens.

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    Foto: Matheus Falanga

    Manta é reforçada com pigmentos naturais

    O estudo de Oliveira Filho foi supervisionado pelo pesquisador da Embrapa Luiz Henrique Capparelli Mattoso, no Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA). Parte da pesquisa foi realizada no Departamento de Engenharia Mecânica e Industrial da Universidade de Illinois, em Chicago (EUA).

    No estudo, os pesquisadores utilizaram antocianinas e o polímero biocompatível e biodegradável, conhecido como policaprolactona. As antocianinas são pigmentos naturais encontrados em algumas plantas, frutas, flores e vegetais, que exibem uma ampla gama de cores como vermelho, rosa, azul, roxo, cinza, verde e amarelo.

    Elas mudam de cor conforme o pH (grau de acidez ou alcalinidade) do meio em que se encontram. Na pesquisa, as antocianinas foram extraídas de resíduos de repolho roxo. Como o repolho roxo é rico em antocianinas, pode ser utilizado como indicador de pH. O estudo testou mais de dez pigmentos, a maioria de vegetais. “As nanofibras demonstraram capacidade de monitorar a deterioração de filés de peixe em tempo real, revelando potencial como materiais de embalagem inteligentes para alimentos”, avalia Oliveira Filho.

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    Pós-doutorando apresenta a embalagem inteligente (Foto: Matheus Falanga)

    O pós-doutorando esclarece que, embora, as pesquisas sobre o uso de antocianinas de resíduos alimentares na produção de outros materiais inteligentes estejam documentadas na literatura, as informações são escassas sobre a aplicação desses extratos na produção de nanofibras inteligentes.

    Já Mattoso explica que a policaprolactona, polímero biodegradável usado na embalagem, possui boa flexibilidade e resistência mecânica, o que é vantajoso para a proteção de alimentos. Além disso, tem potencial para uso em uma ampla gama de solventes e baixa temperatura de fusão, o que facilita o processamento com menor consumo de energia.

    “Por isso, é considerada uma alternativa para o desenvolvimento de nanofibras para diversas aplicações. Quando combinadas com antocianinas, as nanofibras apresentam uma capacidade notável de monitorar mudanças de pH, detectar a produção de amônia e aminas voláteis, além de identificar o crescimento de bactérias. Esses indicadores são essenciais para sinalizar a deterioração em produtos como peixe e frutos do mar”, detalha o especialista em nanotecnologia.

    Uso de resíduos ajuda a reduzir perdas de alimentos

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    Foto: Matheus Falanga

    Oliveira Filho diz que a produção da manta de nanofibras e inicia com uma solução polimérica, obtida pela mistura e agitação da policaprolactona, extrato de repolho e do ácido acético. Em seguida, essa solução é introduzida no equipamento de SBS, que é composto por uma fonte de gás comprimido, um regulador de pressão para controlar o fluxo de gás, uma bomba de injeção que direciona a solução para a matriz de fiação com bico, e um coletor com velocidade de rotação ajustável, onde as nanofibras são depositadas para formar a manta. O processo final resulta em fibras em escala nanométrica, similares a fibras de algodão.

    Mattoso lembra que usar resíduos do setor varejista para extrair antocianinas e aplicá-las como indicadores colorimétricos pode agregar valor a esses alimentos descartados, ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental negativo do descarte.Além disso, pode trazer segurança aos alimentos armazenados ao detectar rapidamente a sua deterioração.

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    Foto: Matheus Falanga

    Os dados da pesquisa foram publicados no artigo “Fast and sustainable production of smart nanofiber mats by solution blow spinning for food quality monitoring: Potential of polycaprolactone and agri-food residue-derived anthocyanins” na revista Food Chemistry.

    A pesquisa foi apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do INCT Circularidade em Materiais Poliméricos, liderado pela Embrapa Instrumentação.

  • Ferrogrão ganha destaque em reunião sobre futuro logístico do Brasil

    Ferrogrão ganha destaque em reunião sobre futuro logístico do Brasil

    A Ferrogrão, ferrovia estratégica que promete transformar o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste brasileiro, foi tema central de uma reunião realizada nesta terça-feira (6) entre representantes da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Ministério dos Transportes. O encontro ocorreu em Brasília, na sede do Sistema Transporte, e reforçou a urgência de se viabilizar projetos estruturantes capazes de garantir uma logística mais eficiente, integrada e sustentável no país.

    Com 933 quilômetros de extensão planejados, a Ferrogrão pretende ligar Sinop (MT), um dos principais polos produtores de grãos do Brasil, ao porto de Miritituba, no Pará, às margens do rio Tapajós. O objetivo é reduzir a atual dependência da malha rodoviária e desafogar os portos do Sudeste, consolidando um corredor logístico de alta capacidade pelo Norte do país.

    Durante o encontro, o diretor de Relações Institucionais da CNT, Valter Souza, defendeu a importância de a Ferrogrão ser tratada como um projeto de Estado, capaz de responder ao crescimento contínuo da produção agrícola da região. “O escoamento da safra precisa ser garantido de forma estruturada, considerando impactos econômicos, sociais e ambientais. A Ferrogrão representa uma resposta moderna e sustentável a essa demanda”, afirmou.

    A gerente executiva governamental da CNT, Danielle Bernardes, também reforçou a importância da integração modal e do planejamento de longo prazo. “A multimodalidade é fundamental para superar gargalos logísticos e ampliar a competitividade do país. Projetos como a Ferrogrão precisam de articulação e diálogo entre todos os atores envolvidos”, destacou.

    Pelo Ministério dos Transportes, participaram da reunião o subsecretário de Sustentabilidade, Cloves Benevides; a chefe substituta de Assessoria de Participação Social e Diversidade, Fani Mamede; e o coordenador-geral de Projetos Especiais e Mudança do Clima, George Yun. Além da Ferrogrão, também foi debatido o andamento da reconstrução da BR-319, rodovia que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

    No entanto, foi a proposta da ferrovia que concentrou as atenções como alternativa logística de menor impacto ambiental e maior eficiência operacional. A Ferrogrão representa não apenas um alívio para o trânsito de caminhões nas estradas, mas uma oportunidade concreta de ampliar a presença brasileira no mercado internacional com ganhos em sustentabilidade, custo e agilidade.